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SAÚDE

Lifting de bumbum brasileiro: conheça os riscos da cirurgia estética praticada no mundo todo

Estima-se que ao menos 20 mulheres morreram na Turquia fazendo a cirurgia desde 2019

Imagem mostra antes e depois de cirurgia do "bumbum brasileiro" feita nos EUA Imagem mostra antes e depois de cirurgia do "bumbum brasileiro" feita nos EUA  - Foto: Reprodução

O famoso Brazilian butt lift (BBL), também chamado de lifting de bumbum brasileiro, tem ganhado adeptos e muita fama ao longo dos anos. Muitas pessoas, principalmente britânicos, viajam à Turquia na intenção de realizar o procedimento que tem como objetivo retirar gordura de uma região do corpo e introduzir nos glúteos para deixá-lo mais arredondado, avantajado e liso.

Recentemente, uma mulher, mãe de três filhos, morreu ao passar pelo procedimento. Acredita-se que Demi Agoglia tenha sofrido vários ataques cardíacos causados por uma embolia gordurosa depois que os médicos disseram que sua cirurgia foi bem-sucedida.

O caso acontece anos depois de outra mulher morrer após realizar o mesmo procedimento na Turquia. Melissa Kerr, 31 anos, moradora de Norfolk, no Reino Unido, estava constrangida com sua aparência e decidiu viajar para a Turquia e realizar o procedimento no hospital privado Medicana Haznedar.

Um inquérito sobre o caso revelou que a paciente recebeu apenas “informações limitadas sobre os riscos e a taxa de mortalidade” associados à operação. Estima-se que ao menos 20 mulheres morreram na Turquia fazendo a cirurgia desde 2019.

Riscos
Muitas das vítimas que realizaram a cirurgia tiveram uma embolia gordurosa que é quando partes da gordura entram em vasos sanguíneos e se alojam no pulmão e no coração, causando morte súbita. Esta é a principal causa de morte relacionada ao procedimento. Nos Estados Unidos, a cada três mil cirurgias feitas de enxerto no glúteo resultam em ao menos uma morte. Essa taxa de letalidade é a mais alta para qualquer procedimento estético.

Tal complicação foi o que matou Leah Cambridge, 29 anos, uma mãe britânica que morreu em agosto de 2018 depois de realizar o procedimento, também na Turquia. Os efeitos colaterais genéricos incluem hematomas, inchaço, dormência temporária e cicatrizes. E, como qualquer operação, traz o risco de sangramento excessivo e infecção.

“O risco de morte para a cirurgia BBL é pelo menos 10 vezes maior do que muitos outros procedimentos cosméticos, e tem a maior taxa de mortalidade de todos os procedimentos cosméticos”, escreveu Maria Caulfield, ministra da saúde mental e estratégia de saúde da mulher do Reino Unido.

Recentemente a Associação Britânica de Cirurgiões Plásticos Estéticos (BAAPS) também descobriu que 324 britânicos precisaram de tratamento médico ou cirurgia corretiva depois de terem passado pela faca no exterior desde 2018. Este número aumentou 94% em três anos, afirmou a organização, com os números do BAAPS sugerindo que a Turquia foi a maior fonte de operações fracassadas.

Autoridades do Reino Unido se reuniram com autoridades da Turquia após a morte da britânica. Eles querem "encorajar todos os prestadores que tratam cidadãos do Reino Unido a cumprirem as melhores práticas internacionais em procedimentos pré-operatórios sempre que possível".

Mas porque tantas pessoas viajam ao exterior para realizar o procedimento?
Um dos motivos está relacionado ao fato do Reino Unido ter evitado este tipo de cirurgia em 2018 por ser considerado perigoso demais. Muitas pessoas, principalmente mulheres, começaram a viajar para o exterior a fim de realizar essas cirurgias. Aliados a isso, o procedimento costuma ser mais barato em lugares como a Turquia, a Europa Oriental ou o Sudeste Asiático.

Os voos também costumam ser mais baratos, bem como o aumento da tendência que combina cirurgia estética com férias.

“A cirurgia no exterior pode ser mais barata do que a cirurgia no Reino Unido. As diferenças no custo de vida, nas despesas comerciais, no custo de garantir a conformidade das instalações e processos com os regulamentos do Reino Unido e no seguro médico são algumas das razões pelas quais pode ser mais caro no Reino Unido. O BAAPS incentiva as pessoas a observarem a qualidade e o serviço prestado, bem como o custo, pois é vital saber o que está incluído e o que não está incluído e ter informações completas sobre o procedimento e também sobre o seu cirurgião e hospital”, explica Nora Nugent, vice-presidente da BAAPS.

Lifting de bumbum brasileiro
O procedimento chamado Brazilian Butt Lift (BBL) ou "levantamento de bumbum brasileiro", envolve a retirada de gordura de outras partes do corpo para serem injetadas nas nádegas de forma a remodelá-las e deixá-las mais arredondada e maior.

No Brasil, a cirurgia consiste em retirar, por meio de uma lipoaspiração, gorduras da região dos braços, flancos, ancas, cintura, abdômen, parte interna das coxas e culote, para enxertar nos glúteos em regiões selecionadas. Normalmente são colocadas nas áreas superiores, laterais e no sulco interglúteo (entre as duas nádegas), regiões que não possui muitos vasos sanguíneos, o que diminui o risco de ter uma embolia gordurosa. O tecido é injetado no subcutâneo e, em poucos casos, com pequenas quantidades, dentro do músculo. Também há um limite para o volume da gordura — no máximo 400 milímetros em cada nádega — e o enxerto é realizado por cânulas finas que medem de 10 a 50 centímetros.

"Nos Estados Unidos o procedimento funciona com diferenças essenciais na forma e no volume. Primeiro que a gordura é decantada, ou seja, mais fluída, e, portanto, propensa a escapar por dentro dos vasos sanguíneos, levando a uma embolia. O segundo é que o enxerto é feito na região sulco inferior, próximo a vasos sanguíneos calibrosos. A gordura é injetada por uma bomba que empurra o tecido para dentro da nádega ocupando regiões mais internas, incluindo o músculo do glúteo. Além disso, o procedimento visa um aumento da nádega por inteiro com aplicações de em média um litro em cada glúteo" explica o cirurgião plástico Raul Gonzalez, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e criador da cirurgia por enxerto de gordura dos glúteos, em entrevista recente ao GLOBO.

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