Justiça belga mantém presa eurodeputada grega Kaili, acusada de corrupção
Vice-presidente do Parlamento Europeu tem sido acusada em investigação sobre pertencimento a organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção
A justiça belga decidiu, nesta quinta-feira (22), manter em prisão preventiva a eurodeputada grega Eva Kaili, de 44 anos, acusada este mês em uma investigação sobre corrupção que implica o Catar e que lhe custou o cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu.
Treze dias depois de sua detenção, a eurodeputada se apresentou nesta quinta em uma audiência a portas fechadas na Câmara do Conselho de Bruxelas, jurisdição encarregada de controlar a prisão preventiva.
A legisladora reiterou sua inocência e pediu para sair da prisão com um bracelete eletrônico. Mas a justiça indeferiu sua petição e determinou a prorrogação da prisão preventiva por um mês, informou o Ministério Público belga em nota.
Os advogados de Eva decidiram não recorrer da decisão, informou um deles, André Risopoulos, à AFP. Ela nega qualquer envolvimento no caso de corrupção, reafirmaram hoje seus advogados, que esperavam que Eva fosse posta em regime de liberdade provisória com bracelete eletrônico, argumentando que sua cliente coopera de forma ativa na investigação.
Kaili nega qualquer envolvimento no caso de corrupção, reafirmaram nesta quinta seus advogados, que esperavam que ela fosse posta em regime de liberdade provisória com bracelete eletrônico, e argumentaram para isso que sua cliente está cooperando "de forma ativa" na investigação.
A eurodeputada social-democrata está entre as quatro pessoas presas por suspeita de "pertencimento a uma organização criminosa", "lavagem de dinheiro" e "corrupção".
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Em 14 de dezembro, a Câmara do Conselho ordenou a prisão do italiano Francesco Giorgi, companheiro de Eva Kaili, e do também italiano e ex-eurodeputado Pier Antonio Panzeri, outras figuras-chave da trama.
O regime de liberdade provisória com bracelete eletrônico do quarto acusado, Niccolo Figa-Talamanca, foi suspenso após recurso interposto pela Promotoria federal belga.
Eva Kaili, ex-apresentadora de televisão e integrante do partido socialista grego Pasok-Kinal que a expulsou assim que surgiram os primeiros detalhes do caso nega ter recebido dinheiro do Catar para promover os interesses do emirado na União Europeia.
Em nível diplomático, o escândalo provocou tensões entre a UE e o Catar, que tem ameaçado com um possível "impacto negativo" em suas cobiçadas remessas de gás natural, e "rechaçou firmemente" as acusações de corrupção contra o país.
Segundo uma fonte judicial belga, bolsas cheias de dinheiro no valor de 150 mil euros (US$ 160 mil) foram encontradas no apartamento de Kaili em Bruxelas.
A eurodeputada "não sabia da existência desse dinheiro", garantiu seu advogado grego Michalis Dimitrakopoulos, que acusou Giorgi de ter "traído a confiança" de sua companheira.
Na Grécia, uma conta conjunta do casal foi congelada pela justiça e foi interditado um terreno de 7 mil m² na ilha de Paros, comprado com dinheiro desta conta, informou uma fonte judicial.
1,5 milhão em dinheiro vivo
O caso conduzido pelo juiz belga Michel Claise resultou até agora em 20 operações de busca na Bélgica, entre 9 e 12 de dezembro, incluindo os escritórios do Parlamento Europeu em Bruxelas.
O pai de Eva Kaili foi detido por 48 horas na capital belga, enquanto a esposa e a filha de Panzeri, alvo de um mandado de prisão europeu, foram detidas na Itália. Nos tribunais italianos, ambas buscam evitar serem entregues às autoridades belgas.
Durante essas buscas, os investigadores belgas encontraram 1,5 milhão de euros em dinheiro vivo (US$ 1,6 milhão), segundo fontes judiciais.
Além dos 150 mil encontrados na casa de Eva Kaili, seu pai foi surpreendido com uma mala com 750 mil euros em dinheiro vivo.
Por fim, foram encontrados 600 mil euros na casa de Panzeri, ex-deputado socialista do Parlamento Europeu que fundou a Fight Impunity em Bruxelas em 2019. Agora, os três anos de atividade dessa ONG estão sob escrutínio.
O líder sindical italiano Luca Visentini, que conhece Panzeri, admitiu nesta semana ter recebido uma doação em dinheiro de cerca de 50 mil euros da Fight Impunity, mas garantiu que não está ligada a nenhuma tentativa de corrupção, ou de tráfico de influência em benefício do Catar.
Secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), Visentini foi preso em 9 de dezembro e passou 48 horas detido. Na quarta-feira, foi "suspenso" das funções pelo órgão de gestão do sindicato.