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LUTO

Léo Batista revelou um dos poucos sonhos não realizados na carreira: 'Não fiquei milionário"

Morto neste domingo (19) aos 92 anos, jornalista esportivo não pretendia se aposentar: 'não tenho do que reclamar'

Léo BatistaLéo Batista - Foto: Globoplay/Reprodução

Voz marcante do jornalismo esportivo brasileiro, Léo Batista morreu neste domingo, aos 92 anos, em decorrência de um tumor no pâncreas. Com cerca de 77 anos dedicados à profissão, sendo 54 deles na TV Globo, o âncora e repórter revelou ao GLOBO em 2021 não pensar em se aposentar. E confessou o único sonho que não realizou na carreira: o de ficar milionário.

"Ainda tem alguma coisa que poderia ter feito, mas com quase 89 anos, acho que está de bom tamanho, não tenho do que reclamar", disse Léo em uma entrevista, acrescentando que, enquanto tivesse saúde para continuar trabalhando, é o que pretendia fazer.

Apesar de tanta dedicação ao trabalho, Léo lamentou não ter ganhado mais dinheiro. "Costumo brincar dizendo que o único sonho que não realizei foi o de ficar milionário, porque de resto, alcancei quase todos".

Além de fazer parte da bancada do Jornal Nacional, Léo Batista passou 40 anos cobrindo o Carnaval do Rio de Janeiro no rádio e na televisão. Ele faleceu no hospital Hospital Rios D’Or, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em função de um tumor no pâncreas.

O jornalista deu entrada no hospital no dia 6 de janeiro, em decorrência de um quadro de desidratação e dor abdominal. Exames detectaram o tumor, que exigira internação na UTI da unidade ao longo dos últimos dias, mas ele não resistiu.

Início de carreira
Na adolescência, aos 15 anos, João Baptista Bellinaso Neto começou a trabalhar no serviço de alto falantes de Cordeirópolis, cidade do interior de São Paulo na qual nasceu, em 22 de julho de 1932. Nela, o filho de italianos foi descoberto e não parou mais de conquistar espaços.

Em 1952, após rodar em veículos de várias cidades do estado, chegou ao Rio de Janeiro para ser locutor no programa "O Globo no Ar", da Rádio Globo, local onde começou a ser chamado de Léo Batista. O pseudônimo vem do nome da irmã, Leonilda, que gostava de ser chamada só de Nilda. Em 1955, migrou para a televisão, apresentando durante 13 anos o Telejornal Pirelli, da extinta TV Rio.

Conhecido por seu bom humor, chegou à Globo em 1970, convidado para trabalhar na Copa do Mundo do México, mas logo dividiu-se entre as bancadas do Jornal Nacional, depois de substituir Cid Moreira. Foi o primeiro apresentador tanto do Jornal Hoje, em 1971, quanto do Esporte Espetacular, em 1973, e também do Globo Esporte, em 1978.

Leque de atuação
No centro de grandes episódios da História, Léo Batista foi o primeiro locutor que noticiou a morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954, e um dos jornalistas que transmitiram o primeiro jogo da carreira de Mané Garrincha, maior ídolo do Botafogo, em 1953.

Torcedor do time alvinegro, o lendário jornalista recebeu uma justa homenagem do clube do coração ainda em vida, quando o Botafogo deu seu nome a uma das cabines de imprensa do estádio Nilton Santos.

Praticamente em voo solo, foi o primeiro narrador de uma transmissão de surfe e de Fórmula 1 na televisão do país, além de marcar época com os gols do Fantástico, que mudaram a forma com que se consumia o futebol nas décadas de 1970 e 1980, acompanhado da famosa “Zebrinha”.

Atravessando diferentes épocas, ainda estava a todo vapor e sem hora exata de parar na comunicação, fazendo, por exemplo, quadros ao seu modo no Globo Esporte.

Em janeiro de 2022, ele havia perdido a esposa, Leyla Chavantes Belinaso, falecida aos 84 anos após um infarto. O casal teve duas filhas, Cláudia e Mônica.

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