MUNDO

Kremlin se recusa a comentar reivindicação do EI sobre ataque em Moscou

Massacre matou 137 pessoas durante um show, no Crocus City Hall

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz seu discurso em Moscou em 23 de março de 2024, um dia após um ataque com arma de fogo à Prefeitura de Crocus, em Krasnogorsk Presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz seu discurso em Moscou em 23 de março de 2024, um dia após um ataque com arma de fogo à Prefeitura de Crocus, em Krasnogorsk  - Foto: Mikhail Metzel/POOL/AFP

O Kremlin recusou-se a comentar, nesta segunda-feira (25), a reivindicação do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) sobre o ataque durante um show em Moscou, no qual 137 pessoas morreram, enquanto a investigação está em curso.

O presidente russo, Vladimir Putin, e os seus serviços de segurança, o FSB, não mencionaram o envolvimento jihadista neste fim de semana e apontaram para a pista ucraniana, negada por Kiev e pelos governos ocidentais.

O presidente russo, que fez apenas um breve discurso no sábado, tem na agenda de terça-feira uma reunião com autoridades políticas e de segurança.

No entanto, ele não planeja visitar o complexo Crocus City Hall, palco do pior ataque na Rússia em vinte anos e o mais mortal reivindicado pelo EI em solo europeu.

Perguntas sem resposta 
Três dias depois da tragédia, restam muitas perguntas sem resposta, em particular sobre a identidade e os motivos dos quatro principais suspeitos.

Os quatro indivíduos, ao menos um deles do Tadjiquistão, país da Ásia Central, foram colocados sob custódia até 22 de maio e enfrentam a pena de prisão perpétua.

Depois de uma breve audiência, outros três suspeitos foram colocados sob custódia nesta segunda-feira até a mesma data.

Segundo a agência de notícias Ria Novosti, trata-se de um pai e dois filhos, um deles nascido no Tadjiquistão com nacionalidade russa.

As autoridades russas anunciaram no sábado a prisão de um total de onze pessoas.

A nacionalidade tadjique confirmada de ao menos um dos agressores levou o presidente do país, Emomali Rakhmon, a pedir nesta segunda-feira "aos pais que mais uma vez prestem ainda mais atenção na educação de seus filhos", segundo as agências russas.

"Investigação em curso" 
Questionado pela imprensa sobre a investigação, o porta-voz de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, não deu mais detalhes.

"A investigação está em andamento e a administração presidencial estaria equivocada em comentar sobre o andamento da investigação", disse ele.

O grupo Estado Islâmico (EI), contra o qual a Rússia luta na Síria e que atua no Cáucaso russo, assumiu a responsabilidade pelo ataque, mas as autoridades russas afirmam que após o ataque os supostos agressores tentaram fugir para o território ucraniano.

A Ucrânia, que luta contra uma ofensiva das tropas russas desde fevereiro de 2022, negou qualquer "ligação com o incidente".

Os Estados Unidos também rejeitaram a versão do presidente russo.

No Crocus City Hall, os investigadores retiraram "90% dos destroços" da casa de shows, devastada por um gigantesco incêndio iniciado pelos agressores, informou o Ministério de Situações de Emergência, citado pela agência TASS.

O número de feridos subiu para 182, dos quais 97 permaneciam hospitalizados nesta segunda-feira, segundo as autoridades.

Dmitri Peskov também não quis comentar as denúncias de tortura dos suspeitos, que nos vídeos e fotos publicados nas redes sociais aparecem com os rostos ensanguentados. Em outro vídeo, cuja autenticidade não foi confirmada, uma pessoa fora das câmeras é vista cortando a orelha do que parece ser um dos suspeitos.

Durante a audiência dos suspeitos em um tribunal de Moscou, no domingo à noite, um deles tinha uma faixa branca na orelha e outro chegou em uma cadeira de rodas, com os olhos fechados.

"Impotência" e "fracasso" 
Leonid Volkov, uma figura da oposição russa no exílio, disse nesta segunda-feira que a publicação destes vídeos é uma tentativa dos serviços de segurança russos "de desviar a atenção da sua impotência e fracasso".

O ataque é um grave revés para Vladimir Putin, que prometeu segurança, em meio a uma intensificação dos ataques ucranianos em solo russo.

O ataque ocorre poucos dias depois de sua reeleição como presidente, sem uma oposição de fato, pelos próximos seis anos.

Segundo Peskov, a luta contra o jihadismo "requer plena cooperação internacional", mas "não existe de fato".

O presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu ter proposto "maior cooperação" a Moscou, indicando que o ramo do EI "envolvido" no ataque de sexta-feira realizou "várias tentativas" em solo francês nos últimos meses.

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