Experiência de fé, amor à medicina e persistência: pernambucana salva vida de italiana em Lourdes
Priscila Parente descreveu momentos de tensão ao evitar que idosa morresse durante peregrinação na cidade francesa
Na hora certa, lugar certo, com as competências técnicas necessárias e movida por uma persistência além do limite. A médica pernambucana Priscila Parente agora é parte importante da vida de Concetta Di Dato, mais conhecida como “Tina”, italiana de 82 anos que estava em Lourdes, na França, no dia 13 de outubro, para visitar o Santuário dedicado à Nossa Senhora de Lourdes. A idosa passou mal após se engasgar durante o jantar em um hotel da cidade. O mesmo em que estava a peregrina natural de Salgueiro, no Sertão do Estado. Os minutos seguintes foram de tensão e angústia. Narrados por Priscila, observados por tantos outros hóspedes, e, segundo a brasileira, com uma presença que a usou como “instrumento” para salvar uma vida. Logo ela que tinha tudo para não estar ali, mas estava. Que busca reclusão, e ganhou visibilidade. E que descarta qualquer obra do acaso. “Eu me senti escolhida”.
Confira abaixo a entrevista com a pernambucana, que conta com detalhes uma história que mistura devoção à Nossa Senhora de Lourdes, amor à medicina e perseverança para não desistir. Por ela, pelos pacientes e pela fé.
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Exposição
Essa exposição toda (vídeo em que gravou para a irmã Kelly Patrícia, do Instituto Hessed, sobre o ocorrido, já bateu um milhão de visualizações nas redes sociais) é algo que eu não esperava. Não é comum para mim. Um dos meus propósitos na peregrinação era me afastar mais das redes sociais. Sou uma pessoa muito presente. Tudo isso que aconteceu foi o contrário do que eu imaginava. Mas nossos planos nem sempre são os planos de Deus, mas os planos de Deus são perfeitos. Fiquei muito preocupada, diante de vários propósitos, de ter essa exposição. Você fica sendo muito elogiada, mas tive receio de isso aumentar minha vaidade ou o meu orgulho. Quis me retrair mesmo. Não esperava tanta repercussão. Isso foi diferente do propósito que tinha para a peregrinação, que era de me recolher mais. Isso vai na contramão. Não vim buscar isso, mas tentar diminuir a carga para elevar o espírito. Só espero ter sabedoria para lidar com isso. Ontem, antes da entrevista, eu rezei bastante para que o Espírito Santo falasse por mim. Não queria colocar uma palavra que não fosse frutífera.
Além do racional
Como médica e como pessoa, eu acredito que foi um milagre mesmo. Já trabalhei em urgência, já reanimei outros pacientes, mas a situação em que ela estava ali era de morte. Se eu fosse pensar somente no lado racional, eu teria parado. Se fosse somente pela medicina. Assim como outro médico disse que não adiantava reanimar porque ela já estava morta. Mas havia outra coisa. Não era só uma questão técnica. Eu tinha acabado de chegar da missa, acabado de comungar. Tinha uma força espiritual em mim muito forte que não me deixava parar. Vi que tinha gente preocupada comigo. Estava suando muito e as pessoas dizendo "pare, pare". Tinha uma enfermeira lá e ela disse que me ajudava, mas eu não conseguia parar. Eu faço crossfit, tenho um porte físico bom, mas não era isso. Em momento algum senti esforço. Passei muito tempo fazendo massagem cardíaca nela. Era para eu terminar esgotada, mas não senti isso.
Primeiro contato
Quando me chamaram, ela já estava desacordada. Não presenciei o momento em que ela se engasgou. Eu estava no mesmo refeitório do que ela, mas (o espaço) era grande. Aí começou uma gritaria: "um médico, um médico". Quando o pessoal da minha peregrinação escutou, disse que conhecia um. Aí falaram: "Priscila, precisam de um médico porque uma mulher está engasgada". Quando cheguei, vi que ela era bem idosa, já acima do peso. Ela estava no chão, deitada, com pessoas tentando desengasgar, mas ela já estava desacordada, bem cianótica (coloração azul-arroxeada da pele). A boca estava bem roxa, ela bem pálida.
