EUA

Kamala vai à fronteira com o México para somar pontos sobre migração

Esta é a primeira viagem de Harris à fronteira desde que substituiu o presidente Joe Biden como candidata

A candidata presidencial democrata e vice-presidente dos EUA, Kamala HarrisA candidata presidencial democrata e vice-presidente dos EUA, Kamala Harris - Foto: Kevin Lamarque / POOL / AFP

A vice-presidente americana, Kamala Harris, vai para a fronteira com o México, nesta sexta-feira (27), para abordar a imigração irregular, um tema no qual os eleitores americanos parecem confiar mais no ex-presidente Donald Trump, segundo as pesquisas.

Esta é a primeira viagem de Kamala à fronteira desde que substituiu, em julho, o presidente Joe Biden como candidata democrata à Casa Branca.

Ela "pedirá medidas de segurança mais estritas" em um discurso na cidade fronteiriça de Douglas, no Arizona, um estado muito disputado para as eleições de 5 de novembro, explicou um encarregado de sua campanha.

Espera-se que prometa reforçar o número de agentes e mobilizar mais equipes para detectar fentanil, um opiáceo sintético que causa estragos nos Estados Unidos.

A democrata de 59 anos também insistirá na "falta de resposta de Donald Trump ao desafio (da migração) quando era presidente e suas manobras recentes para torpedear soluções apoiadas pelos dois partidos" no Congresso.

"O povo americano merece um presidente que se preocupe mais com a segurança fronteiriça do que com jogos políticos", dirá ela, segundo sua equipe de campanha.

Trump pressionou para que os congressistas republicanos bloqueassem um projeto de lei bipartidário que teria endurecido a política migratória americana.

- "Fechar a fronteira" -
Kamala Harris "deveria economizar sua passagem de avião, deveria voltar para a Casa Branca e dizer ao presidente que feche a fronteira; pode fazê-lo com uma única assinatura", declarou na quinta-feira Trump, que a chama de "a czarina" porque Biden a encarregou de combater as origens da imigração irregular.

Segundo seu chefe de campanha, Kamala também rejeitará "a falsa ideia de que é preciso escolher entre garantir a segurança da fronteira e criar um sistema de migração seguro, organizado e humano".

"Por que não o fez? Tem planos para o futuro. Por que não o fez? Está lá [na Casa Branca] há quase quatro anos", questionou Trump na quinta-feira, em Nova York.

Os republicanos criticam Biden por ter esperado até junho passado para fechar a fronteira com o México aos migrantes que pedem asilo, enquanto há mais de 2.500 travessias irregulares a cada sete dias, em média.

Desde então, os números caíram para 58.000 migrantes e solicitantes de asilo interceptados em agosto na fronteira com o México tentando cruzar ilegalmente, em comparação com 250.000 em dezembro passado.

Isto não impede que Trump lance mão de seu tema favorito.

Na quinta-feira, ele qualificou Kamala de "incompetente, fraca e ineficaz" e a acusou de ir para a fronteira "para tentar convencer as pessoas de que não é tão ruim".

- "Inundação de migrantes" -
Trump voltou a acusar os democratas de uma "repentina e sufocante enxurrada de migrantes ilegais". "É uma inundação. É uma invasão", afirmou.

"Eles infectam o nosso país", disse Trump, que no passado já tinha acusado os migrantes "de envenenar o sangue" dos Estados Unidos.

O empresário de 78 anos atacou duramente duas vias criadas pelo governo do presidente Biden para os migrantes que querem entrar no país: pedir entrevista mediante um aplicativo de celular (o CBP One) e um programa que permite a 30.000 cubanos, venezuelanos, haitianos e nicaraguenses chegarem aos Estados Unidos a cada mês se contarem com um patrocinador no país que cubra suas despesas.

"Kamala criou um programa completamente novo para trazer de avião os imigrantes de Venezuela, Haiti e Nicarágua, e os instalamos em comunidades americanas", particularmente em Pensilvânia, Wisconsin e Carolina do Norte, afirmou, citando três dos sete estados que provavelmente vão definir o resultado das eleições.

Nesta sexta, Trump realizará um comício em Michigan, outro estado-chave, depois de uma reunião tensa em Nova York com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, sobre o apoio dos Estados Unidos a Kiev em sua guerra contra a Rússia.

A retórica migratória de Trump não é nova, mas nos últimos atos de campanha apontou para medidas concretas, para diminuir a credibilidade de sua adversária em um campo em que ela tenta ganhar confiança.

Segundo as pesquisas, os americanos confiam mais em Trump do que em Kamala para enfrentar a migração ilegal.

O empresário, que recentemente difundiu o boato de que os migrantes haitianos comem cães e gatos em uma cidade americana, não perde a oportunidade de acusar os democratas de "fraude migratória" e os migrantes em situação irregular de quase todos os males, inclusive "tirar os postos de trabalho" de afro-americanos e latinos.

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