Justiça decide se acusados de degolar idosa e diarista no Flamengo irão a juri popular
Jhonatan Correia Damasceno e Willian Oliveira Fonseca, réus no caso, exerceram o direito de ficar em silêncio e não se pronunciaram sobre as acusações durante a Audiência de Instrução
Réus pelo assassinato brutal de uma idosa e sua diarista em um condomínio de luxo no Flamengo em junho, Jhonatan Correia Damasceno e William Oliveira Fonseca se recusaram a falar na audiência de instrução, nesta terça-feira (6), na 27ª Vara Criminal.
Acusados de degolarem e queimarem os corpos de Martha Maria Lopes Pontes e Alice Fernandes da Silva para roubar a idosa, Jhonatan e William optaram por exercer o direito ao silêncio. A Justiça decide se os acusados irão para júri popular.
Na sessão da 27ª Vara Criminal da Capital, o juiz Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau ouviu 11 testemunhas requeridas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), dentre elas, o irmão da Martha e dois filhos de Alice. Também prestaram depoimento testemunhas, pela defesa de Jhonatan.
Ao fim da audiência, o juiz acolheu o requerimento do MPRJ e dos defensores, atuando pelos réus, para que apresentassem as alegações finais por escrito. Após a conclusão desta etapa, o magistrado irá decidir se os acusados serão submetidos a júri popular.
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Caso a justiça entenda que os acusados devem ir a juri popular, os jurados serão sorteados e formarão o conselho de sentença para decidir o futuro dos réus. O júri popular é composto por cidadãos comuns, e não juízes. No Brasil, ele é usado no julgamento de crimes dolosos — quando há intenção — contra a vida.
Relembre o caso:
Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e Alice Fernandes da Silva, de 51, foram encontradas carbonizadas e degoladas em um apartamento de luxo no Flamengo, na Zona Sul do Rio, no dia 9 de junho.
Parentes de Alice contaram que ela trabalhava como diarista para Martha Maria, visitando o apartamento três vezes por semana. A diarista prestava serviços para a idosa há mais de 20 anos. Martha Maria deixou duas filhas e três netos.
Câmeras de segurança do prédio flagraram dois homens entrando no edifício por volta das 13h. Eles seriam pintores que, recentemente, teriam feito um trabalho para a idosa, o que gerou um desentendimento posterior relativo a pagamento.
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O Corpo de Bombeiros informou que o primeiro chamado ocorreu às 16h55, relatando o incêndio no 12º andar do Edifício Murca. Homens dos quartéis do Catete e do Humaitá dirigiram-se ao local, onde acabaram encontrando as duas mulheres mortas.
Alice Fernandes foi encontrada na cozinha do apartamento, próximo de uma das portas de entrada do imóvel e de um dos corredores da residência. Ela também foi degolada e parte da sua camisa estava rasgada.
Em 10 de junho, um dia depois do crime, um homem foi preso em Acari, na Zona Norte do Rio, por ligação com a morte das duas mulheres. Era Jhonatan Correia Damasceno, de 32 anos, que confessou participação nos assassinatos, mas afirmou que a ideia de matar as vítimas partiu do comparsa, identificado como Willian Oliveira Fonseca, que também teve a prisão decretada mas, na época, ainda estava foragido.
Segundo a investigação da Delegacia de Homicídios, tanto Jhonatan quanto o pai dele já haviam prestado outros serviços para Martha Maria, bem como em outros apartamentos do prédio, conhecendo bem os moradores. Na tarde do crime, ele e Willian interfonaram para a residência da idosa, e tiveram a subida liberada por ela. No local, a dupla fez a patroa e a diarista reféns.
Jhonatan, então, deixou o imóvel e seguiu para um banco próximo, enquanto Willian mantinha as mulheres em cárcere. Na agência, o suspeito fez três saques de R$ 5 mil em nome de Martha Maria, devidamente autorizados por ela, que permanecia rendida, em casa. Ao retornar, a dupla teria decidido executar as duas vítimas.