RIO DE JANEIRO

Justiça manda soltar cirurgião plástico equatoriano acusado de tentativa de homicídio

Cirurgião plástico e técnica de enfermagem foram denunciados

Daiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, mantida em cárcere por 50 dias pelo cirurgião Bolívar Guerrero SilvaDaiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, mantida em cárcere por 50 dias pelo cirurgião Bolívar Guerrero Silva - Foto: Reprodução/TV Globo

A Justiça do Rio mandou soltar o médico equatoriano Bolívar Guerrero da Silva, acusado de tentativa de homicídio contra a dona de casa Daiane Chaves Cavalcante após uma cirurgia plástica mal sucedida em 2022. A ordem judicial foi divulgada pelo site "g1" na manhã desta quarta-feira (15).

Segundo o portal, a juíza Anna Christina da Silveira Fernandes atendeu a um pedido da defesa de Bolívar feito na primeira audiência de instrução e julgamento do caso, no último dia 3. Advogado do médico, Renato Darlan informou ao "g1" que o cliente vai deixar o sistema prisional ainda hoje.

"É a efetivação da justiça e a comprovação de que o que o deixava preso era fruto muito mais de uma irresponsabilidade de um paciente do que de qualquer erro médico. Muito menos tentativa de homicídio", disse o advogado.

Em agosto do ano passado, o cirurgião plástico e a técnica de enfermagem Kellen Cristina de Queiroz dos Santos foram denunciados pelo Ministério Público do Rio por tentativa de homicídio qualificado contra a paciente. A 3ª Promotoria de Investigação Penal Territorial do Núcleo Duque de Caxias pediu, na época, a prisão preventiva do médico.

A denúncia
De acordo com a denúncia do MP, o médico realizou cirurgias para fins estéticos nas nádegas, costas e abdômen de Daiana que voltou ao hospital na semana seguinte com dores abdominais e inflamação dos pontos de sutura. Após voltar ao hospital outras vezes seu quadro cínico agravou e ela foi internada. Segundo os promotores, o médico submeteu Daiana a mais uma abdominoplastia, para tentar corrigir os danos decorrentes da primeira, apesar de seu estado de saúde debilitado. Bolívar, de acordo com a denuncia, fez o procedimento sem exigir exames que atestassem os riscos a que ficaria exposta caso outra cirurgia fosse realizada.

“Ao fazer a nova cirurgia, o denunciado conhecia a possibilidade de provocar a morte da paciente e consentiu na produção desse resultado, na medida em que se mostrou completamente indiferente às suas condições de saúde”, diz trecho do documento.

Ainda segundo a denúncia da 3ª Promotoria de Investigação Penal Territorial do Núcleo Duque de Caxias, Bolivar Guerrero Silva descobriu era possível reverter o quadro clínico que se agravou para tentar ocultar sua conduta se recusou a transferir a paciente para outro hospital. Já Kellen Cristina de Queiroz dos Santos, enfermeira também denunciada, convenceu Daiana a realizar a cirurgia mesmo debilitada e estava presente durante o procedimento, sem qualquer capacitação técnica para tanto.

Preso em 2010
Em 2010, Bolivar ficou preso alguns dias e foi indiciado por formação de quadrilha, crimes contra a relação de consumo e exercício ilegal da Medicina. Ele é réu em um processo que ainda tramita na 35ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio. Na ação, denominada Beleza Pura, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em consultórios e clínicas de estética em diversos pontos do Rio, além da cidade de Anápolis, em Goiás, onde funcionava um laboratório que produzia o botox.

Segundo o inquérito, o grupo atuava havia cinco anos, enviando os produtos de Goiás para um que realizava a distribuição para o Rio. Em seguida, uma mulher redistribuía o material para clínicas e profissionais, dentre eles a Bolivar, então proprietário do Hospital Santa Branca e de consultórios em outras regiões, além de um capitão da PM especializado em Medicina estética e que possuía um consultório na Barra da Tijuca.

Em outras ações, Bolivar é acusado por crimes como injúria e lesão corporal e ainda responde por erros médicos. Também no Tribunal de Justiça do Rio, Bolivar já fora condenado a indenizar pacientes por sequelas deixadas após procedimentos médicos e estéticos. Em uma dessas sentenças, o desembargador Luiz Roberto Ayoub, da 26a Câmara Cível do Consumidor, determinou o pagamento de R$ 50 a mil a uma mulher que realizou com ele uma cirurgia para retirada de excesso de pele na pálpebra.“Entretanto, alega que logo após começou a notar falhas no local da operação, como se fossem buracos em sua pele, o que a levou a procurar por diversas vezes seu médico, primeiro apelante, que continuava prescrevendo o mesmo remédio”, escreveu o relator em seu despacho.

Outros casos
Mais de sete mulheres procuraram a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para denunciar problemas em cirurgias realizadas por Bolívar após sua prisão. Entre elas estava a dona de casa Ana Claudia Pedrosa Gonçalves Rodrigues, de 49 anos. Ela contou que fez cirurgia de abdominoplastia com o médico há três anos. A vítima lembrou, na época, que, a partir do procedimento, ficou com síndrome do pânico e, por medo, não quis voltar.

A desempregada Vanessa Miranda, de 41, que fez uma mastectomia com Bolívar em 2013, também esteve na Deam. Ele disse que ficou deformada após a cirurgia. A mulher conta que tentou registrar o caso em 2014, mas que por estar abalada emocionalmente, não deu prosseguimento ao caso. Em 2019, ela entrou na Justiça pedindo uma reparação pelos danos.

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