Manobras
Quando cheguei, tentei fazer a manobra de Heimlich (utilizando as mãos para fazer pressão no diafragma) para desengasgar. Ela era muito pesada. Eu me ajoelhei no chão e fiquei tentando fazer, mas sem sucesso. O alimento não saia. Vieram dois homens e duas mulheres que tentaram colocá-lá sentada em cima da cadeira para ver se ajudava na posição. Era um peso imenso. Conseguiram colocar, mas ficou pior ainda porque a parte de trás da cadeira me impedia de pegá-la pelas costas. O tempo foi passando, ela sem oxigênio e aí percebi que o coração dela tinha parado. Ela tinha entrado em parada cardiorrespiratória. Já estava sem respirar há muito tempo e o coração parou. Ela não tinha mais pulsação. E tem uma coisa importante: levo na minha bolsa um estetoscópio. Ando com ele na bolsa. Minha irmã (Andreia) veio correndo e me entregou. Ela não tinha mais batimentos, nem incursões respiratórias. Comecei a pedir para botar ela no chão para começar a massagem.
A força
Todo mundo estava em pânico. Era muito tumulto. Outra pessoa começou a empurrar a barriga dela na cadeira. Eu comecei a ficar agoniada. Eram todos italianos e não sei falar italiano. Comecei a pedir para colocá-la no chão. Em nenhum momento o médico da equipe se envolveu. Disseram que ele tinha muito medo de processo. Não sei se ele no começo tentou fazer o desengasgo e, ao ver que ela estava desacordada, preferiu não mexer mais. O que disseram é que esse médico não quis mais fazer intervenção. Não sei dizer quanto tempo foi (do engasgo até a ajuda). Sei que depois que cheguei demorou uns três minutos para colocarem ela no chão. Aí eu puxei a perna dela e derrubei da cadeira. Quando ela caiu no chão, bateu um pouco a cabeça. Andreia disse que algumas pessoas estavam chateadas na hora, mas eu não estava nem aí, eu queria era reanimá-la. Foram quatro pessoas para botá-la na cadeira, mas eu tirei sozinha. Foi muita coisa sobrenatural. Eu estava com uma força que não era minha. Na palavra de Deus diz que a gente tudo pode naquele que nos fortalece. O poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza. Quanto mais fraco estamos, mais forte somos. Tenho muita convicção disso. Foi muita coisa que não sei explicar.
Reação
Tirei ela sozinha da cadeira e já comecei a massagem cardíaca. Isso durou uns 10 minutos. Teve a história de outro médico ter dito que eu estava fazendo isso em vão porque ela já estava morta. E realmente se você está em parada cardiorrespiratória, você teoricamente morreu. Pode não ter entrado em morte cerebral, mas física, sim. Só que algo não deixava eu desistir. O tempo inteiro eu ficava conversando com Nossa Senhora. Estava fazendo massagem, mas é como se o mundo tivesse parado para mim. Ficava falando: “Nossa Senhora de Lourdes, a senhora não me trouxe aqui para isso. A senhora não me colocou no mesmo lugar que essa mulher para ela morrer. Eu não aceito, sou sua consagrada, sua filha. Não faça isso, traga essa mulher de volta”. Tinha uma senhora que ficava do meu lado o tempo todo falando as coisas que eu falava porque não me lembro exatamente o que eu disse. Eu realmente fiquei conversando com Nossa Senhora. Algumas vezes em voz alta. Não me lembro das palavras exatas que usei, mas ela ficou repetindo. Eu me lembro que ficava dizendo que não aceitava e que não ia parar. Essa mulher não vai morrer em Lourdes: ela será um milagre de Lourdes. Ficava dizendo isso para a Nossa Senhora. E eu falava: “eu sou sua filha, a senhora não pode deixar isso acontecer”. Aí foi passando um tempo e ela não voltava. Daí dei um grito: ‘Nossa Senhora de Lourdes, vem aqui agora! Daí a comida que estava engasgada veio para o canto da boca. Tinha um guardanapo no chão. Peguei, tirei a comida e comecei a fazer a respiração boca a boca nela. Quando eu soprei, o pulmão dela se expandiu pela primeira vez. Quando vi isso, pensei: "ela vai voltar".
