Justiça intima Bradesco e Ceperj para dar informações sobre beneficiários
Pelo menos 13 assessores de vereadores estavam na folha de pagamento secreta da fundação
A 15ª Vara de Fazenda Pública, onde tramita a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Rio (MPRJ), intimou representantes do Bradesco, do Ceperj e da Procuradoria-Geral do Estado a apresentarem todos os dados da folha de pagamento secreta da fundação. O governo terá que informar até a que projeto está vinculado cada beneficiário.
A Justiça já determinou na semana passada a suspensão das ordens de pagamento na boca do caixa.
Antes mesmo da intimação, no último dia 26, o departamento jurídico do banco já havia enviado a lista dos beneficiários do Ceperj para a 6ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital, o que ajudou a fundamentar a ação civil pública.
A instituição financeira esclareceu ao Ministério Público que adota, “em cumprimento ao contrato de prestação de serviços, todas as providências regulatórias que lhe cabem para processamento, registro e controle de pagamentos, inclusive aqueles por meio de ordens bancárias”.
Depois da denúncia de que funcionários da Alerj acumulavam salário da Casa com o pagamento do Ceperj, outra situação semelhante ocorre na Câmara Municipal do Rio. Pelo menos 13 assessores de vereadores estavam na folha de pagamento secreta da fundação. O estado desembolsou um total de R$ 137.116,72 para fazer os repasses aos funcionários comissionados.
Os beneficiários, segundo levantamento do RJ2, da TV Globo, recebiam do Legislativo e da fundação ao mesmo tempo. O acúmulo de dois cargos públicos é ilegal. Neste grupo, está Jorge Junior Cabral dos Santos, que trabalha no gabinete do vereador Gabriel Monteiro (PL), que será julgado hoje pela Comissão de Ética da Câmara por quebra de decoro.
O assessor fez dois saques, em maio e junho, e uma transferência bancária, totalizando R$ 7.110. Nas redes sociais, Junior Cabral se exibe ao lado de políticos.
Também estavam na lista secreta e na Câmara, concomitantemente Marcia Farias Rolim, do gabinete do vereador Carlos Eduardo (PDT), que recebeu em seis saques e duas transferências, desde janeiro, R$ 23.065, e William Teixeira da Silva, assessor do presidente da Comissão de Ética Alexandre Isquierdo (União Brasil), que embolsou um total de R$ 55.124,16, valores pagos apenas pelo Ceperj. Segundo a reportagem, outro assessor de Isquierdo que ganhou pelo Ceperj é Gilson Paulo da Silva.
No cruzamento de dados da folha da fundação estadual com os da lista de salários da Câmara Municipal, há ainda assessores dos vereadores Ulisses Marins e Inaldo Silva (ambos do Republicanos); Márcio Santos (PTB); Eliseu Kessler (PSD); Felipe Boró (Patriota); Vitor Hugo (MDB); Rafael Aloísio Freitas (Cidadania); além de dois servidores da primeira secretaria e da direção da Casa.
A assessoria da Câmara informou que só tomou conhecimento do acúmulo de funções pela imprensa. Márcio Santos disse que irá ressarcir o estado pelo valor recebido por seu assessor. Isquierdo informou que William e o outro funcionário comissionado já tinham saído do Ceperj quando foram trabalhar com ele e que a fundação lhes pagou em atraso.
Monteiro disse que a responsabilidade é do seu assessor. O vereador Rafael Aloisio Freitas disse que exonerou os dois funcionários e afirmou que "não tinha conhecimento, até agora, desse duplo vínculo" e que "ambos funcionários cumpriam bem o trabalho, com a carga horária cheia e entregavam as tarefas que lhes eram atribuídas."
O Globo não conseguiu contato com os outros citados.