Logo Folha de Pernambuco

acusação

Líbano acusa Israel de rejeitar cessar-fogo após bombardeios em Beirute

Pelo menos 1.829 pessoas morreram no Líbano desde a intensificação dos bombardeios

Pessoas inspecionam a destruição no local de um ataque aéreo israelense que teve como alvo a vila oriental de Bazzaliyeh, no distrito de Hermel, no vale de Bekaa, no LíbanoPessoas inspecionam a destruição no local de um ataque aéreo israelense que teve como alvo a vila oriental de Bazzaliyeh, no distrito de Hermel, no vale de Bekaa, no Líbano - Foto: Sam Skaineh / AFP

O primeiro-ministro do Líbano acusou Israel, nesta sexta-feira (1º), de rejeitar qualquer cessar-fogo com o Hezbollah, depois de o Exército israelense bombardear redutos do movimento libanês na periferia sul de Beirute.

A agência nacional de notícias libanesa (NNA) relatou pelo menos dez bombardeios ao sul da capital, após Israel emitir avisos de evacuação. Os ataques destruíram "dezenas de edifícios" poucas horas depois da visita de dois emissários dos Estados Unidos a Israel.

Os diplomatas americanos Amos Hochstein e Brett McGurk chegaram a Israel na quinta-feira para buscar uma solução para a guerra no Líbano e avançar no sentido de um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde o Exército israelense combate o movimento islamista palestino Hamas.

A situação no norte de Gaza, diante da ofensiva israelense contra o Hamas, é 'apocalíptica' e toda a população está em 'iminente risco de morte', alertaram os chefes de 15 agências de ajuda humanitária da ONU.

No Líbano, o primeiro-ministro Nayib Mikati denunciou os ataques israelenses e o impasse nas negociações de trégua.

"O prolongamento, mais uma vez, da agressão do inimigo israelense contra as regiões libanesas (…) e o fato de ter atacado mais uma vez os subúrbios do sul de Beirute com operações destrutivas, constituem indicadores que confirmam a sua rejeição de todos os esforços para conseguir um cessar-fogo", disse Mikati em comunicado.

No bairro de Kafaat, um prédio seguia em chamas, em meio a escombros e carros queimados, mergulhando os arredores em uma fumaça espessa. Ao redor, milicianos do Hezbollah vestidos de preto, alguns com metralhadoras, montaram um cordão de segurança.

O Exército israelense afirmou que bombardeou alvos do Hezbollah em Beirute e em Nabatieh, no sul do Líbano. A NNA relatou ataques nas regiões de Aley, a leste de Beirute, e Bint Jbeil, no sul.

A região de Baalbek, no leste do país, também foi alvo de ataques, causando a morte de ao menos 10 pessoas, segundo as autoridades libanesas.

Os bombardeios também atingiram a cidade de Tiro, no sul, onde um prédio em frente ao mar desabou, segundo um correspondente da AFP.

Jeanine Hennis Plasschaert, coordenadora especial da ONU para o Líbano, alertou no X sobre "o grande perigo" para cidades históricas como Baalbek e Tiro, ambas declaradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco.

O Hezbollah abriu uma frente com Israel em 8 de outubro de 2023, em apoio ao Hamas, que governa Gaza.

Mas o que começou com duelos de artilharia diários na fronteira transformou-se em uma guerra aberta em 23 de setembro, quando Israel intensificou os seus bombardeios contra posições do movimento libanês. Uma semana depois, o Exército israelense iniciou ataques terrestres no sul do país.

Pelo menos 1.829 pessoas morreram no Líbano desde a intensificação dos bombardeios, segundo um relatório da AFP baseado em dados do Ministério da Saúde libanês.

Plano americano 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) se declarou "profundamente preocupada" com os ataques israelenses contra os serviços de saúde no Líbano.

O objetivo de Israel é neutralizar o Hezbollah na fronteira e permitir o retorno ao norte do país de 60 mil habitantes deslocados pelo lançamento de foguetes do grupo islamista há mais de um ano.

Na Faixa de Gaza, a guerra eclodiu em 7 de outubro, quando milicianos islamistas no sul de Israel mataram 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Dos 251 capturados, cerca de 100 permanecem cativos no território palestino, incluindo 34 que foram declarados mortos pelo Exército.

Em resposta, Israel lançou uma campanha que já deixou 43.259 mortos no território, segundo dados do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU.

Segundo fontes do governo citadas pela imprensa israelense, o plano elaborado pelos emissários americanos contempla a retirada do Hezbollah e do Exército israelense do sul do Líbano, que seria controlado pelas forças armadas libanesas e pelos capacetes azuis da ONU.

As autoridades israelenses declararam que os seus soldados não se retirarão do sul do Líbano até que seja alcançado um acordo que satisfaça os requisitos de segurança de Israel.

"Necrotério está cheio" 
Além de buscar "uma solução política" no Líbano, os emissários americanos deveriam se concentrar em "medidas para acabar com o conflito em Gaza", segundo o Departamento de Estado.

Os bombardeios noturnos mataram nove pessoas em Jabaliya, no norte, e em Nuseirat, no centro do território, informou o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

"O necrotério do hospital Al Aqsa em Deir el Balah", no centro da Faixa, "está cheio de cadáveres", disse o diretor de hospitais de campanha do ministério, Marwan al-Hams.

O Exército disse ter matado "dezenas de terroristas" no setor de Jabaliya e no centro de Gaza, e ter atacado "mais de 200 alvos do Hamas" em Gaza e do Hezbollah no sul do Líbano desde o dia anterior.

Também afirmou nesta sexta-feira que durante a noite interceptou sete drones lançados de "vários frentes" em direção ao território israelense.

Gaza enfrenta uma grave crise humanitária desde que começou a guerra.

A situação se tornou crítica no norte, onde Israel lançou uma nova ofensiva alegando que os combatentes do Hamas estão se reagrupando lá.

“Toda a população palestina do norte de Gaza está em risco iminente de morte por doenças, fome e violência”, escrevem os chefes de 15 agências humanitárias da ONU, que exigem que “o Estado de Israel cesse seu ataque a Gaza e aos trabalhadores humanitários”.

Veja também

Rede de aplicação do Enem envolve mais de meio milhão de pessoas
Enem 2024

Rede de aplicação do Enem envolve mais de meio milhão de pessoas

Revista britânica "The Economist" declara apoio a Kamala Harris na eleição dos EUA
apoio político

Revista britânica "The Economist" declara apoio a Kamala Harris na eleição dos EUA

Newsletter