Líderes de gangues no Haiti exigem a renúncia do primeiro-ministro após fuga em massa de detentos
Desde quinta-feira, grupos armados atacaram locais estratégicos da capital, alegando que pretendem derrubar o governo de Ariel Henry, no poder desde 2021
Líderes de gangues no Haiti estão exigindo a renúncia do primeiro-ministro, Ariel Henry, após o governo haitiano declarar estado de emergência no país, um dia depois que gangues armadas invadiram uma penitenciária e permitiram a fuga de cerca de 3.700 presos, deixando ao menos 12 mortos.
Desde quinta-feira, gangues armadas atacaram locais estratégicos da capital, alegando que pretendiam derrubar o governo de Henry, que está no poder desde 2021 e deveria ter abandonado o cargo no início de fevereiro.
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O governo também relatou que duas prisões, uma em Porto Príncipe e outra nas proximidades de Croix des Bouquets, foram invadidas durante o fim de semana. Diante dos eventos, foi instituído um toque de recolher imediato, que começou às 20h no horário local (22h no horário de Brasília), devido à ameaça à segurança nacional representada pelos atos de "desobediência".
O estado de emergência e o toque de recolher poderão ser prolongados. Quem assinou o decreto foi o ministro da Economia, Patrick Michel Boisvert, primeiro-ministro em exercício na ausência de Henry. O premier estava no Quênia para assinar um acordo para o envio de policiais do país africano como parte de uma missão apoiada pela ONU para ajudar a restabelecer a ordem no país caribenho, muito afetado pelas ações das gangues.
Pelo menos uma dezena de pessoas morreram depois que os grupos criminosos atacaram na noite de sábado a Penitenciária Nacional de Porto Príncipe e provocaram a fuga dos detentos.
— Foram contabilizados muitos corpos de detentos — declarou no domingo o diretor-executivo da ONG Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH), Pierre Espérance.
Ele informou que apenas uma centena de presos permaneciam na penitenciária, que antes do ataque tinha 3.800 detentos.
O Haiti, país pobre do Caribe, enfrenta uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021. As forças de segurança estão sobrecarregadas pela violência das gangues, que assumiram o controle de áreas inteiras do país, incluindo a capital.