Líder da oposição venezuelana, María Corina é presa durante protesto um dia antes da posse de Maduro
Ex-deputada fazia sua primeira aparição pública em mais de 5 meses quando foi levada por supostos agentes do regime
A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi presa nesta quinta-feira durante um protesto em Caracas na véspera da posse do presidente Nicolás Maduro. A ex-deputada estava vivendo na clandestinidade no país após ser alvo de ameaças de prisão do regime, e fez sua primeira aparição pública depois de mais de cinco meses na manifestação. Segundo assessores, seu paradeiro é desconhecido.
O partido de María Corina, Vem Venezuela, denunciou em uma publicação nas redes sociais que a opositora foi “violentamente interceptada” ao sair do protesto. De acordo com assessores, ela era escoltada por um comboio de motos quando o grupo foi atacado a tiros por agentes do regime, que a sequestraram.
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Durante a manifestação, convocada por ela nas redes sociais, a líder da oposição venezuelana reivindicou a vitória de Edmundo González nas eleições de junho do ano passado, alvo de acusações de fraude por grande parte da comunidade internacional. O ex-diplomata, hoje em exílio na Espanha, a substituiu na corrida eleitoral após ela ter sido inabilitada pela Justiça, alinhada ao chavismo, de concorrer a cargos públicos por 15 anos.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão máximo eleitoral do país, proclamou a vitória de Nicolás Maduro sem apresentar, até hoje, as atas que comprovariam o resultado. A oposição, por outro lado, apresentou cópias de mais de 80% dos boletins das urnas que atestam a eleição de González. Pesquisadores e observadores internacionais, como o Centro Carter, corroboraram a veracidade dos documentos apresentados pelos opositores. Desde então, diversos reconheceram González como presidente eleito da Venezuela.
A reeleição de Maduro gerou protestos que deixaram 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 detidos, incluindo adolescentes, que também foram acusados de terrorismo e enviados para prisões de segurança máxima. Cerca de 1.500 já foram libertados.
Há dois dias, Maduro havia ativado um plano militar na Venezuela, conhecido como Órgão de Defesa Integral da Venezuela (ODI), mobilizando as Forças Armadas e policiais de todo o país sob a alegação de que havia planos para impedir sua posse nesta sexta-feira, 10 de janeiro.
"Que se ativem, a partir de hoje, durante os dias 8 e 9 [de janeiro] a nível nacional. E que as ODI ativadas integralmente em todos os estados, municípios, paróquias e comunidades garantam o que será a vitória exemplar da paz da Venezuela nos dias que estão por vir", ordenou Maduro.