Lula deve se reunir com familiares de brasileiro mantido refém pelo Hamas, diz líder do governo
Segundo o senador Jaques Wagner, o encontro deve acontecer ainda na tarde desta segunda-feira
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve se reunir com os familiares de Michel Nisembaum, cidadão brasileiro-israelense mantido como refém pelo grupo terrorista Hamas, disse o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
O senador anunciou o encontro nesta segunda-feira, em sessão especial no Senado para discutir o conflito entre Israel e Hamas. O evento contou com a presença de familiares de reféns israelenses.
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Segundo Wagner, o presidente Lula manifestou o desejo de realizar o encontro em reunião com líderes do governo em reunião na manhã desta segunda.
— Quero comunicar, inclusive porque me foi pedido, que acabo de vir da sala do senhor presidente da República, que está se dispondo a receber a irmã e a filha do sequestrado, do refém, em Israel — afirmou o senador. A expectativa é que o encontro aconteça ainda na tarde desta segunda.
O Itamaraty confirmou em outubro, que Nisenbaum estava entre os desaparecidos do ataque terrorista do Hamas contra Israel, em 7 de outubro. Acredita-se que ele seja o único brasileiro que ainda é mantido como refém pelo Hamas.
— Para tanto ser uma palavra de conforto, se é que é possível, como também para garantir que a diplomacia brasileira – e o próprio presidente – estão empenhados em achar um caminho da liberação de todos reféns. Evidentemente, sempre na cabeça da lista aquele que tem cidadania brasileira — afirmou Jaques Wagner.
Na saída da sessão, Mary Shohat, irmã de Michel, disse que o convite para uma reunião com o presidente Lula ainda não chegou na família.
— Por enquanto não chegou nada. Vamos ver mais tarde, ainda temos o dia todo por aqui — disse Shohat, que ainda completou — Se pudermos encontrar ele vai ser muito bom. Vamos pedir ajuda para ele também.
Desaparecimento
Mary Shohat, irmã de Michel, contou ao GLOBO detalhes sobre o desaparecimento do irmão. Sua sobrinha, filha de Michel, conversou com o pai pela última vez por volta das 7h daquele 7 de outubro, quando combatentes do Hamas iniciaram a incursão terrestre e aérea contra Israel que deixou ao todo 1.200 mortos e foi o estopim para a guerra. A ligação seguinte foi atendida por outra pessoa:
— Estavam gritando coisas em árabe. No fim, gritaram "Hamas, Hamas". Depois desligaram o telefone e, desde então, não soubemos de mais nada. Começamos a pensar que ele tinha virado refém ou foi morto. Não tem outra possibilidade — disse Mary.
Pouco mais de duas semanas depois, em 23 de outubro, a Interpol informou ao Itamaraty o desaparecimento do brasileiro. No dia seguinte, em um comunicado para a imprensa, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que a pasta, por meio da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, seguia “em contato com as autoridades locais a respeito de brasileiro desaparecido desde 07/10”.
— O notebook dele foi localizado em Gaza, por geolocalização, por isso as autoridades israelenses acham que ele também está lá. Mas não temos 100% de certeza que ele está sequestrado. Dizer para a gente que o notebook está na Faixa de Gaza não significa que ele esteja na Faixa de Gaza também — diz Shohat, que trabalha como enfermeira em Israel, em uma cidade a 50 quilômetros de Gaza.
Além do notebook que foi localizado em Gaza, as forças israelenses conseguiram encontrar o carro de Michel incinerado, há cerca de duas semanas. No contato mais recente com a família, representantes do governo comunicaram que encontraram também o celular dele, que seria averiguado.
— Eles dizem que por enquanto não têm nada [de informação adicional] e que precisamos aguardar com paciência — conta Mary, sobre o contato que tem com as forças de Israel responsáveis pela busca de desaparecidos e de reféns.