Justiça manda soltar "Rei do lixo" e empresário preso com mala de dinheiro em jatinho
Os dois foram presos no âmbito de uma investigação da Polícia Federal da Bahia que apura desvio de recursos federais, incluindo de emenda parlamentar
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) determinou a soltura do empresário José Marcos Moura, conhecido como "Rei do lixo", e do empresário Alex Parente, preso com uma mala com R$ 1,5 milhão em espécie em um jatinho que saía de Salvador com destino para Brasília.
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Os dois são investigados pela Polícia Federal da Bahia por suspeita de integrarem um esquema de desvio de recursos federais, incluindo de emenda parlamentar, do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs). A suspeita também recai sobre contratos firmados com dezenas de prefeituras e secretarias estaduais.
O relatório da PF mostra indícios de como foram manipuladas licitações e contratos públicos que movimentaram R$ 1,4 bilhão e levou à apreensão de 23 carros de luxo, três lanchas, três aeronaves, seis imóveis, 38 relógios de luxo, joias e mais de R$ 3 milhões em espécie.
Na decisão que autorizou a soltura de Marcos Moura, a desembargadora disse que "não se observa, nesse momento, risco específico à boa elucidação dos fatos investigados".
"Com a realização das diligências, os principais elementos probatórios já estariam acautelados pela autoridade policial, e à disposição do Ministério Público Federal, de modo a diminuir consideravelmente o risco de eventual perda", pontuou.
Segundo a PF, Alex é sócio de “diversas empresas usadas no esquema”, tendo movimentado “grandes quantias utilizando notas fiscais frias para simular serviços inexistentes”. Sua defesa afirmou que ainda que não teve acesso integral aos autos e que vai “esclarecer todos os fatos no curso da investigação e eventual processo”.
Em depoimento prestado após a prisão, Alex disse que o dinheiro apreendido no jatinho era “proveniente de venda de alguns equipamentos pesados”. Para a PF, os valores transportados tinham origem ilícita e seriam destinados para pagamento de propina em Brasília. Foi apreendida também uma planilha contendo relação de contratos e valores totalizando mais de R$ 800 milhões em contratos suspeitos.
Conhecido como "Rei do Lixo" devido aos contratos firmados na área de limpeza urbana na Bahia, José Marcos de Moura é membro da executiva nacional do partido União Brasil. O empresário foi um dos presos preventivamente na operação da PF junto com outras 16 pessoas. Segundo a polícia, ele atuou como “articulador político e operador de influência” na organização. A defesa do empresário foi procurada, mas não se manifestou.
“Ele utiliza sua rede de contatos e influência política para interceder junto a autoridades, protegendo os interesses da organização, facilitando o andamento de contratos e o desbloqueio de pagamentos. Moura é uma figura-chave que conecta os líderes da organização com figuras políticas de relevância, garantindo que os esquemas de fraude continuem operando sem interrupções. Denota-se que, inclusive por outras conversas analisadas, que Marco Moura é uma espécie de articulador de relevância para o grupo criminoso e que tem preponderância nas decisões das secretarias e em outras cidades”, afirma a PF no relatório encaminhado ao Judiciário.