Lula defende entrada da Argentina nos Brics, mas não cita outros postulantes
Presidente esta na África do Sul para reunião de líderes do Brics
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O presidente Lula defendeu nesta terça-feira (22) a entrada da Argentina nos Brics. Mais cedo, o presidente afirmou que que quer criar "um banco muito forte" com "outro critério para emprestar dinheiro para os países" e criticou a política do FMI. Lula deu a declaração durante sua live semanal. Nesta semana, a trasmissão é feita na África do Sul, durante reunião dos Brics.
"Eu defendo que os nosso irmãos da Argentina possam participar dos Brics. Eu defendo isso, vamos ver na reunião como fica. Mas eu defendo porque é muito importante a Argentina estar nos Brics" afirmou Lula, completando: "A gente está construindo isso. Penso que desse encontro aqui deve sair uma coisa muito importante sobre a entrada de novos países. Eu sou favorável a entrada de vários países. A gente vai se tornar forte, a gente quer criar um banco muito forte, que seja maior do que o FMI, mas que tem outro critério para emprestar dinheiro para os países. Não de sufocar, mas de emprestar na perspectiva de que o país vai criar condições de investir o dinheiro, se desenvolver e pagar".
Lula afirmou que o dinheiro emprestado pelo FMI "é quase um cabresto", que prende o país e dificulta a saída da crise financeira.
"Quando tem uma crise em qualquer país pequeno, seja da África ou da América Latina, o FMI resolve dar palpite, falar, quando na verdade ele deveria ajudar. [...] O dinheiro que ele põe lá é quase como se fosse um cabresto. O país fica preso àquilo, não consegue sair e a gente pode ver isso na situação da Argentina. Como está difícil por causa do empréstimo que foi feito por causa de interesse político do FMI."
O presidente voltou a defender o uso de uma moeda comum para o comércio entre países. Lula afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conversas com a Argentina, identificou que a moeda chinesa poderia ser uma solução para as relações comerciais entre os dois países.
"Nós defendemos a questão de uma unidade de referência, na verdade, uma moeda, que seja a referência de fazer negócios, para que você não precise de uma moeda de outro país. Por que eu faço negócio com a China e eu preciso ter dólar para fazer o negócio? Os países têm tamanho suficiente para fazer negócios em sua moeda ou em outra unidade de contas, sem desvalorizar a moeda da gente. Não é negar o dólar" afirmou Lula, completando:
"Agora mesmo, na Argentina, nessa situação, o Haddad estava conversando com a Argentina. E é possível a gente ajudar a Argentina tendo como moeda o yuan (moeda chinesa), sabe? Fazer uma coisa diferente, mais madura e menos pragmática como é as regras estabelecidas hoje, que só favorecem o sistema financiero."
Conselho de Segurança
O presidente Lula defendeu ainda a entrada de novos países como membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU. Durante sua live semanal, Lula afirmou que é preciso convercer a Rússia e a China durante reunião dos Brics a apoiar a entrada do Brasil, da Índia e da África do Sul como membros. Os dois países já têm assento no colegiado internacional.
— O Brasil reivindica que vários países possam entrar no Conselho de Segurança da ONU como membros permanente. O Brics tem quatro países e só dois são membros permanente. É preciso que a gente convença a Rússia e a China que Brasil, África do Sul e a Índia possa entrar no Conselho de Segurança. Esse é um debate que vamos discutir inclusive para possibilitar a entrada de novos países. A gente tem que limitar uma coisa que todo mundo concorde — afirmou Lula.
Outras lives
Pensado para tentar engajar apoiadores do governo nas redes sociais, o programa tem sido transmitido todas as terças-feiras, pela manhã, geralmente do Palácio da Alvorada. Além das suas próprias páginas na rede social, Lula tem usado também a página nas redes sociais da TV Brasil e no canal da TV, empresa pública de televisão, que é destinada para divulgar ações do governo.
Na semana passada, Lula afirmou que vai conversar “com quem for necessário” no Congresso Nacional e que o governo precisa dialogar "com quem tem voto" para conseguir aprovar os projetos e aumentar a governabilidade. O Planalto já confirmou a entrada do PP e do Republicanos na esplanada dos ministérios na tentativa de ampliar o apoio no Congresso Nacional.
Lula ainda defendeu a aproximação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e afirmou que o governo precisa da aliança com o parlamentar.
— O Lira precisa menos de mim do que eu dele. O Lira não manda projeto para mim, o Lira não precisa pedir nada para mim. Eu é que tenho que mandar o projeto de lei que os ministros acham importante e chega lá tem que ser aprovado. Então nós é que temos que ter a iniciativa de conversar — afirmou, completando: — Eu vou conversar com quem for necessário conversar.
Sobre meio ambiente, o presidente voltou a cobrar nesta segunda-feira os países ricos pela ajuda financeira para proteger a Amazônia. Lula afirmou que é um "pagamento de uma dívida com o planeta Terra" por terem começado o processo de poluição anos antes dos países em desenvolvimento.
Lula afirmou ainda que durante a próxima cúpula dos BRICS vai voltar a discutir sobre a desigualdade e sobre a questão da paz e o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia. A próxima reunião será entre os dias 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo.
— Nos BRICS vamos discutir a questão da desigualdade. Temos que discutir a questão da paz. Não é possível que a gente não discuta, não é possível que não haja um momento em que a Rússia e a Ucrânia sentem para conversar e parem de se matar. Uma guerra que só destrói aquilo que demorou anos para ser construído. É preciso encontrar um caminho.