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Maduro e candidatos menores assinam acordo para respeitar eleições na Venezuela

Oposição criticou "imposição unilateral" do documento, sugerido inicialmente pela campanha do presidente venezuelano, que disputa um terceiro mandato

Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em discurso após a assinatura de acordo de respeito às eleições na sede do CNE  Foto: Federico PARRA / AFPPresidente venezuelano, Nicolás Maduro, em discurso após a assinatura de acordo de respeito às eleições na sede do CNE Foto: Federico PARRA / AFP - Foto: Federico Parra / AFP

O presidente venezuelano Nicolás Maduro, que busca a reeleição em 28 de julho, assinou nesta quinta-feira, juntamente com outros candidatos de menor relevância, um documento que assegura o respeito aos resultados das eleições. Principal nome da oposição, Edmundo González não assinou o acordo e criticou sua “imposição unilateral”.

O chefe do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, próximo ao chavismo, leu os termos do pacto, que inclui "a absoluta vontade de reconhecer os resultados emitidos pelo Poder Eleitoral" e "competir em um clima de respeito, paz e participação democrática".
 

Os signatários do documento também concordaram em reconhecer o CNE como única autoridade competente para supervisionar o processo eleitoral, exigir o respeito da comunidade internacional à soberania da Venezuela e rejeitar atos de violência e desestabilização.

Oito dos 10 candidatos inscritos concordaram com o documento: Luis Eduardo Martínez, Daniel Ceballos, Antonio Ecarri, Benjamín Rausseo, José Brito, Claudio Fermín, Javier Bertucci e Maduro, que foi o último a assiná-los. Todos os signatários, exceto o presidente, se definem como opositores ao governo, embora se distanciem da oposição tradicional — que os rotula como “colaboradores" do regime.

— Há aqueles que gostam de preparar as eleições para a violência e entoam fraude, com essa assinatura dizemos a eles "não à violência, não à fraude, você é obrigado como candidato a ir ao chamado do árbitro' — declarou Maduro após a assinatura, em um recado para os candidatos que não compareceram. — Qualquer que seja a decisão do árbitro eleitoral, amém. Chega de sabotagens contra nosso país, chega de conspirações. A Venezuela quer tranquilidade.

Amoroso aplaudiu o acordo "com candidatos que amam a República e o povo e hoje estão fazendo todo o possível para fortalecer a paz e a democracia".

O nome de González estava no documento, mas ele não compareceu à cerimônia. Enrique Márquez, ex-chefe do CNE, foi o outro candidato que também não esteve presente. Segundo Amoroso, González "não atendeu ao chamado da pátria".

— Não recebi nenhum convite para ir hoje ao CNE — afirmou mais cedo o opositor.

A proposta de um acordo no qual os candidatos presidenciais se comprometeriam a respeitar os resultados foi feita há uma semana pelo chefe da campanha de Maduro, Jorge Rodríguez, e apoiada pelo presidente em seu programa de TV na última segunda-feira.

Para González — que se tornou o candidato da Plataforma Unitária, principal coalizão de oposição, após a desqualificação da líder María Corina Machado e o veto a outros nomes —, o pacto deveria ser fruto de um diálogo maior entre as partes.

Em comunicado, ele denunciou que o texto foi "imposto unilateralmente" pelo CNE e destacou que o reconhecimento dos resultados já fazia parte do acordo assinado no ano passado entre o governo e a oposição em Barbados, com mediação da Noruega.

"É um sinal da parcialidade que caracteriza esta campanha desigual", afirmou o opositor na nota. "Revogar a observação internacional da União Europeia e aumentar a perseguição contra líderes e simpatizantes de nossa campanha violava precisamente o que foi acordado em Barbados."

Amoroso retirou o convite à UE há um mês, depois que o bloco ratificou sanções individuais contra líderes do chavismo.

Na semana passado, os líderes do G7 (EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Canadá e Itália, além de uma representação da UE) criticaram a exclusão do bloco dos observadores do pleito, demonstrando "profunda preocupação" com o respeito à oposição durante o processo eleitoral.

O documento assinado nesta quinta-feira também pedia o levantamento "absoluto" de todas as medidas punitivas contra a Venezuela.

A campanha eleitoral oficial começa em 4 de julho, embora Maduro e María Corina — figura central da mobilização opositora — estejam liderando comícios por todo o país há meses.

Os opositores denunciam perseguição, com 37 líderes detidos até o momento neste ano, enquanto o governo os acusa de tentar derrubar Maduro.

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