Kim Jong-un diz que os EUA são o 'maior inimigo' da Coreia do Norte
Capital norte-coreana investiu grandes quantidades de recursos no desenvolvimento de suas armas nucleares e mísseis balísticos, que afirma serem necessários para a defesa contra uma possível invasão dos EUA
O líder norte-coreano Kim Jong-un disse que os Estados Unidos são o "maior inimigo" de sua nação - que possui armas nucleares -, noticiou a mídia estatal neste sábado (noite de sexta, 8, no Brasil).
A declaração ocorre a menos de duas semanas da posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos e depois de uma relação turbulenta entre Kim e Donald Trump, que está prestes a deixar o cargo.
Kim e Trump primeiro se envolveram em uma guerra de palavras e ameaças mútuas, até que surgiu um extraordinário "bromance" diplomático que incluiu cúpulas que ganharam as manchetes e declarações de amor do presidente americano.
Leia também
• Kim Jong Un admite erros na abertura do congresso do partido na Coreia do Norte
• Coreia do Norte exibe poderio militar e comemora estar livre da Covid
• Coreia do Norte revela míssil balístico intercontinental gigante
Porém, nenhum progresso substancial aconteceu, com o processo paralisado depois que uma reunião em Hanói resultou em um impasse sobre o alívio de sanções e o que a Coreia do Norte estaria disposta a abrir mão em contrapartida.
Pyongyang "deve se concentrar e ser desenvolvido em subverter os EUA, o maior obstáculo para nossa revolução e nosso maior inimigo", disse Kim no congresso quinquenal do partido no poder, segundo a agência oficial de notícias KCNA.
"Não importa quem está no poder, a verdadeira natureza de sua política contra a Coreia do Norte nunca mudará", afirmou ele em alusão aos Estados Unidos, sem mencionar o nome de Biden.
"É a conta pelas cúpulas de Singapura e Hanoi" entre Trump e Kim, tuitou o analista Ankit Panda do Carnegie Endowment. "E caberá à administração de Biden pagá-la", estimou.
Pyongyang investiu grandes quantidades de recursos no desenvolvimento de suas armas nucleares e mísseis balísticos, que afirma serem necessários para a defesa contra uma possível invasão dos EUA.
Os programas nucleares avançaram rapidamente sob o comando de Kim, incluindo sua explosão nuclear mais poderosa até agora e mísseis capazes de atingir todo o território dos Estados Unidos, ao custo de sanções internacionais cada vez mais severas.
O país concluiu os planos para um submarino de propulsão nuclear, disse Kim, algo que mudaria o equilíbrio estratégico.
"Uma nova pesquisa de planejamento para um submarino com propulsão nuclear foi concluída e deve entrar no processo de exame final", explicou ele no congresso.
A Coreia do Norte deve "avançar ainda mais em tecnologia nuclear" e desenvolver ogivas nucleares leves e de pequeno porte "para serem aplicadas de maneira diferente dependendo dos alvos", acrescentou.
Os comentários estão no relatório de trabalho da reunião, que durou nove horas distribuídas por três dias e foi relatada em detalhes pela KCNA pela primeira vez.
Sob a presidência de Biden, espera-se que os Estados Unidos voltem a uma forma mais tradicional de agir em relação a Pyongyang, insistindo na necessidade de avanços significativos em nível de grupos de trabalho, antes de ser considerada uma nova reunião entre chefes de Estado.
Kim "vê um impasse que não parece que mudará", considera Harry Kazianis, especialista do Center for the National Interest.
Por sua vez, a Coreia do Norte justifica seus programas nucleares - proibidos pela comunidade internacional - alegando que Washington representa uma ameaça à sobrevivência do regime.
O intermediário no processo entre Kim e Trump foi o presidente sul-coreano Moon Jae-in, mas o líder norte-coreano acusou Seul de violar acordos intercoreanos.
Pyongyang censurou Seul por "promover questões não essenciais (como) a cooperação antipandêmica e humanitária", enquanto ignora seus "repetidos avisos" para encerrar os exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos.