Líder indígena que foi à COP-26 tem casa invadida em Santarém
À PF, Alessandra disse que o crime pode ter ocorrido como "represália à sua atuação na defesa dos direitos indígenas"
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Cinco dias após ter retornado de Glasgow, onde discursou na Conferência do Clima das Nações Unidas (COP26), a líder indígena Alessandra Korap Mundukuru relatou à Polícia Federal que teve a casa invadida e roubada, em Santarém, no interior do Pará. Um boletim de ocorrência, registrado neste sábado, diz que os bandidos reviraram a residência e levaram o cartão de memória das câmeras de segurança, uma pasta de documento com notas fiscais e um montante de R$ 4.000.
Segundo o registro feito na PF, "causou estranheza" o fato de bens mais valiosos, como o notebook e a televisão, não terem sido levados. À PF, Alessandra disse que o crime pode ter ocorrido como "represália à sua atuação na defesa dos direitos indígenas". Vice coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Pará, ela é uma das vozes mais críticas à invasão de garimpeiros ilegais na Terra Munduruku, que margeia o Rio Tapajós.
O número de invasores cresceu tanto neste ano que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, determinuou ao governo federal tomada de "medidas necessárias" para proteger o território dos Mundurukus.
Alessandra foi uma das 40 representantes de povos indígenas que foram à COP26 para denunciar as constantes invasões de garimpeiros, grileiros e madereiros em reservas na Amazônia.
Como a sua casa estava sem luz, ela estava abrigada na casa de uma amiga na noite da invasão. - Eu já estava sentindo que não era para eu ficar na casa no escuro. E era só a minha casa que não tinha energia - comentou Alessandra. - Esta é a segunda vez que invadem a minha casa. Tinha colocado câmeras, mas parece que eles não se intimidam com isso - acrescentou.
A Polícia Federal e um representante da Funai em Santarém abriram uma investigação para apurar o caso.