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Equador

Líder de gangue que ameaçou candidato morto no Equador é transferido de presídio

As autoridades não esclareceram quem pagou os pistoleiros que atiraram nele

Líder de gangue que ameaçou candidato morto no Equador é transferido de presídioLíder de gangue que ameaçou candidato morto no Equador é transferido de presídio - Foto: Marcos PIN/AFP

Com uma megaoperação militar e policial, autoridades equatorianas transferiram de presídio, neste sábado (12), o líder do grupo criminoso mais poderoso do país, a quem o candidato presidencial Fernando Villavicencio acusou de tê-lo ameaçado antes de ser morto.

Na madrugada, cerca de 4.000 policiais entraram fortemente armados e em veículos militares blindados ao Centro de Privação da Liberdade Regional Número 8 de Guayaquil (sudoeste), onde estava preso José Adolfo "Fito" Macías, chefe do temido grupo "Los Choneros".

Um homem obeso e barbudo aparece nas imagens postadas nas redes sociais pelas forças públicas. A autoridade carcerária estatal SNAI confirmou à AFP que se trata de "Fito", recluso ali desde 2011.

O líder de "Los Choneros" aparece em uma foto de frente com as mãos na cabeça, e em outras aparece no chão, com os braços amarrados e vestindo roupas íntimas, juntamente com dezenas de presos.

Mais tarde, o presidente equatoriano, Guillermo Lasso, informou pela rede X, antigo Twitter, que "Fito" foi transferido para La Roca, pequeno presídio de segurança máxima, que faz parte do mesmo complexo penitenciário onde ficava a prisão onde estava anteriormente.

Macías controlava pelo menos um pavilhão do presídio de onde foi transferido.

O nome de "Fito" tem repercutido na mídia no Equador desde a quarta-feira, após o assassinato a tiros, em Quito, do presidenciável Fernando Villavicencio, um centrista que era segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, segundo consulta recente.

Villavicencio, de 59 anos, havia denunciado, uma semana antes, que o chefe criminoso o tinha ameaçado de morte.

Advertências
Segundo Villavicencio, uma das advertências chegou a ele por meio de um aliado político na província costeira de Manabí, onde fica a cidade de Chone, onde o grupo surgiu.

Um "emissário de codinome Fito" o contactou, explicou Villavicencio. Foi "para dizer que se eu continuar (...) mencionando Los Choneros, vão me quebrar (assassinar)", disse ao programa Vis a Vis.

Outra ameaça chegou por mensagem de texto de um usuário, que tinha como foto de perfil uma imagem de "Fito", condenado a 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e homicídio.

Ex-jornalista e deputado, Villavicencio se tornou um incômodo para as gangues e os narcotraficantes por suas investigações.

As autoridades não esclareceram quem pagou os pistoleiros que atiraram nele. Seis colombianos foram detidos por envolvimento no caso, enquanto um sétimo morreu em uma troca de tiros com seguranças do candidato.

Lasso se limitou a dizer que Villavicencio foi vítima do crime organizado.

Condenação do papa Francisco
As prisões se tornaram o centro de operações do narcotráfico no Equador. Desde 2021, mais de 430 detentos morreram violentamente, dezenas deles esquartejados e incinerados em meio a disputas entre gangues rivais. Várias delas começaram depois da transferência de líderes para outros presídios.

Lasso mostrou em um vídeo "Fito" caminhando em meio a dezenas de homens uniformizados. Sua decisão se sucede a uma semana das eleições gerais que ele mesmo antecipou ao dissolver, em maio, a opositora Assembleia Nacional em meio a um julgamento político contra ele por suspeita de corrupção.

O poder do narcotráfico marca a campanha para a eleição do futuro presidente do Equador. A comunidade internacional, liderada por ONU, OEA, Estados Unidos e União Europeia condenaram o assassinato de Villavicencio.

Neste sábado, o papa Francisco lamentou sua morte e repudiou a violência que castiga o país, em telegrama endereçado ao arcebispo de Quito, monsenhor Alfredo Espinoza.

O sumo pontífice condenou "com todas as suas forças" o "sofrimento causado por uma violência injustificável".

O partido Construye, ao qual Villavicencio pertencia, anunciou neste sábado que sua companheira de chapa, a ambientalista Andrea González, o substituirá na disputa à Presidência nas eleições de 20 de agosto.

"O movimento vai substituir o binômio presidencial, colocando Andrea González como presidente", informou a organização em um comunicado.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) tem previsto organizar na noite de domingo um debate entre os pré-candidatos à Presidência do Equador.

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