Acuada, Liz Truss renuncia após um mês e meio como primeira-ministra do Reino Unido
Ela informou que uma nova votação interna ocorrerá "até a próxima semana" para substituí-la
A primeira-ministra britânica Liz Truss anunciou sua renúncia, nesta quinta-feira (20), depois de apenas seis semanas no cargo, desencadeando uma nova eleição dentro do Partido Conservador.
"Dada a situação, não posso cumprir o mandato para o qual fui eleita pelo Partido Conservador", disse Truss, que se torna a chefe de governo de vida mais curta na história contemporânea do Reino Unido.
Ela informou que uma nova votação interna ocorrerá "até a próxima semana" para substituí-la.
Nesta manhã, ela ainda parecia aferrar-se ao poder, com seu porta-voz garantindo que ela estava "trabalhando" com seu ministro das Finanças, Jeremy Hunt, para preparar seu plano econômico de médio prazo, após uma quarta-feira catastrófica para ela.
Ao final da manhã, porém, reuniu-se com o deputado à frente do poderoso Comitê 1922, encarregado da organização interna do Partido Conservador - e, portanto, de um possível procedimento de substituição.
O processo de escolha de Truss por cerca de 170.000 membros do partido no poder levou dois meses após a saída de Boris Johnson.
Eleições imediatas
O líder da oposição trabalhista Keir Starmer exigiu nesta quinta-feira (20) eleições imediatas, depois que a primeira-ministra Liz Truss anunciou sua renúncia após seis semanas no cargo.
"Os conservadores não podem responder à sua última confusão simplesmente estalando os dedos e mudando os que estão no topo sem o consentimento do povo britânico. Precisamos de eleições gerais (...) agora", declarou em um comunicado.
Nas últimas horas, o número de parlamentares reclamando sua saída não parou de aumentar.
"Liz Truss deve partir o mais rápido possível", declarou o ex-ministro conservador David Frost, em uma coluna no "Daily Telegraph".
Mais impopular do que nunca entre a opinião pública, sem um programa econômico após a humilhante renúncia aos cortes de impostos e ficando sem dois de seus ministros mais importantes, Liz Truss estava por um fio.
Em meio à crise econômica do custo de vida, com milhões de britânicos sofrendo com a inflação, o Partido Conservador relança agora uma eleição interna para encontrar um novo líder - o quinto em seis anos.
Há dias circulam vários nomes para a sucessão de Liz Truss, como os de Rishi Sunak, Jeremy Hunt, Penny Mordaunt - a ministra responsável pelas relações com o Parlamento - ou ainda Boris Johnson.
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Eleições gerais
Os conservadores decidiram evitar eleições legislativas antecipadas, que dariam vantagem à oposição trabalhista.
"Eles falham em seu dever patriótico básico de deixar os britânicos fora de suas disputas patéticas", atacou o líder trabalhista na manhã desta quinta-feira, em um discurso no Congresso Sindical (TUC), em um momento em que muitos movimentos sociais agitam o país em razão da crise econômica.
Para Liz Truss, a quarta-feira virou melodrama. Menos de uma semana após a saída de seu ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, substituído por Jeremy Hunt, o novo homem forte do governo, foi a ministra do Interior, de extrema direita, Suella Braverman, que deixou o governo, devido a crescentes diferenças sobre imigração, de acordo com os jornais britânicos.
Ela foi substituída por Grant Shapps, ex-ministro dos Transportes de Boris Johnson, no que deveria ser um gesto de abertura em relação aos ex-adversários de Liz Truss na corrida por Downing Street. Shapps apoiou Rishi Sunak.
A noite foi agitada no Parlamento, onde uma votação - vencida pelo governo - sobre o levantamento da moratória sobre fraturamento hidráulico se transformou em um levante entre os conservadores.
Os deputados da maioria se recusaram a votar com o governo, apesar das represálias a que se expõem, tendo Downing Street pedido expressamente para se respeitar a instrução de voto.