Unifil: 9.500 capacetes azuis mobilizados no sul de Líbano
A Unifil está posicionada entre o rio Litani e a fronteira libanesa-israelense
A Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês), alvo de disparos israelenses que suscitaram condenações de muitos países, está destacada no sul deste país desde 1978.
Esta força, que conta com cerca de 9.500 soldados, está presa no meio do fogo cruzado entre Israel e Hezbollah desde que o movimento pró-iraniano abriu uma frente contra o Estado israelense em outubro de 2023.
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Desde então, a Unifil não cessou de fazer pedidos de cessar-fogo a ambas as partes.
Agora, ela acusa as forças israelenses - que lançaram uma incursão terrestre no sul do Líbano no final de setembro - de disparos "repetidos" e "deliberados" contra suas posições, que deixaram quatro capacetes azuis feridos em dois dias.
A Itália acusou Israel de possíveis "crimes de guerra" e convocou, assim como a França, o embaixador israelense.
A Unifil está posicionada entre o rio Litani e a fronteira libanesa-israelense, e seu quartel-general está situado em Ras al Naqura, perto da divisa com Israel.
Indonésia, Índia, Gana, Nepal, Itália, Malásia, Espanha, França, China e Irlanda são os dez países principais que fornecem contingentes à missão.
Resolução 1701
A Unifil reivindica a aplicação da Resolução 1701 do Conselho de Segurança, que pôs fim à guerra entre Israel e Hezbollah em 2006.
Essa resolução estipula o fim das hostilidades em ambos os lados da fronteira e dispõe que apenas estejam destacadas no sul do Líbano as forças de manutenção da paz da ONU e o Exército libanês.
O texto permitiu que os militares libaneses assumissem posições ao longo da fronteira, que até então estavam nas mãos do Hezbollah. Mas o grupo islamista manteve sua presença na região, onde especialistas acreditam que eles escavaram uma rede de túneis significativa.
Em 2020, a ONU pediu ao Líbano acesso a esses túneis - que constituem uma violação da Resolução 1701 - sob a Linha Azul, que marca a fronteira entre os dois países, mas não obteve sucesso.
Depois de 2006, as tensões e o fogo trocado entre Israel e Hezbollah continuaram, mas de forma esporádica, até a nova escalada de outubro de 2023.
A missão principal da Unifil é apoiar os trabalhos humanitários, mas ela também pode "tomar qualquer ação necessária em relação à mobilização de suas forças para garantir que sua área de operações não seja utilizada para atos hostis".
334 mortos
O Conselho de Segurança criou a Unifil em 1978 e mobilizou à época 6 mil homens após uma primeira invasão de uma parte do sul do Líbano por Israel, que afirmava proteger o norte de seu território dos combatentes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Em 1982, as tropas israelenses chegaram até a capital Beirute antes de se retirarem em 1985. O Conselho de Segurança ordenou ao Exército israelense (resolução 425) a retirada de suas forças de todo o território libanês, mas Israel manteve uma faixa fronteiriça.
Foi só em agosto de 2000 que a Unifil, até então uma testemunha impotente diante de Israel no sul de Líbano, assumiu posições na fronteira após o fim da ocupação israelense em maio.
Desde 1978, a Unifil, cujo mandato é renovado a cada ano pelo Conselho de Segurança da ONU, registrou a perda de 334 homens, a maioria soldados.