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Estados Unidos

Justiça dos EUA está pronta para divulgar mandado de busca em mansão de Trump

Segundo a imprensa, as buscas teriam sido motivadas pelo possível manuseio incorreto de documentos classificados

O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, caminha até um veículo do lado de fora da Trump Tower, em Nova York, em 10 de agosto de 2022O ex-presidente dos EUA, Donald Trump, caminha até um veículo do lado de fora da Trump Tower, em Nova York, em 10 de agosto de 2022 - Foto: Stringer / AFP

A Justiça dos Estados Unidos está pronta para divulgar nesta sexta-feira (12) os documentos judiciais que levantariam o véu sobre os motivos da operação de busca e apreensão sem precedentes ocorrida esta semana na mansão do ex-presidente Donald Trump na Flórida.

A diligência, classificada de "operação política" por simpatizantes do magnata republicano, foi realizada na segunda-feira na residência de Trump em Mar-a-Lago, em Palm Beach, por agentes do FBI, a polícia federal investigativa dos EUA. 

Segundo a imprensa, as buscas teriam sido motivadas pelo possível manuseio incorreto de documentos classificados, que Trump teria levado para sua propriedade na Flórida, após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021.

O Washington Post reportou que alguns dos documentos procurados podem estar relacionados com o arsenal nuclear americano. Contudo, Trump denunciou nesta sexta, em sua rede social Truth Social, que o FBI poderia ter "plantado informações" em sua residência.

A presidente da Câmara dos Representantes, a democrata Nancy Pelosi, disse nesta sexta (12) que não havia sido informada sobre os motivos das buscas, mas lembrou que a lei regulamenta estritamente a posse de documentos confidenciais. 

"É preciso reconhecer que esta informação, tal como foi divulgada - vamos saber mais posteriormente -, é altamente confidencial, muito acima do nível 'top secret' [ultrassecreto]", disse ela em coletiva de imprensa, na qual falou de um assunto potencialmente "muito grave".

A disposição incomum do Departamento de Justiça de tornar público o mandado de busca, anunciada na quinta-feira pelo procurador-geral e secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, foi bem recebida pelo ex-presidente. 

"Não só não me oporei à divulgação dos documentos relacionados com as buscas [...] como darei um passo adiante ao INCENTIVAR a publicação imediata desses documentos", escreveu o magnata na Truth Social. Ele, no entanto, se absteve de divulgar a cópia do mandado judicial que recebeu.

A operação de busca e apreensão em Mar-a-Lago provocou uma tempestade política em um país já bastante dividido e acontece no momento em que Trump cogita se candidatar novamente à Casa Branca.

'Importante interesse público'

Os advogados de Trump têm até as 15h00 locais (16h00 em Brasília) para responder à proposta de Garland, que garantiu na quinta-feira, durante uma roda de imprensa excepcional, ter "aprovado pessoalmente" as buscas. 

O procurador-geral também denunciou, durante seu breve pronunciamento televisionado, os "ataques infundados" dos republicanos contra o Departamento de Justiça e o FBI. 

"O Departamento [de Justiça] não toma uma decisão assim à toa", assinalou, ao acrescentar que o caso é de "importante interesse público", a três meses das eleições legislativas de meio de mandato.

Ao pedir que o sigilo do mandado judicial fosse levantado, o Departamento de Justiça citou, sem contradizê-las, as declarações de representantes de Trump indicando que o FBI buscava documentos de arquivo da Casa Branca, possivelmente segredos de defesa classificados.

O operação de segunda-feira foi a primeira na história dos Estados Unidos na casa de um ex-presidente. 

Indignado, Trump disse na segunda-feira na Truth Social que seus advogados estavam cooperando "plenamente" com as autoridades quando, "de repente, e sem aviso prévio, Mar-a-Lago foi invadida, às 6h30, por uma quantidade MUITO grande de agentes". 

Em particular, se queixou de que os policiais "revistaram os armários da primeira-dama" Melania Trump, "e vasculharam suas roupas e artigos pessoais". 

Na quarta, ele já havia sugerido que o FBI poderia ter "plantado" provas falsas contra si durante a operação.

Bloco

Embora sejam conhecidos por seu apoio às forças de segurança, simpatizantes republicanos reprovaram a intervenção do FBI.

Uma associação de agentes denunciou chamados "inaceitáveis [...] de violência contra a polícia". 

Ontem, um homem armado que havia tentado entrar nos escritório do FBI em Ohio (norte) foi morto pela polícia após um longo enfrentamento. 

Depois da operação em Mar-a-Lago, dirigentes republicanos formaram um bloco compacto de defesa do ex-presidente, quem mantém forte controle sobre o partido conservador. 

Seu ex-vice-presidente Mike Pence, embora seja um adversário potencial de Trump nas prévias republicanas, expressou sua "profunda preocupação" após a operação policial.

Na quarta, apenas dois dias depois das buscas do FBI, Trump foi interrogado durante quatro horas no escritório da procuradora-geral do estado de Nova York, Letitia James, que investiga as práticas comerciais da Organização Trump.

Segundo a imprensa americana, o ex-presidente invocou mais de 400 vezes o seu direito a não responder preguntas consagrado na Quinta Emenda da Constituição.

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