Argentina

Luis Caputo, o 'Messi das finanças', que anunciou medidas econômicas duras na Argentina

Economista foi colega de escola de Macri e, mais tarde, seu ministro de Finanças e presidente do BC. Esteve à frente da renegociação da dívida argentina

Luis Caputo Luis Caputo  - Foto: Eitan Abramovich / AFP

O novo ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, paralisou a Argentina hoje para a transmissão de um vídeo com o anúncio de dez medidas para deter a crise econômica do país, sendo nove delas na direação de reter dólares no país e cortar gastos públicos.

O economista Luis “Toto” Caputo, de 58 anos e escolhido por Javier Milei para ser o novo ministro da Economia da Argentina, foi presidente do Banco Central e ministro das Finanças do governo do ex-presidente Mauricio Macri, com quem estudou no colégio de elite Cardenal Newman, em Buenos Aires.

Formado em economia pela Universidade de Buenos Aires, também é primo-irmão de Nicolás Caputo, empresário da construção civil e um dos melhores amigos do ex-presidente.

No governo Macri, Caputo assumiu a secretaria de Finanças em dezembro de 2015. Ele foi um dos defensores da divisão em dois do então ministério da Economia.

Este foi desmembrado em uma pasta da Fazenda e uma de Finanças. Caputo assumiu a segunda em 2017. No ano seguinte, foi para o Banco Central, mas ficou apenas três meses no posto.

Renegociação da dívida

Caputo liderou o retorno do país aos mercados internacionais e assegurou financiamento externo à Argentina, após o calote herdado do governo de Cristina Kirchner.

O feito lhe assegurou o apelido de "Messi das finanças". Alguns de seus ex-subordinados juram que era um apelido que ele mesmo se atribuiu.

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Caputo é apontado como principal negociador com os chamados “holdouts”, detentores de títulos da dívida argentina em default, que não aderiram aos programas de reestruturação da dívida na gestão Kircher. Em jogo estavam US$ 16,5 bilhões.

Resolvida a questão com os fundos abutres, Caputo coordenou a emissão de um título de dívida em moeda estrangeira de 100 anos, que o governo de Alberto Fernandez trocou após entrar em default novamente em 2020.

Mal estar-com FMI

A saída de Caputo do banco central argentino foi marcada por um confronto com os funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI). A polêmica se deu devido à magnitude da intervenção no mercado cambial pela autoridade monetária durante as corridas por dólares na época.

A princípio, o FMI não queria que o governo usasse os recursos que lhe emprestava para controlar o dólar, e a equipe econômica argumentava que era necessário limitar a volatilidade da moeda americana em um contexto de desconfiança.

Mais recentemente, o nome de Caputo apareceu no escândalo dos Paradise Papers - conjunto de documentos confidenciais que foi alvo de reportagens o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Ele teve que prestar explicações no Congresso sobre seu vínculo com empresas offshore que não haviam sido declaradas no Imposto de Renda.

Antes de integrar a equipe econômica de Macri, Caputo fez carreira no mercado financeiro. Foi chefe da sede argentina do Deutsche Bank e comandou a gestora de fundos mútuos Axis. Também trabalhou no banco de investimentos JP Morgan entre 1994 e 1998.

Desafios pela frente

À frente do governo de Milei, caberá ao novo ministro domar a inflação de mais de 130% em 12 meses, equilibrar as contas públicas e tocar o plano de dolarização da economia, caso o presidente eleito decida levar a ideia à frente.

Mas analistas avaliam que sua chegada ao governo deve cancelar ou ao menos postergar o plano de substituir o peso pelo dólar. "Acreditamos que haverá uma abordagem ordenada e não disruptiva para a dinâmica do mercado, e descartamos um cenário de dolarização a qualquer preço", diz relatório divulgado na semana passada pela consultoria Anker, da qual Caputo é fundador.

Ele tem seis filhos, com idades entre 16 e 29 anos.

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