Justiça russa declara "agente estrangeiro" ex-primeiro-ministro contrário à ofensiva na Ucrânia
O ministério reprova Kasyanov por ter "se oposto à operação militar especial na Ucrânia" e por ser "membro do Comitê Antiguerra da Rússia
A justiça russa classificou nesta sexta-feira (24) como “agente estrangeiro” o ex-primeiro-ministro Mikhail Kasyanov, que é crítico ao Kremlin e deixou a Rússia denunciando a ofensiva na Ucrânia.
O nome de Kasyanov, que foi o primeiro chefe de governo de Vladimir Putin no início dos anos 2000, agora consta no registro do Ministério da Justiça como "agente estrangeiro", termo ofensivo que lembra o termo "inimigo do povo" da era soviética.
O ministério reprova Kasyanov por ter "se oposto à operação militar especial na Ucrânia" e por ser "membro do Comitê Antiguerra da Rússia, uma associação cujas atividades visam desacreditar a política externa e interna russa".
Leia também
• Em Kherson, Ucrânia, time de meninas joga futebol para esquecer da guerra
• Aliado de Putin adotou bebê sequestrada de orfanato da Ucrânia, diz BBC; político nega
• Ucrânia diz que bombardeios russos mataram cinco pessoas nas últimas 24 horas
Esse "comitê", de atividades muito limitadas, foi criado em 2022 no exterior por vários opositores russos, incluindo o ex-oligarca exilado Mikhail Khodorkovsky.
Primeiro-ministro de Putin durante seus primeiros anos no poder, de 2000 a 2004, Kasyanov se tornou depois muito crítico ao presidente russo.
Antes da ofensiva na Ucrânia, Kasyanov liderou o Partido da Liberdade do Povo, uma pequena formação liberal. Em junho de 2022, foi anunciado que havia deixado a Rússia.
O status de “agente estrangeiro” impõe fortes restrições administrativas às pessoas ou entidades rotuladas, como um controle frequente de suas fontes de financiamento. Também exige que qualquer publicação, inclusive em redes sociais, seja acompanhada da etiqueta "agente estrangeiro".