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ESTADOS UNIDOS

Luigi Mangione: suspeito de matar CEO diz que policiais deram lanche para coletar DNA

Advogados de preso buscam excluir do julgamento material genético colhido em delegacia e outras evidências achadas perto da cena do assassinato

Luigi Mangione (C) chega ao Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York, em 23 de dezembro de 2024 Luigi Mangione (C) chega ao Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York, em 23 de dezembro de 2024  - Foto: Charly Triballeau/AFP

Novos documentos judiciais protocolados pela defesa de Luigi Mangione questionam a legalidade da prisão do suspeito de assassinar a tiros o presidente de um dos maiores planos de saúde dos Estados Unidos, em dezembro passado. Os advogados do americano afirmam que o cliente foi detido num McDonald's de Altoona, na Pensilvânia, dias após a morte de Brian Thompson, sem que houvesse, naquele momento, "causa provável" para a abordagem.

Segundo a defesa, naquele 9 de dezembro, os policiais não leram para Mangione seus direitos, conforme determina a lei americana, e demoraram cerca de 20 minutos para informar que ele era suspeito de um crime. Os agentes foram ao McDonald's após testemunhas reconhecerem o rosto do homem a quem as autoridades caçavam pelo país desde o assassinato de Thompson, em Nova York, no dia 4 de dezembro.

 

Nos novos documentos judiciais, a defesa alega que a prisão foi ilegal e que, por isso, todos os atos e declarações subsequentes à detenção seriam nulos, como a coleta de DNA do suspeito. Os advogados afirmam que o material genético de Mangione foi obtido a partir dos itens de comer e beber entregues a ele na delegacia.

"Enquanto ilegalmente apreendido, preso e detido, [Mangione] recebeu comida e refrigerante enquanto estava na Delegacia de Polícia de Altoona", escreveram seus advogados. "O propósito para o mesmo era obter DNA de [Mangione] para fins investigativos posteriores".

Para a defesa, os policiais só chegaram a Mangione no McDonald's de Altoona após uma ligação anônima para o 911, o telefone de emergência dos Estados Unidos, sem "nenhuma "evidência corroborante independente de que era de fato o suspeito procurado em Nova York".

Com a nova investida judicial, os advogados pretendem excluir do processo não só o DNA coletado no lanche, mas também as evidências colhidas numa mochila encontrada perto da cena do assassinato e atribuída a Mangione. Dentro dela, havia um silenciador, munição e várias identidades falsas.

A defesa de Mangione pediu, há cerca de um mês, que seja feito um "julgamento justo" para seu cliente. Na ocasião, o suspeito compareceu ao Tribunal Superior de Nova York, algemado nos pés e nas mãos e com colete à prova de balas.

Mangione declarou-se inocente das 11 acusações que enfrenta no tribunal, entre elas a de assassinato como ato "terrorista". Ele também responde na Justiça federal por outras quatro acusações por posse de armas e assassinato, e por posse de armas em outra corte no estado da Pensilvânia, onde foi detido.

Embora a pena capital esteja abolida no estado de Nova York, as acusações que enfrenta a nível federal poderiam supor uma condenação à morte para este engenheiro proveniente de uma família bem-sucedida de Baltimore, no Leste do país.

O assassinato e sua fuga de cinco dias, até ser capturado em um McDonald's em Altoona, uma pequena localidade no estado vizinho da Pensilvânia, cativaram os americanos, muitos dos quais são bastante críticos aos planos de saúde privados.

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