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"Mataram a minha filha por pouca coisa": Mãe busca pertences da filha professora carbonizada

Além de extorquir dinheiro da professora, suspeitos roubaram pertences da casa da vítima, incluindo um botijão de gás, roupa de cama, tapetes e canecas

A professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, foi morta; seu corpo foi encontrado carbonizadoA professora Vitória Romana Graça, de 26 anos, foi morta; seu corpo foi encontrado carbonizado - Foto: Reprodução/Facebook

Com o olhar triste e a voz calma, Maria Zélia, de 66 anos, foi até a 35ª DP, em Campo Grande, para buscar diversos objetos furtados da casa da filha Vitória Romana Graça, de 26 anos, encontrada carbonizada na última sexta-feira (11). Separados em uma caixa de papel e uma mala de viagem, ela olhou um por um, reconhecendo neles a história da sua única filha.

Além de roupa de cama, panelas e botijão de gás, eles também roubaram tapete, maquiagens, pratos e três canecas, que tinham o nome da professora escrito. Ao olhar para os itens, Maria Zélia não conteve a indignação: "Mataram ela por isso? Mataram minha filha por pouca coisa", lamentou emocionada.

Segundo o depoimento de Edson Alves Viana Junior, um dos suspeitos de participação no crime, o furto aconteceu enquanto ela era mantida amarrada com fitas adesivas a uma cadeira na casa da principal suspeita, Paula Custódio Vasconcelos. À polícia, ele disse que Paula foi até a casa da professora com o carro da própria vítima. A adolescente de 14 anos, filha de Paula com quem Vitória teve um relacionamento, teria ajudado em todo o processo.

Antes mesmo de Edson prestar depoimento, Maria Zélia já tinha dito à polícia que a filha foi roubada. Após a morte, ela esteve na casa da professora para ver o local. Sem chave, precisou pedir ajuda de um chaveiro para adentrar no imóvel. Ao chegar lá, tomou um susto:

"Sumiram com tudo. Ela tinha se mudado recententemente, tem duas semanas. E eu auxiliei a Vitória a arrumar tudo, eu sabia o que tinha lá. Levaram as panelas, as roupas, todas as coisas delas" contou.

Após as diligências da 35ª DP, parte dos objetos foram recuperados, inclusive o carro da vítima, que foi localizado na última quinta-feira. Mas ela ainda sentiu falta de alguns itens, principalmente das roupas da filha.

"Estou sentindo falta de algumas coisas, mas não faço questão. Eu queria ela, só isso. Não quero mais nada" declarou.

Durante todo o tempo que passou na delegacia, Maria Zélia repetiu algumas vezes não acreditar no que estava passando.

"Eu ficava preocupada que ia deixá-la sozinha, tinha certeza que ia morrer antes dela. E agora estou aqui, sem minha filha" lamentou a aposentada. Para ela, o horário mais difícil do dia é por volta de 18h, quando Vitória não volta para casa da mãe, onde ela dava aulas de reforço.

Apesar disso, ela diz que não tem dúvida de que a filha está em um lugar melhor, e fazendo o que ama: dando aulas no ceú.

Relembre o caso
Segundo o depoimento do irmão, Paula não aceitou o fato de a professora ter parado de ajudar financeiramente a ex-namorada, após o rompimento com a adolescente. E que Paula, mãe da adolescente, disse que queria levar mais alguma vantagem financeira.

Além de extorquir dinheiro da professora, os suspeitos ainda ligaram para a mãe da vítima e pediram mais dinheiro. