Macron gerou polêmica na França por receber festa judaica no Eliseu
Macron recebeu o prêmio Lord Jakovits da Conferência dos Rabinos Europeus (CER) por sua luta contra o antissemitismo
O presidente francês, Emmanuel Macron, gerou polêmica ao receber no Palácio do Eliseu, sede da presidência, o início da festividade judaica do Hanukkah, apesar de a França ser um Estado laico.
Na noite de quinta-feira, Macron recebeu o prêmio Lord Jakovits da Conferência dos Rabinos Europeus (CER) por sua luta contra o antissemitismo. Devido à ocasião, o rabino-chefe da França, Haïm Korsia, acendeu a primeira vela do candelabro do Hanukkah no Eliseu.
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O vídeo do evento popularizou nas redes sociais e provocou, nesta sexta-feira (8), uma onda de críticas, incluindo por parte do Conselho Representativo das Instituições Judaicas da França (Crif), a mais importante organização da comunidade judaica francesa.
“Tradicionalmente, não é responsabilidade de uma autoridade pública acolher um festival religioso”, afirmou o presidente do Crif, Yonathan Arfi, que disse estar “surpreso” e considerando o ato um “erro”, em declarações à estação francesa Sud Radio.
Os diferentes partidos da oposição, da esquerda radical à extrema direita, criticaram a ação, assim como o deputado nacionalista Pierre Henriet, que pontuou que "rompeu com a neutralidade do Estado".
Durante uma visita nesta sexta-feira às obras de reforma da catedral de Notre-Dame em Paris, Macron rebateu as críticas. Ele disse que não participou da celebração e destacou que "laicismo não é eliminar as religiões".
Este princípio significa “pedir que, independentemente da religião, os cidadãos respeitem as leis”, acrescentou.
Um polêmico surgimento em um momento de aumento dos atos antissemitas na França, onde vive a maior comunidade judaica da Europa, desde o início da guerra entre Israel e o movimento islâmico palestino Hamas.
Nesta sexta-feira, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, justificou a celebração do Hanukkah no Eliseu como um "sinal" de "apoio" à comunidade judaica, diante do "aumento do antissemitismo".
A oposição questionou o propósito, especialmente quando o presidente rejeitou participar de uma grande manifestação contra o antissemitismo em 12 de novembro, ao destacar seu papel como defensor da “unidade” do país.
Macron já foi criticado, em setembro, por ter assistido à missa do papa Francisco em Marselha, no sudeste de França.