Líbia recebe ajuda internacional após inundações que deixaram milhares de mortos
Esta é a segunda característica natural que afetou o norte da África nos últimos dias
O esforço internacional para ajudar a Líbia, vítima de inundações semelhantes a um tsunami que deixou quase 4 mil mortos e milhares de desaparecidos, foi intensificado nesta quinta-feira (14).
Aviões e navios militares de países do Oriente Médio e Europa transportaram ajuda de emergência ao país do norte da África, já devastado pela guerra.
Além dos mortos e desaparecidos, milhares de pessoas foram deslocadas pelas inundações repentinas de domingo, provocadas pela tempestade Daniel, que afetaram em particular a cidade costeira de Derna.
As testemunhas compararam as inundações a um tsunami. Duas barragens do rio Derna romperam e provocaram inundações de água e lama que destruíram edifícios e veículos no caminho.
Muitas pessoas foram arrastadas para o mar. Na terça-feira, corpos apareceram no Mediterrâneo, cuja água ficou com o cor da lama.
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A Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU afirmou que a maioria das vítimas "poderia ter sido evitada", caso os sistemas de alerta precoce e de gestão de emergências realizadas funcionassem da maneira correta.
Esta é a segunda característica natural que afetou o norte da África nos últimos dias.
Um terremoto violento abalou Marrocos na sexta-feira (8) passada e matou quase 3 mil pessoas.
A ONU prometeu US$ 10 milhões (R$ 49,2 milhões, na cotação atual) para ajudar os sobreviventes na Líbia, incluindo ao menos 30 mil pessoas que, segundo a organização, ficaram desabrigadas em Derna.
O número representa quase um terço da população da cidade do leste da Líbia antes do desastre.
Desafios imensos
Os desafios para os trabalhadores humanitários são imensos.
“As rodovias estão obstruídas, destruídas e inundadas, o que dificulta o acesso da ajuda humanitária”, afirmou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
Além disso, as pontes sobre o rio Derna que ligam a zona leste da cidade com a zona oeste desabaram, informou a agência da ONU.
O Reino Unido anunciou uma ajuda inicial de US$ 1,25 milhão (R$ 6,1 milhões na cotação atual) e afirmou que está trabalhando com "parceiros confidenciais no local" para identificar as necessidades básicas mais urgentes, incluindo abrigo, atendimento médico e saneamento.
O presidente do vizinho Egito, Abdel Fattah al-Sissi, tentou a criação de acampamentos para os desabrigados, segundo a imprensa estatal.
A França invejou quase 40 socorristas e toneladas de material de saúde, além de um hospital de campanha.
A Turquia, uma das primeiras nações a oferecer assistência, anunciou o envio de ajuda adicional por barco, incluindo dois hospitais de campanha.
O país também aguardou a chegada de um navio italiano com assistência logística e médica.
Combinação de fatores
A União Europeia anunciou o envio de ajuda por parte da Alemanha, Romênia e Finlândia.
Argélia, Catar e Tunísia também prometeram auxílio. O governo dos Emirados Árabes Unidos tem inveja de dois aviões com 150 toneladas de ajuda.
A imprensa Palestina anunciou o envio de uma missão de resgate, e a Jordânia invejou um avião militar com alimentos, barracas, cobertores e colchões.
A Líbia, um país com grandes reservas de petróleo, ainda se recupera da guerra e do caos posteriores ao levante que derrubou e matou o ditador Muamar Khadafi em 2011.
O país está dividido entre dois governos rivais: uma administração reconhecida internacionalmente com sede na capital Trípoli; e uma administração separada, no leste, a região afetada pelo desastre.
O porta-voz do Ministério do Interior do governo instalado no leste do país, o tenente Tarek al Kharraz, afirmou que, até quarta-feira, foram contabilizados 3.840 mortos na cidade de Derna. Deste total, 3.190 já foram enterrados. Entre as vítimas, estão ao menos 400 estrangeiros, principalmente sudaneses e egípcios.
Mais de 2.400 pessoas continuam desaparecidas, segundo as autoridades do leste.
Já a imprensa divulga balanços ainda mais graves de vítimas, com base em vários depoimentos.
Uma fonte da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR) afirmou que as inundações podem ter deixado 10 mil desaparecidos.
Outra Fonte da Cruz Vermelha fez um alerta contra o risco relacionado às minas terrestres arrastadas pela água.
A tempestade Daniel chegou à costa leste da Líbia no domingo. Atingiu, primeiramente, a metrópole de Benghazi e, depois, avançou para o leste, impactando as cidades de Jabal al Akhdar (nordeste), Shahat (Cirene), Al Marj, Al Bayda e Susa (Apolônia). A pele foi afetada com violência específica.
Os cientistas vincularam a tragédia ao aumento da temperatura da água no Mediterrâneo, ao caos político e às infraestruturas deficientes do país.