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Justiça considera constitucional candidatura do favorito para eleições de domingo no Panamá

Mulino substituiu Martinelli, inabilitado após ter sido confirmada contra ele uma pena de quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro

Vista aérea de um anúncio eleitoral do candidato presidencial Jose Raul Mulino na Cidade do Panamá.Vista aérea de um anúncio eleitoral do candidato presidencial Jose Raul Mulino na Cidade do Panamá. - Foto: Ivan Pisarenko / AFP

A Suprema Corte de Justiça do Panamá declarou, nesta sexta-feira (3), constitucional a candidatura presidencial do direitista José Raúl Mulino, substituto do ex-presidente inabilitado Ricardo Martinelli e favorito para vencer as eleições de domingo.

Após três dias de sessões a portas fechadas e somente a dois dias da votação, os magistrados da Corte anunciaram à imprensa nas primeiras horas de sexta que "não é inconstitucional" a decisão do Tribunal Eleitoral que aceitou a candidatura de Mulino.
 

Advogado de 64 anos, Mulino substituiu Martinelli, inabilitado após ter sido confirmada contra ele uma pena de quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro, e que pediu asilo na embaixada da Nicarágua.

Uma advogada particular apresentou uma ação de inconstitucionalidade contra sua candidatura, argumentando que ele não passou por eleições primárias nem tem candidato a vice-presidente, como pede a legislação.

A decisão da Corte manteve o país em suspense na reta final das eleições para as quais 3 milhões dos 4,4 milhões de panamenhos são chamados a escolher um presidente, em turno único e por maioria simples, além de 71 deputados e governadores.

María Eugenia López, presidente da Suprema Corte de Justiça do Panamá, argumentou que a resolução busca proteger a "democracia" e a "vontade soberana do povo panamenho".

"Estou feliz porque a verdade, a lei e a Justiça sempre prevalecem no final", reagiu Martinelli no X, ao destacar que "a decisão acertada" da Corte "respeitará a democracia no Panamá".

'Pacto de impunidade' 

Mulino, ex-ministro da Segurança de Martinelli (2009-2014) e candidato do partido Realizando Metas (RM), tem 37,6% das intenções de voto, segundo a última pesquisa da empresa Mercadeo Planificado para o jornal La Prensa, publicada quinta-feira.

Ele é seguido pelo ex-presidente socialdemocrata Martín Torrijos (2004-2009), com 16,4%, e pelos advogados de centro-direita Rómulo Roux, com 14,9%, e Ricardo Lombana, com 12,7%.

Torrijos, Roux e Lombana convocaram os panamenhos a votarem contra o "pacto de impunidade", como classificaram a decisão da Corte.

Mulino evitou dizer o que fará com o ex-governante, mas teria o poder de emitir salvo-conduto para que deixasse a legação nicaraguense.

Segundo pesquisa da empresa Doxa, 65% dos panamenhos acreditam que se o favorito vencer, o ex-presidente governará o país dos bastidores.

O cantor e ex-ministro do Turismo panamenho Rubén Blades convocou seus compatriotas a não votarem em alguém que ele descreveu como o "testa-de-ferro de alguém declarado corrupto".

"A situação eleitoral é clara", mas "a política está confusa", segundo o sociólogo Daniel Toro. "Em um país sério", não se deve ferir a credibilidade da justiça e das autoridades eleitorais, disse à AFP.

'Mulino é Martinelli' 

O advogado herdou o apoio do popular Martinelli, cujos partidários destacam uma bonança na economia durante seu governo, impulsionada pela ampliação do canal do Panamá e a construção do primeiro metrô da América Central.

"As pessoas estão realmente dando 100% de apoio a Mulino porque Martinelli tomou a decisão de colocá-lo" como candidato, disse esta semana à AFP Rigoberto Acevedo, um estudante de direito de 27 anos, que acredita que o ex-governante sofre "perseguições".

Apesar de asilado, Martinelli fez campanha por Mulino, o que levou o governo panamenho a protestar contra a Nicarágua. No último domingo, participou por vídeo do encerramento da campanha.

"Martinelli é Mulino e Mulino é Martinelli", é o lema da campanha do partido RM, que vai às eleições em coligação com a minoria Alianza.

O direitista esteve em prisão preventiva entre 2015 e 2016 por corrupção, mas foi libertado devido a erros processuais. Ele garante que nesse período foi um "preso político".

Foi ministro da Justiça e chanceler durante o primeiro governo panamenho após a queda do ex-ditador Manuel Antonio Noriega em 1989.

O próximo presidente deverá enfrentar desafios de um país atingido pela corrupção, pela crise migratória da floresta de Darién, o alto custo de vida, a deterioração dos serviços básicos e a seca que afeta o canal do Panamá devido à mudança climática.

As seções eleitorais vão abrir às 07h locais (09h de Brasília) e fechar às 16h (18h de Brasília).

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