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Lula admite que Brasil não está preparado para enfrentar incêndios

O governo vai destinar 514 milhões de reais para lidar com a crise

Presidente LulaPresidente Lula - Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu, nesta terça-feira (17), que o Brasil não estava "100% preparado" para enfrentar a onda de incêndios florestais, que seu governo atribui ao "terrorismo climático".

Brigadistas e bombeiros lutam para combater 108 incêndios em todo o país, enquanto outros 106 focos queimam sem nenhum tipo de intervenção, segundo o Ministério do Meio Ambiente.

"Hoje, no Brasil, a gente não estava 100% preparado para cuidar dessas coisas. As cidades não estão cuidadas [...] Os estados são poucos o que estão com preparação, que têm defesa civil, bombeiro, brigadistas quase ninguém tem", lamentou Lula durante uma reunião com os chefes dos três Poderes em Brasília.

O governo vai destinar 514 milhões de reais para lidar com a crise.

Pela manhã, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que, além da histórica seca que o país enfrenta, alguns incêndios foram provocados por "terrorismo climático". Algumas pessoas "estão colocando fogo dentro da própria floresta", denunciou Marina.

O governo estima que 18 milhões de hectares de florestas foram devastados pelo fogo, uma área semelhante à do Uruguai.

"Oportunismo"
Por sua vez, Lula insinuou que, por trás das chamas, pode haver "oportunismo de alguns setores" políticos que tentam "criar confusão nesse país".

"Uma pessoa muito importante" da oposição "utilizou a palavra: vamos botar fogo no Brasil, ou o Brasil vai pegar fogo", disse Lula, em referência ao pastor evangélico Silas Malafaia, famoso apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Enquanto isso, centenas de bombeiros conseguiram nas últimas horas conter o avanço do grande incêndio que queimava desde domingo no Parque Nacional de Brasília e que esteve perto de atingir áreas residenciais da capital.

Nesta terça-feira, as autoridades locais informaram que o "momento mais crítico" desse incêndio "ficou para trás".

Cerca de 2.400 hectares de floresta foram destruídos pelas chamas nesta reserva natural de 42 mil hectares, de acordo com Mauro Pires, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

"Tem todas as características de um incêndio criminoso", declarou Pires em uma entrevista coletiva.

Brasília já acumula mais de 140 dias sem chuvas e enfrenta níveis mínimos de umidade. Ainda há focos de fogo subterrâneos e risco de reativação, alertou Pires.

A vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão, lembrou que "este é apenas um" dos muitos incêndios na capital.

Segundo Leão, as queimadas provavelmente foram iniciadas por agricultores ou por pessoas em situação de rua, que "perderam o controle" de suas fogueiras.

O corpo de bombeiros militares da cidade mobilizou 500 agentes para controlar as chamas. Quatro ficaram feridos, segundo o comandante Pedro Aníbal.

Chuva providencial
Em São Paulo, as chuvas no início da semana ajudaram a conter os incêndios. O estado passou de 520 focos ativos no final da semana passada para apenas 25 no final da segunda-feira, segundo o satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

No entanto, o impacto ambiental será sentido nos próximos meses e até anos.

Somente entre junho e agosto, os incêndios florestais na Amazônia legal liberaram cerca de 31,5 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera, o equivalente às emissões anuais da Noruega, alertou um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

Além disso, a decomposição da vegetação queimada emitirá gases de efeito estufa por "muitos anos", segundo o relatório do Ipam, citado pelo Observatório do Clima.

"É assustador. As florestas, que deveriam capturar carbono pelos próximos séculos, vão (...) agravar o aquecimento global", explicou Camila Silva, pesquisadora do Ipam.

No Brasil, o número de incêndios registrados até agora em setembro (59.641) já superou o total de todo o mês do ano passado (46.498), de acordo com as medições do INPE. O país enfrenta a pior seca em 75 anos, que os especialistas atribuem às mudanças climáticas.

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