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Saúde

Lições da Covid devem ser usadas para combater resistência aos antibióticos, diz OMS

Resistência de bactérias é outro flagelo que ameaça seriamente a população mundial

Resistências das bactérias aos antibióticos preocupa a saúde pública mundialResistências das bactérias aos antibióticos preocupa a saúde pública mundial - Foto: Greg Wood/AFP

As lições aprendidas na luta contra o vírus da Covid-19 devem ser usadas para combater outro flagelo que ameaça seriamente a população mundial: a resistência aos antibióticos, destacou a OMS nesta quinta-feira (15).

A Organização Mundial da Saúde divulgou seu novo relatório sobre medicamentos em desenvolvimento para combater as superbactérias, assim chamadas porque são resistentes a muitas classes de antibióticos.

E a observação da OMS é sombria porque há pouquíssimos novos medicamentos eficazes nos projetos dos laboratórios farmacêuticos.

Mas estima que a mobilização contra a Covid-19 provou que um progresso rápido pode ser feito quando estimulado por vontade política. 

Calcanhar de Aquiles
"Os antibióticos são o calcanhar de Aquiles da cobertura universal de saúde e de nossa segurança sanitária", comentou Haileyesus Getahun, responsável pela divisão de resistência a antibacterianos da OMS. 

"As oportunidades que se apresentam à luz da pandemia de covid-19 devem ser aproveitadas para enfatizar a necessidade de investimento durável (em pesquisa) para novos antibióticos eficazes", acrescentou.

Ele sugere a criação de um mecanismo global para arrecadar fundos para combater a resistência das bactérias, semelhante ao que foi feito para desenvolver vacinas contra a covid. 

A covid-19 nos ensinou "como uma doença contagiosa pode se espalhar rapidamente", explicou Henry Skinner, que dirige o AMR Action Fund, em uma entrevista coletiva.

"Precisamos dos medicamentos certos disponíveis para sempre sermos capazes de tratar essas infecções e evitar que se transformem em uma pandemia", disse ele. 

As bactérias resistentes matam mais de 68.000 pessoas a cada ano na Europa e nos Estados Unidos. E é um problema indiscutivelmente mais grave em países de renda média e baixa, mas os dados não estão disponíveis, segundo Peter Beyer, que chefia a Unidade de Coordenação e Colaboração Global sobre Resistência a Antibacterianos. 

A resistência aumenta porque os antibióticos são muito e mal usados, seja na criação de animais ou no tratamento de humanos. 

As bactérias desenvolvem resistência e não respondem mais aos tratamentos existentes.

É preciso, portanto, criar novos antibióticos, mas os grupos farmacêuticos relutam em investir grandes somas em um setor considerado pouco lucrativo.

Anos 80
Desta forma, a maioria dos antibióticos que estão no mercado são classes de drogas descobertas antes da década de 1980, ressaltou a organização.

Em seu relatório anual, observa que nenhum dos 43 antibióticos em desenvolvimento pode combater com eficácia as bactérias mais perigosas em circulação.

Também aponta que 82% dos antibióticos autorizados recentemente pertencem a classes de medicamentos aos quais as bactérias já se mostraram resistentes. 

"Embora existam produtos inovadores em desenvolvimento, é provável que apenas uma fração deles chegue ao mercado devido aos altos índices de fracassos no processo", alertam os autores do relatório.

Pela primeira vez, a OMS também cataloga medicamentos antibacterianos não tradicionais. Identifica 27 deles, incluindo antígenos monoclonais ou mesmo o uso de fagos, vírus que infectam apenas bactérias e que foram amplamente utilizadas atrás da "cortina de ferro" durante a Guerra Fria e agora estão sendo redescobertos no Ocidente.

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