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COP27

Líderes mundiais enfrentam debate difícil sobre as finanças da luta contra a mudança climática

A desconfiança impera entre os países mais desenvolvidos e os mais vulneráveis às mudanças climáticas

COP27COP27 - Foto: Ahmad Gharabli / AFP

Mais de 100 líderes mundiais se reúnem nesta segunda-feira (7) na reunião de cúpula COP27, pressionados para melhorar o financiamento dos países mais vulneráveis, devastados pelos efeitos da mudança climática.

O anfitrião e presidente egípcio, Abdel Fattah al Sissi, e o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, serão os primeiros a discursar na reunião de Sharm el Sheikh, que terá a presença de líderes europeus como o presidente francês Emmanuel Macron e o chefe de Governo alemão Olaf Scholz.

A grande ausência será a de Xi Jinping, presidente da China, país que é maior emissor de gases do efeito estufa. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, segundo maior poluente, viajará ao Egito em 11 de novembro, três dias após as eleições de meio de mandato.

"Estados Unidos e China devem responder a este desafio, já que os europeus são os únicos que pagam", declarou Macron em um encontro com jovens antes da sessão plenária.

Os grandes países emergentes "têm que abandonar rapidamente" o carvão como fonte de energia, insistiu o chefe de Estado francês.

"Todos no mesmo barco"
A COP27, que continuará após o encontro de cúpula até o dia 18, começou com a aprovação de uma agenda que inclui um tema delicado, que provocou divergências nos últimos anos entre os países mais desenvolvidos e as nações mais pobres: perdas e danos.

Após uma negociação intensa, os países discutirão a criação de um fundo específico para mitigar os efeitos das secas, inundações e fenômenos meteorológicos extremos.

A questão não envolve indenizar os países pobres, insistem as nações industrializadas, que são as que historicamente emitiram em larga escala os gases de efeito estufa, responsáveis pelas mudanças climáticas.

A maioria dos países membros da COP, reunidos no denominado G77, liderado atualmente pelo Paquistão, considera que é necessário falar de compensações, com pagamentos o mais rápido possível.

Mas falar sobre "perdas e danos" em Sharm el-Sheikh não significa que o fundo será criado. Os países ainda têm dois anos para continuar negociando.

A desconfiança impera entre os países mais desenvolvidos e os mais vulneráveis, especialmente quando os primeiros continuam a não cumprir a meta de mobilizar em favor dos últimos a quantia de 100 bilhões de dólares por ano para ajudá-los a reduzir suas emissões e também para a adaptação aos efeitos das mudanças climáticas.

Além da questão financeira, existe a preocupação primordial de reduzir as emissões de gases que provocam o efeito estufa, em um contexto muito abalado pela crise de abastecimento de energia na Europa, provocada pela invasão russa da Ucrânia, e o renovado boom do gás.

Desde o ano passado, ao menos 30 países reforçaram as metas de redução de emissões, apesar do compromisso comum dos quase 200 membros da COP.

Equilíbrio
Com todos os indicadores climáticos em situação negativa - emissões recorde em 2021, concentração de CO2 na atmosfera, aumento do nível dos oceanos, recorde de temperatura nos últimos oito anos -, o encontro da cúpula deve representar um delicado exercício de equilíbrio entre a exigência de cortar emissões e o argumento de países em desenvolvimento de que os mais ricos não podem negar o direito a explorar seus hidrocarbonetos agora.

O tempo é cada vez mais curto, pois segundo as previsões mais recentes da ONU o aquecimento pode alcançar +2,4ºC até o ano 2100, ou inclusive +2,8ºC caso persista a trajetória atual.

Os níveis são muito superiores ao limite de +1,5ºC incluído no Acordo de Paris de 2015, que segue em vigor, apesar de o aumento da temperatura já ter alcançado 1,2ºC na comparação com a era pré-industrial.

As medidas de segurança são consideráveis na sede da conferência, um balneário entre o deserto e o Mar Vermelho.

A organização Human Rights Watch afirmou que dezenas de pessoas que convocaram manifestações foram detidas.

Levantar a voz nesta cidade sob vigilância constante será complicado, admitem os jovens ativistas.

"Levando em consideração o interrogatório a que fui submetido no aeroporto, não será fácil fazer o que planejamos", disse à AFP o ativista ugandense Nyombi Morris.

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