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HAMAS

Militares que mataram líder do Hamas estavam em treinamento e não sabiam que atiravam contra Sinwar

Soldados não estavam na área em busca de líderes do grupo, afirmam oficiais; chefe do Estado-Maior afirma que operação foi inesperada

Chefe do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya SinwarChefe do Hamas na Faixa de Gaza, Yahya Sinwar - Foto: Mahmud Hams / AFP

Por mais de um ano, a instituição de segurança de Israel, apoiada pelos Estados Unidos, dedicou vastos recursos e reuniu uma grande quantidade de informações em sua caçada a Yahya Sinwar, o líder do Hamas que foi o arquiteto dos ataques de 7 de outubro.

Mas, no final, uma unidade de comandantes de esquadrão em treinamento encontrou inesperadamente Sinwar durante uma operação no sul de Gaza, de acordo com quatro oficiais de defesa israelenses, que falaram sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto.

O próprio chefe do Estado-Maior do Exército israelense, o tenente-general Herzi Halevi, reconheceu que a operação não foi um ataque direcionado, mas inesperado:

— Conduzimos muitas operações especiais nesta guerra, nas quais tínhamos excelentes informações e enviamos forças preparadas com precisão exata sobre onde ir. Aqui, não tivemos isso — disse.

A unidade estava em patrulha no sul de Gaza na quarta-feira quando os soldados israelenses se depararam com um pequeno grupo de combatentes, disseram as autoridades. As tropas não estavam na área para uma operação de assassinato, informou o jornal israelense Haaretz, e não tinha informações prévias que Sinwar estava presente no local.

Os soldados — com o apoio de drones — entraram em um tiroteio, e três militantes palestinos foram mortos. Durante o combate, os israelenses derrubaram parte de um prédio onde os militantes haviam se abrigado, disseram duas autoridades.

Quando a poeira baixou e eles começaram a revistar o prédio, os soldados israelenses notaram que um dos corpos tinha uma semelhança chocante com o líder do Hamas, disseram as três autoridades. As tropas usaram drones para examinar o prédio e localizar os corpos, afirmou o Haaretz.

O jornal israelense afirmou que dispositivos explosivos foram implantados no prédio e que engenheiros foram enviados para neutralizá-los.

Lugar improvável
Era um lugar aparentemente improvável para encontrá-lo. Os serviços de inteligência de Israel e dos EUA há muito tempo avaliaram que Sinwar — temendo por sua própria segurança — estava escondido no subsolo, cercando-se de reféns israelenses para evitar o assassinato.

Fotografias obtidas pelo New York Times, algumas das quais circularam posteriormente na internet, mostram o corpo de um homem com características faciais muito parecidas com as de Sinwar. O corpo do homem tem vários ferimentos graves, inclusive na cabeça e na perna.

As fotografias mostram que o corpo tem várias características que coincidem com as vistas nas filmagens de arquivo de Sinwar, incluindo sinais característicos perto dos olhos e dentes tortos.

Horas depois do fim da luta, os soldados se aproximaram dos corpos com cautela. A área ainda estava repleta de dispositivos explosivos, disseram dois oficiais. Eles também pensaram que o corpo de um combatente, posteriormente identificado como Sinwar, estava armadilhado.

Eles encontraram dinheiro e armamentos ao lado dos militantes, de acordo com um dos oficiais, que compartilhou fotos da cena, incluindo algumas em que os itens estavam expostos.

As tropas, segundo um dos oficiais, também estavam preocupadas com a possibilidade de haver reféns na área, mas nenhum deles foi encontrado com os combatentes. Não há evidências de que algum dos reféns ainda mantidos em Gaza tenha sido ferido durante a batalha, disseram os militares israelenses. Na noite desta quinta-feira, o Exército israelense, após concluir o processo de identificação, anunciou que Sinwar estava morto.

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