“Ela voltou”
Tinha outra médica na nossa equipe. Chamei e disse que ia fazer a massagem cardíaca e ela faria a respiração boca a boca. Ela disse que não podia porque o protocolo não permitia. Mas eu disse: “não tem problema”. Eu fazia massagem e respiração. Mas se tem outra pessoa fazendo a respiração, você economiza tempo. Vi a irmã Maria Antônia rezando, como se gritasse. Não sabia o que ela estava falando. Várias pessoas do lado dela rezando. Quem estava ao meu redor ficou paralisado, em pé. Atrás dela tinha minha irmã, que estava chorando. Dei um grito, ela veio e eu disse que faria 32 incursões e ela sopraria duas vezes na boca. Ela é administradora, nunca trabalhou na área de saúde na vida dela. Trabalha em banco. Aí eu contava até 32 e ela soprava. Depois de uns três ciclos, senti o coração voltar e o pulmão expandir. Gritei: "ela voltou'. Nunca vou me esquecer dessa felicidade ao ver que ela tinha voltado. Aí levantei e disse: “obrigado, Nossa Senhora de Lourdes”. Mas continuei a massagem até ver que ela tinha voltado completamente sozinha. Vi os sinais vitais, o coração voltou, a respiração também.
Processos
Foi chamado o socorro assim que ocorreu o engasgo. Os funcionários do hotel chamaram a equipe médica de urgência. Quando chegaram, o coração tinha voltado a bater, estava respirando, mas sem o reflexo pupilar, um dos sinais de vida. Ela não abria os olhos. Ela tinha se engasgado com queijo, miolo de pão e vinho tinto. Estava bem gosmento, como um bolo alimentar. Isso é uma falha no reflexo da epiglote. Em vez de ir para o esôfago, ele vai para a traqueia e entope. Não fiz respiração boca a boca logo na hora porque se eu soprasse, o alimento poderia descer. Eu queria que ele saísse e não entrasse. A equipe estava assustada, perguntando quanto tempo ela ficou em parada cardiorrespiratória. Para os médicos, uma parada com mais de dez minutos tem dano cerebral irreversível. E provavelmente ficou mais de dez minutos. Teoricamente, ela estaria com dano cerebral. Eles perguntavam as coisas para a enfermeira, mas ela não sabia responder. Eles perguntaram se ela estava “descerebrando”, mas ela não sabia o que era. E eu falava: "ela não descerebrou". Só que eles não davam atenção, só depois que disseram que eu era a médica. A equipe falava italiano e a família dela era italiana. Minha irmã achou um que falava inglês e ficou traduzindo para mim.
No olhar
A irmã (Anna) dela estava lá e começou a passar mal. Acho que tinham mais parentes lá também. Eu ajoelhei perto dela, encostei a mão no peito e disse: "dona Tina, abra os olhos". Aí ela abriu. Ela estava com uma blusa para cima e me ajoelhei para cobri-la. Existe uma coisa chamada escala de coma de glasgow. A gente tem de ter a resposta verbal, motora e abertura ocular. Ela tinha a primeira, mas não as outras ainda. Teoricamente deveria estar em coma. Foi na hora que pedi para ela abrir os olhos. Perguntei se ela estava se sentindo bem. Eu vi que ela olhou para mim fixamente. Sabe quando você olha profundamente para o olho de alguém? Aí eu disse: "agora está tudo bem". Daí ela sorriu e começou a responder. Levaram ela para o hospital e a irmã também, que tinha passado mal porque a pressão baixou. Ela antes não acreditava. Ela ficava falando: "minha irmã morreu, digam a verdade". Ela não viu a irmã voltando.
Contato
Ela ficou no hospital em Lourdes por alguns dias. Isso aconteceu no domingo (13 de outubro). Ela fez exames e na quinta chegou em casa, na Itália. A irmã dela mandou uma mensagem e disse que ela tinha chegado e que queria muito falar comigo. Perguntou se poderia ser uma videochamada e eu disse que sim. Nessa conversa, ela falou "muito obrigada, agora estou bem e posso criar meus netos". O diácono Emanuel Maria estava do lado traduzindo.
Exceção
Provavelmente ela não ficou com sequelas cerebrais porque a massagem cardíaca, quando efetiva, simula o batimento cardíaco. O sangue sai do coração e vai para o cérebro. Ele não parou de ter oxigenação total por conta da massagem. Dos casos que vi até hoje, as pessoas (que passavam por isso) voltavam com dano cerebral. Os estudos mostram que, quanto mais tempo sem oxigenação, maior o dano cerebral. Dificilmente um paciente fica mais de cinco minutos. O tempo máximo seria dez, mas há casos que, com seis minutos, gera dano cerebral irreversível. Com ela, eu passei cerca de dez minutos reanimando, mas não sei quanto passou até eu chegar.
