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DECISÃO

Justiça britânica mantém Julian Assange na prisão

Fundador do WikiLeaks terá que permanecer na prisão à espera do recurso que os representantes dos EUA apresentarão contra a decisão de não extraditá-lo

Assange foi acusado de conspirar para cometer intrusão de computador com o objetivo de ajudar Chelsea Manning a ganhar acesso de informações privilegiadas as quais ele pretendia publicar no WikileaksAssange foi acusado de conspirar para cometer intrusão de computador com o objetivo de ajudar Chelsea Manning a ganhar acesso de informações privilegiadas as quais ele pretendia publicar no Wikileaks - Foto: Niklas Halle'n/AFP

A justiça britânica rejeitou nesta quarta-feira (6) a libertação sob fiança de Julian Assange, à espera do recurso que os representantes dos Estados Unidos apresentarão contra a decisão de não extraditá-lo.

Dois dias depois de sua primeira vitória judicial, quando alegando o risco de suicídio caso o australiano fosse enviado ao sistema penitenciário americano uma juíza londrina rejeitou a extradição, Assange viu frustrada sua ambição de recuperar a liberdade após mais de oito anos.

"Estou convencida de que há razões para acreditar que se o senhor Assange for colocado em liberdade hoje, ele não se apresentará ao tribunal para enfrentar os procedimentos de apelação", afirmou a juíza Vanessa Baraitser.

Como argumento contra a libertação sob fiança, a Promotoria havia destacado que o australiano, 49 anos, tem "recursos" para fugir e destacou a oferta de asilo político feita na segunda-feira pelo México.

O advogado de defesa, Edward Fitzgerald, afirmou que as palavras do presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não foram interpretadas corretamente. A oferta de asilo seria aplicada apenas ao final de todo o processo e ele não abriu as portas de sua embaixada em Londres.

Em 2012, Assange se refugiou na embaixada do Equador na capital britânica em violação à liberdade sob fiança imposta pela justiça britânica enquanto aguardava a análise do pedido de extradição da Suécia, que o solicitava por suspeitas de estupro, acusações que foram arquivadas desde então.

Assange passou sete anos como refugiado na embaixada equatoriana, até sua detenção pela polícia britânica em abril de 2019, quando o presidente Lenín Moreno retirou o apoio que havia sido concedido pelo antecessor Rafael Correa.

Desde então, o australiano está preso na penitenciária de segurança máxima londrina de Belmarsh.

A justiça dos Estados Unidos deseja julgar o ativista por espionagem após a publicação de quase 700.000 documentos militares e diplomáticos secretos. Um representante do país notificou o tribunal sobre a intenção de apelar contra a decisão britânica de não extraditá-lo.

E até que isto aconteça, Assange permanecerá na prisão.

Fitzgerald afirmou que a nova situação de Assange, que durante a reclusão na embaixada equatoriana teve dois filhos com a advogada sul-africana Stella Morris, o deixa mais enraizado à comunidade. 

O advogado disse que ele tem todos os motivos para respeitar as condições de uma nova liberdade sob fiança e permanecer na Inglaterra.

Fitzgerald também argumentou que o cliente corre maior risco de contrair covid-19 na prisão que em casa com a família.

E garantiu que entre os muitos e influentes seguidores do fundador do WikiLeaks, que o consideram um paladino da liberdade de informação, há pessoas que estão dispostas a pagar uma fiança de grande valor.

Mas os argumentos não foram suficientes para convencer a magistrada.

Assange e o WikiLeaks se tornaram famosos em 2010 com a publicação de centenas de milhares de documentos militares e diplomáticos confidenciais que deixaram Washington em uma situação difícil.

Entre os documentos, estava um vídeo que mostrava helicópteros de combate americanos atirando contra civis no Iraque em 2007. O ataque matou várias pessoas em Bagdá, incluindo dois jornalistas da agência de notícias Reuters.

Washington afirma que ele não é um jornalista e sim um hacker, que colocou em perigo as vidas de seus informantes com a publicação dos documentos secretos sobre as ações militares americanas no Iraque e no Afeganistão, que revelaram atos de tortura, mortes de civis e outros abusos.

Para o comitê de apoio ao australiano, porém, estas são "acusações com motivação política" e o australiano, que poderia ser condenado a 175 anos de prisão se a justiça americana o considerar culpado de espionagem, não teria um julgamento justo nos Estados Unidos.

A juíza já havia rejeitado os argumentos na segunda-feira, aceitando apenas a alegação de sua frágil saúde mental.

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