Logo Folha de Pernambuco

frança

Líder histórico da extrema direita francesa é enterrado sob forte esquema de segurança

O funeral privado aconteceu neste sábado pela tarde, na presença de sua filha Marine Le Pen

O caixão da figura de extrema direita francesa Jean-Marie Le Pen é levado para a Igreja durante seu funeral em sua cidade natalO caixão da figura de extrema direita francesa Jean-Marie Le Pen é levado para a Igreja durante seu funeral em sua cidade natal - Foto: Sebastien Salom-Gomis / AFP

O líder histórico da extrema direita francesa, Jean-Marie Le Pen, foi sepultado neste sábado (11) sob fortes medidas de segurança, depois que sua morte expôs a divisão que gera na França, um político polêmico e provocador.

As autoridades reforçaram a segurança em La Trinité sur Mer, localidade natal de Le Pen, no oeste da França, onde foi enterrado, depois que centenas de opositores saíram às ruas em Paris e outras cidades do país para comemorar sua morte, ocorrida na terça-feira.

Nessas concentrações festivas espontâneas, os manifestantes lançaram fogos para expressar sua reprovação a este político falecido aos 96 anos, conhecido por seus comentários xenofóbicos e antissemitas. Manifestações de júbilo que o governo francês tachou de "vergonhosas".

Pascal Bolot, prefeito do departamento de Morbihan, onde fica a pequena localidade de La Trinité sur Mer, às margens do Atlântico, emitiu na sexta-feira uma ordem para proibir as manifestações na localidade.

Bolot argumentou que "a personalidade política do falecido" é "suscetível de atrair uma grande multidão, tanto de apoiadores quanto possivelmente de opositores, à margem da cerimônia religiosa e do enterro".

O funeral privado aconteceu neste sábado pela tarde, na presença de sua filha Marine Le Pen, que assumiu o bastão do pai no comando do partido Frente Nacional (FN) e depois o renomeou como Reagrupamento Nacional (RN), e de outros membros da família e de seu círculo político mais íntimo.

Marine e uma de suas duas irmãs, Marie-Caroline, percorreram algumas centenas de metros da casa da família até a igreja de São José diante de uma pequena multidão de curiosos e dezenas de jornalistas.

Cerca de 200 pessoas assistiram à missa e, ao final da cerimônia, Marine parecia chorosa.

Centenas de pessoas participaram da procissão até o cemitério, que terminou com aplausos de homenagem.

No município, de aproximadamente 1.700 habitantes, foi destacado um contingente adicional de efetivos de segurança para evitar manifestações contrárias, mas a jornada transcorreu sem incidentes.

"Teve a coragem de dizer as coisas"
Nascido em 20 de junho de 1928, Jean-Marie Le Pen participou das guerras coloniais francesas de Argélia, onde foi acusado de tortura -- o que nega --, e Vietnã.

Fundou o FN em 1972, mas o ápice de sua carreira foi em 2002, quando aos 73 anos chegou ao segundo turno da eleição presidencial, que perdeu para o conservador Jacques Chirac após mobilização contrária maciça.

Embora tenha fracassado em até cinco ocasiões, conseguiu instalar a extrema direita no panorama político da França e, em 2011, cedeu as rédeas do partido a sua filha Marine Le Pen.

Marine se esforçou para moderar a imagem do partido de extrema direita e conseguiu se impor como figura política central. Em 2017 e 2022, chegou ao segundo turno em ambas as eleições presidenciais, vencidas por Emmanuel Macron.

No entanto, as relações entre pai e filha tiveram muitos altos e baixos. Em 2015, Marine o expulsou do partido depois que ele considerou que o Holocausto foi um "detalhe" da História na Segunda Guerra Mundial.

À época, Jean-Marie Le Pen refugiou-se nas suas Memórias, onde retomou seus temas favoritos como a teoria conspiratória da "grande substituição" da população francesa pela imigração.

Cumprindo com o seu desejo, o político foi enterrado no mausoléu onde repousam seus pais, perto da residência familiar.

À saída da cerimônia, Marine Le Pen de as mãos a algumas pessoas reunidas, enquanto soavam as gaitas típicas de um conjunto tradicional bretão.

"Vim para prestar homenagem a um homem que serviu a França e amou a França", disse à AFP Johann, de 40 anos, que vive em Auray, uma localidade próxima.

Ludovic, de 43 anos, concordou e afirmou ter comparecido para homenagear "um grande homem que teve a coragem de dizer as coisas".

"Era um visionário. Amava a França e o seu povo, e tinha valores que estão se perdendo, como o amor à pátria", opinou.

Na quinta-feira, 16 de janeiro, está prevista uma cerimônia de despedida a Le Pen, aberta ao público, em uma igreja de Paris.

Veja também

México vai enviar reforços aos EUA para combate incêndios em Los Angeles
AJUDA

México vai enviar reforços aos EUA para combate incêndios em Los Angeles

Incêndios continuam se propagando em Los Angeles
INCÊNDIO

Incêndios continuam se propagando em Los Angeles

Newsletter