"Instrumento"
Eu me sinto um instrumento. Somos barros na mão do oleiro. Claro que foi um conjunto. Outra pessoa teria conseguido? Não sei responder. Mas Nossa Senhora me escolheu. Eu me sinto escolhida para estar lá porque tinha conhecimento e força suficiente para fazer aquilo. Penso que ela me usou.
Personalidade
Sempre usei minhas redes sociais para evangelizar. Tenho a frase do dia, tiro um versículo da Bíblia e explico. Eu faço todo domingo uma live chamada “terço do amor”. Mas é algo restrito para meus seguidores. Cada um tem sua própria personalidade. O que eu for como ser humano, eu serei como profissional. Se for fria como ser humano, serei uma advogada fria, arquiteta fria. Eu sou muito católica. Seguir o Evangelho de Cristo é quem eu sou. Eu vivo aquilo. Sou assim na feira, no crossfit, na escola dos meus meninos, na missa, no consultório…sou quem sou independente de onde estiver. Nas minhas receitas, eu coloco na frente a prescrição médica e atrás boto algum recado: “assista à pregação do padre Léo, assistia o Rosário às 4h”. Nós somos um tripé. Se uma perna se quebrar, cai. Nossos alicerces são as saúdes física, mental e espiritual. Não adianta ter a física e mental em dia se a espiritual não estiver porque aí o tamborete vai cair. Procuro dar aos meus pacientes uma plena saúde. É isso inclui os três. Sempre que vou atendê-los, eu passo medicação. Se precisa de algo para ansiedade eu passo, se for pra gripe eu passo, mas eu também passo a medicação para o espírito. Uma irmã até perguntou se eu não tinha medo de ser processada por conta do estado laico. Eu disse que não porque eu me preocupo com a saúde dos meus pacientes. Eles não estão lá somente para tomar um remédio e ficar bom. Quero que eles fiquem curados de verdade do que eles têm.
Peregrinação
Sempre quis conhecer os santuários marianos (em Lourdes, na França, e Fátima, em Portugal) e aí pesquisei na internet. Acabei comprando uma que era no final de outubro, mas em agosto aconteceram algumas coisas pessoais e não pude. Eu vinha sozinha para essa porque Andréia tinha marcado outra viagem. Não deu certo a dela e ela disse que ia comigo para os santuários marianos. Mas não tinham mais vagas. Só que ela disse que queria ir em outra, mas também tinham acabado as vagas. Ela insistiu porque queria duas. Mas, no fim de agosto, informaram que tiveram duas desistências. Tanto é que somos de Recife e no lugar de sairmos de Fortaleza, no Nordeste, a gente saiu de São Paulo porque as pessoas que desistiram eram de lá. Aí fui mudada de peregrinação. Esse grupo sairia dia 15 de outubro, mas o meu saiu dia 5.
Família
Minha mãe é muito católica. A mãe dela também. A nossa paróquia (em Salgueiro) é de Santo Antônio. E eu sou médica, mas minha especialização é em dermatologia. Na peregrinação ninguém pensou muito nisso. Uma senhora chegou a dizer que Deus não gosta de futilidade e que eu deveria estar dentro da UTI, tratando pessoas com câncer. Aí eu disse a ela que trabalho com dermatologia clínica e cirúrgica, fazendo todos os dias várias cirurgias de câncer de pele.
Como explicar?
Eu sempre fui muito estudiosa. Uma das primeiras da turma. Estudei na UPE (Universidade de Pernambuco). Sempre falava a verdade como médica, dizendo a estatística de ficar curado, de sobrevida. Mas eu perguntava se eles acreditavam em Deus porque, para Deus, nada é impossível. Já vi um paciente com trauma cranioencefálico (TCE). Teve uma lesão axonal difusa. O cérebro dele esfarelou. Você olhava e pensava que ele virou um vegetal. Tinha 17 anos. Eu era plantonista voluntária e cheguei para o neurologista e perguntei como eu falaria para mãe das estatísticas de melhora. Ele disse que era zero. Dizer que não tinha chance. Mostrou a tomografia e disse: "você não está vendo como está o cérebro dele? Está destruído. Ele não vai voltar". Eu dava plantão no Hospital da Restauração, disse a porcentagem de chance e falei para ela: "você acredita em Deus? Então reze porque nada é impossível". Hoje eu conheço esse menino e ele é uma pessoa normal. Casou, teve filhos. Deus é infinito em sua sabedoria. A coisa mais linda da medicina é porque a gente tem a oportunidade de ver o poder de Deus na vida das pessoas. Coisas que ela não explica, só Deus mesmo. E você vai explicar como? Por mais ateu ou herege que você seja, você terá de dar o braço a torcer e dizer que tem coisas que você não sabe explicar.
Crença
Sou criatura e existe um criador. Sou barro nas mãos do oleiro. Somos usados. Eu tenho plena convicção de que foi usada. Quando ela foi ao hospital, eu olhei para minha irmã e disse para irmos assistir à outra missa que era para agradecer. Eu disse a minha irmã que quem deu vida à mulher foi o corpo de Cristo que está vivo na Eucaristia. Quando soprei e o pulmão se expandiu, foi o sopro da vida que saiu de dentro de mim. Era Cristo mesmo, o coração dele que está vivo na Eucaristia. É como o "Milagre de Lanciano". Ali foi o músculo cardíaco, o miocárdio. A hóstia vira um pedaço do coração do músculo. O sangue é o AB positivo, o receptor universal. É a prova científica que existe um milagre chamado transubstanciação. Aquela hóstia deixa de ser um pedaço de pão e passa a ser o corpo de Cristo. Disse a Andreia que aconteceu um milagre eucarístico porque foi o corpo dele que fez aquela mulher voltar a viver. A força que tive em não parar em momento algum, sem desistir, foi Nossa Senhora quem me deu. Uma das coisas que ela é mais proclamada é de ser ‘medianeira de todas as graças’. Jesus tem o poder, a honra e glória, mas pelo seu amor à mãe, Ele permite que ela seja a medianeira das graças. Foi a ela que eu pedi o tempo todo.
“Não existe acaso”
Eu nem deveria estar lá. Eu pensava nisso. Eu poderia ter jantado outra hora, ter saído da missa para bater perna, mas eu disse para irmos ao hotel. Estar jantando no mesmo lugar, mesma hora, com grupos diferentes de peregrinação…Não existe o acaso, mas sim a providência divina. Uma folha não cai de uma árvore sem a permissão de Deus. Dois seres humanos amados por Cristo não se encontram ou desencontram por acaso. O nosso mundo é regido por um criador onipotente, onisciente e o onipresente. Ele rege tudo. Não existe acaso. Ele me colocou lá com um propósito. Precisava ser eu. Agora por qual motivo? Essa pergunta eu fiz quando voltei para a gruta para agradecer. Eu me ajoelhei e fiquei chorando. A resposta que ela me deu foi a mesma de Santa Bernadette. Ela perguntou por qual razão foi a escolhida pela Nossa Senhora de Lourdes. Na hora em que eu perguntei, já tinha a resposta: ela escolhe os miseráveis. Não tinha ninguém mais miserável do que eu. Nosso Senhor quando apareceu para a Santa Faustina, ele disse assim: "quanto maior sua miséria, maior será minha misericórdia". Tinha três médicos lá e qualquer um poderia fazer o que fiz, mas fui eu quem fez. Provavelmente porque dos três eu era a mais miserável.
Perfil
Priscila Parente, de 42 anos, é dermatologista e tem quatro filhos: George, 21; Isaac, 14; Nicole, 12; e Sarah, 8). Ela estava com o grupo de peregrinação da Comunidade Obra de Maria, com apoio da Canção Nova e Instituto Hessed, que organizou a viagem para a realização de dois congressos internacionais, em Lourdes (França) e Fátima (Portugal), além de peregrinações por outros pontos de turismo religioso na Europa. A Folha de Pernambuco foi convidada para acompanhar o evento.
Estado de saúde
Concetta, ou Tina, como prefere ser chamada, precisou ser hospitalizada novamente após ser identificado um leve derrame no pulmão e cinco costelas fraturadas, que segundo os médicos teria sido consequência do esforço em tentar reanimá-la com a massagem cardíaca. Atualmente ela está em casa, sob observação.