Macron vai a Beirute em dia que mortos por explosão chegam a 145
Ao chegar na cidade, o líder francês se posicionou como um articulador para organizar a cooperação internacional enviada ao país
O presidente da França, Emmanuel Macron, foi o primeiro chefe de Estado a visitar o Líbano, depois da grande explosão na terça-feira (4) que destruiu a capital, Beirute. Nesta quinta, o número de mortos subiu para ao menos 145 mortos e 5.000 feridos.
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Ao chegar na cidade, o líder francês se posicionou como um articulador para organizar a cooperação internacional enviada ao país, mas defendeu a necessidade de reformas políticas e econômicas no Líbano e pediu que o país reforce o combate à corrupção.
"A prioridade hoje é ajuda, apoio incondicional à população. Mas há reformas indispensáveis em certos setores que a França exige há meses, anos", disse Macron. "Se essas reformas não forem feitas, o Líbano continuará a afundar."
"Quero organizar a cooperação europeia e, mais amplamente, a cooperação internacional", acrescentou o francês.
Além da França, países como Alemanha, Rússia, Austrália, Qatar e Irã -rival histórico do Líbano- enviaram profissionais de saúde, hospitais de campanha e toneladas de suprimentos, além de equipes especializadas em busca e salvamento.
Dezenas de pessoas ainda estão desaparecidas em Beirute e as autoridades estimam que 300 mil estão desabrigadas.
A explosão destruiu mais da metade da capital libanesa, de acordo com o governador de Beirute, Marwan Abboud, que classificou a situação como "apocalíptica" e a comparou às explosões nucleares em Hiroshima, 75 anos atrás.
Equipes de busca continuam procurando vítimas e sobreviventes entre os escombros dos prédios e de outras construções devastadas pela explosão. O cenário é de luto, mas também de otimismo.
"Acreditamos que há boas chances de encontrar pessoas vivas", disse o coronel francês Vincent Teissier, que trabalha na busca de desaparecidos, ao presidente Macron nesta quinta-feira (6).
Entre os sobreviventes, familiares das vítimas e outros moradores da capital libanesa, os sentimentos variam entre o luto, a solidariedade e a indignação. Nas redes sociais, diversos usuários têm feito publicações para ajudar a localizar os desaparecidos e oferecer moradia aos milhares de desabrigados.
Muitas publicações, entretanto, culpam o governo libanês e o acusam de negligência. Nesta quarta-feira (5), o país determinou que autoridades do porto onde ocorreu a explosão sejam colocadas em prisão domiciliar.
O governo atribuiu a tragédia ao armazenamento incorreto de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, substância geralmente usada em fertilizantes e que tem alto poder explosivo.
A principal hipótese investigada é que essa carga estaria armazenada em um galpão junto ao porto havia mais de seis anos. O material teria chegado ao Líbano em setembro de 2013, segundo dados oficiais obtidos pela Al Jazeera.
"Eles vão usar alguém de bode expiatório para fugir da responsabilidade", disse Rabee Azar, um trabalhador da construção civil de 33 anos.
Uma voluntária que trabalha na limpeza de escombros questiona as ações das autoridades. "Se tivéssemos um Estado de verdade, eles estariam nas ruas desde ontem limpando", diz Melissa Fadlallah. "Onde estão?"
Outra voluntária, Tala Masri, enquanto ajudava a retirar a enorme quantidade de vidro quebrado nas ruas de Beirute, diz ter perdido a esperança no Líbano.
"Mesmo com o coronavírus e tudo o que aconteceu no país, eu sempre mantive a esperança. Mas agora acabou, não tenho mais."
Marcel Ghanem, jornalista que tem um programa de televisão de grande audiência no país, classificou os líderes políticos do Líbano como "corruptos, negligentes, destrutivos, imorais".
"Saiam todos! A covardia e a negligência de vocês foi o que matou as pessoas."
Em redes sociais, usuários subiram o tom contra o governo libanês e outras autoridades do país e têm compartilhado uma hashtag em árabe que pode ser traduzida como "prepare a forca".
"Parem as orações. Vocês sabem o que fazer", diz um usuário no Twitter que compartilhou a hashtag acompanhada de fotos de líderes políticos do país.