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Política

Lula questiona papel de organizações internacionais em conflitos

"Elas estão falidas", avaliou presidente em coletiva de imprensa realizada na França

Lula, em coletiva de imprensa na FrançaLula, em coletiva de imprensa na França - Foto: Ricardo Stuckert

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avaliou, em coletiva de imprensa neste sábado (24), em Paris, que o modelo da Cúpula sobre o Novo Pacto Global de Financiamento, assim como outras organizações mundiais, precisa de revisão. “As instituições estão falidas”, afirmou. O Brasil participou do encerramento do encontro, na sexta-feira (23), na capital francesa. O brasileiro cumpriu agenda na Itália e na França nesta semana e volta hoje para o Brasil. 

“As instituições, que foram criadas após a Segunda Guerra Mundial, já não representam mais aquilo para o qual elas foram criadas. O Banco Mundial já não representa mais, o FMI [Fundo Monetário Internacional] já não representa mais e a própria ONU [Organização das Nações Unidas] já não representa mais. A ONU, quando foi criada, teve força de criar o estado de Israel, hoje ela não tem força para manter a demarcação de terra dos palestinos”, apontou. 

Lula lamentou ainda que as guerras sejam pensadas e determinadas por membros do Conselho permanente da ONU. “Quando os Estados Unidos invadiram o Iraque não consultaram ninguém, quando o Sarkozy [ex-presidente da França] e a Inglaterra invadiram a Líbia não consultaram ninguém, e quando Putin invadiu a Ucrânia, era membro também, e não consultou ninguém. Então significa que as instituições estão falidas. O mundo de 2023 precisa de outras instituições mais fortes, mais representativas e com maior participação”.

Guerra da Ucrânia 
Quanto às críticas do jornal francês Libération à posição de Lula em relação à guerra na Ucrânia, ele afirmou que a distância do local da guerra o leva a ter outra visão. “Não levarei Macron a pensar como eu porque ele está próximo do campo de batalha, e eu tenho um Oceano Atlântico de diferença. Não fico chateado quando um europeu pensa diferente de mim. É muito normal que estejam muito mais nervosos porque estão vivenciando a guerra, vendo as consequências e com preocupação do que vai acontecer”, ponderou. 

O presidente disse ainda que espera o fim da guerra e a paz. “O meu pensamento é simples, sou contra a guerra, quero é paz, nós condenamos a invasão da Rússia ao território da Ucrânia, mas isto não implica que vou ficar fomentando a guerra. Acontece que a paz só vai acontecer quando os dois combatentes chegarem a uma conclusão, então eu vou esperar esse momento em que os países vão precisar de interlocutores com muita responsabilidade para tentar negociar, e o Brasil está participando”, acrescentou. 

Lula destacou que o assessor especial para assuntos internacionais Celso Amorim está em Copenhague “Ele está em reunião de vários países para tentar estabelecer discussões sobre a paz. Esse é o meu pensamento há mais de um ano, eu sou pela paz e não pela guerra”.  

Ele não quis comentar as informações do anúncio de uma rebelião armada realizada por um mercenário russo contra o exército de Putin. “Não sei o tamanho da rebelião, não posso comentar uma coisa que não li, que não conheço. Seria precipitado da minha parte fazer juízo de valores do assunto. Pretendo não falar de uma coisa tão sensível sem ter as informações necessárias”.  

Situação do Haiti
O presidente Lula comentou ainda sua preocupação com o Haiti, país caribenho situado na América Central. “O Haiti é problema de todos nós e deveríamos ter uma postura de, no mínimo, ajudar para que o país saia da situação em que se encontra”. Ele fez questão de destacar que o Brasil passou 13 anos em ajuda humanitária no país. "Em parceria com Cuba, fizemos uma grande Unidade de Pronto Atendimento no Haiti”.

Na França, o presidente teve audiência com o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry. “Tivemos uma boa reunião. É aquela reunião que você fica constrangido porque o mundo deveria ter uma preocupação com o Haiti. O mundo deveria assumir um pouco mais de responsabilidade”.

Lula disse que levou a pauta ao presidente francês. “Conversei com o presidente Macron sobre a necessidade de alguém puxar uma pauta e colocar o Haiti no centro da discussão, pretendo levar essa discussão para o G20, porque o Haiti não pode ficar à própria sorte, ou seja, esse país paga o preço de ser o primeiro país a conquistar a independência, paga o preço de ser o primeiro país em que os negros se libertaram e o Haiti não consegue andar”, lamentou. O país vive uma grave crise política e eleitoral, além da violência de gangues e graves doenças, como a cólera. 

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