ORIENTE MÉDIO

Líbano: Se Israel pensa que isso vai resolver a guerra com o Hezbollah, está enganado

"Isso [explosão de pagers, com mortos] intensifica esta guerra", disse ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib

Pessoas se reúnem na entrada do Centro Médico da Universidade Americana de Beirute, em 17 de setembro de 2024, após explosões atingirem locais em vários redutos do HezbollahPessoas se reúnem na entrada do Centro Médico da Universidade Americana de Beirute, em 17 de setembro de 2024, após explosões atingirem locais em vários redutos do Hezbollah - Foto: Anwar Amro / AFP

O ministro das Relações Exteriores do Líbano, Abdallah Bou Habib, disse que o país estava se preparando para uma grande retaliação do Hezbollah depois que uma explosão de pagers de integrantes da milícia xiita radical libanesa deixou 9 mortos.

"Se Israel pensa com isso que vai devolver seus deslocados do norte de Israel, eles estão enganados. Isso intensifica esta guerra", disse Bou Habib em um telefonema para o The New York Times.

Habib afirmou que o governo libanês está se preparando para registrar uma queixa sobre o ataque no Conselho de Segurança da ONU. "O Hezbollah definitivamente irá retaliar em grande estilo. Como? Onde? Não sei", disse ele após falar nesta terça-feira com autoridades do Hezbollah.

Ao menos nove pessoas morreram e quase 2.800 ficaram feridas nesta terça-feira, 17, quando os dispositivos de mensagem pager de membros do Hezbollah em todo o Líbano explodiram quase simultaneamente, em uma ação atribuída pelo grupo a um "ataque cibernético israelense".

Segundo o Ministério da Saúde, além dos nove mortos confirmados, cerca de 2.750 pessoas ficaram feridas

"O inimigo israelense é totalmente responsável por esta agressão criminosa" e "receberá sem dúvida a sua punição justa", afirmou o Hezbollah em um comunicado. O grupo terrorista Hamas também denunciou uma "agressão terrorista sionista", que não faz distinção "entre combatentes da resistência e civis".

O chefe do estado-maior de Israel, tenente-general Herzi Halevi, realizou um briefing de segurança com outros generais seniores na terça-feira à noite, disseram os militares em uma declaração. Os oficiais revisaram "a preparação para operações defensivas e ofensivas em todas as frentes", de acordo com a declaração.

EUA não receberam aviso de ataque
Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, "não estiveram envolvidos", nem "tinham conhecimento deste incidente", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, que disse que não tinha "nenhuma avaliação" a oferecer sobre se Israel poderia ser responsável pelas explosões. Miller também apelou ao Irã para evitar ações que possam "aumentar ainda mais as tensões na região".

A coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, alertou para o risco de uma "escalada extremamente preocupante em um contexto já (...) volátil" e instou "todas as partes envolvidas a se absterem de qualquer ação (...) que possa desencadear uma conflagração mais ampla".

As explosões ocorreram poucas horas depois que Israel anunciou que iria estender à sua fronteira com o Líbano os alvos da guerra, até então focada na luta contra o Hamas na Faixa de Gaza

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, viajará ao Egito na quarta-feira, 18, para discutir uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns, informou o Departamento de Estado.

É muito cedo para dizer como o ataque poderia impactar as negociações para um cessar-fogo em Gaza, disse Miller, do Departamento de Estado dos EUA. Os Estados Unidos continuavam dizendo a Israel e "outras partes" que eles deveriam buscar uma "resolução diplomática" para a guerra em andamento, ele acrescentou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)


 

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