Lançamento de míssil intercontinental da Coreia do Norte parece ter falhado, afirma Seul
Os disparos levaram Coreia do Sul e Estados Unidos a prorrogar as manobras aéreas conjuntas esta semana
A Coreia do Norte aparentemente falhou no lançamento de um míssil intercontinental (ICBM) nesta quinta-feira, anunciou o exército da Coreia do Sul, após uma série recorde de disparos de projéteis do país comunista nas últimas 24 horas.
Os disparos levaram Coreia do Sul e Estados Unidos a prorrogar as manobras aéreas conjuntas esta semana, as maiores já organizadas pelos dois países que Pyongyang considera uma ameaça.
Moradores de uma ilha sul-coreana e de áreas do norte do Japão receberam alertas para procurar refúgios depois dos lançamentos de quinta-feira, que também incluíram dois mísseis de curto alcance.
O lançamento mais importante, no entanto, parece ter falhado. "O lançamento de um ICBM pela Coreia do Norte supostamente terminou em fracasso", afirmou o exército sul-coreano.
Apesar do fracasso, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, condenou o lançamento do ICBM norte-coreano e pediu a todas as nações que reforcem as sanções contra Pyongyang, alegando que o regime violou as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
O Estado-Maior Conjunto sul-coreano afirmou que detectou durante a manhã de quinta-feira o lançamento do míssil balístico de longo alcance, o ICBM, seguido de dois mísseis de curto alcance.
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"A capacidade do míssil balístico de longo alcance era de quase 760 km, uma altura de 1.920 km e uma velocidade de Mach 15", equivalente a 15 vezes a velocidade do som, afirmaram os militares sul-coreanos.
Seul acrescentou que "os mísseis de curto alcance percorreram quase 330 km a uma altura de cerca de 70 km, com velocidade de Mach 5".
Os disparos aconteceram um dia depois de o país comunista governado por Kim Jong Un lançar mais de 20 projéteis, incluindo um que caiu em águas territoriais sul-coreanas.
A imprensa sul-coreana afirmou que as sirenes de ataque aéreo foram acionadas novamente na ilha de Ulleungdo (leste). Os moradores da localidade receberam alertas na quarta-feira para buscar refúgio depois que um míssil cruzou a fronteira marítima entre as Coreias.
O governo japonês também emitiu um alerta um pouco antes das 8H00 locais (20H00 de Brasília, quarta-feira) para os habitantes de áreas do norte do país, que deveriam procurar abrigos.
Tóquio afirmou em um primeiro momento que um míssil sobrevoou o território japonês, mas o ministro da Defesa, Yasukazu Hamada, afirmou depois que o míssil não atravessou o país, "mas desapareceu no Mar do Japão" entre o arquipélago e a península coreana.
Suspeitas de teste nuclear
Como o disparo foi "acompanhado por alertas de evacuação, isto sugere com força o lançamento de um míssil de alcance intermediário ou um míssil intercontinental de pleno alcance", tuitou Chad O'Carroll, do site especializado NK News em Seul.
"O segundo pode ser muito preocupante para alguns se atingir com sucesso uma distância significativa", acrescentou.
Estados Unidos e Coreia do Sul alertam há vários meses que a série recente de disparos de Pyongyang pode resultar no sétimo teste nuclear da história do país.
A série de lançamentos indica "uma boa possibilidade de que o próximo teste será de armas nucleares táticas. Provavelmente muito em breve", disse O'Carroll.
O analista Ahn Chan-il também opinou que "estes são eventos de pré-celebração da Coreia do Norte antes de seu próximo teste nuclear".
"Também parecem uma série de testes práticos para sua mobilização nuclear tática", acrescentou.
Em 4 de outubro, a Coreia do Norte disparou um míssil que sobrevoou o Japão e provocou alertas para que moradores abandonassem suas casas.
O regime de Pyongyang afirmou que testou um "novo tipo de míssil balístico terra-terra de alcance intermediário" e que, ao lado de outros testes, eram "exercícios nucleares táticos" que simulavam um ataque contra a Coreia do Sul.
"Tempestade Vigilante"
A série de lançamentos coincide com as manobras militares que receberam o nome de "Tempestade Vigilante", dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, com centenas de aviões mobilizados pelos dois lados.
A Coreia do Norte afirmou que os exercícios eram "agressivos e provocadores".
Na quarta-feira, entre os 20 projéteis disparados, um deles cruzou a linha limite norte, a fronteira marítima de fato entre as duas Coreias.
O presidente sul-coreano Yoon Suk-yeol disse que o lançamento constitui "uma invasão territorial de fato" e seu exército respondeu com três mísseis ar-terra que caíram perto desta fronteira.
Kim Jong Un multiplicou os testes militares este ano e mudou recentemente as leis para declarar como "irreversível" seu arsenal atômico, descartando assim a possibilidade de negociar uma desnuclearização.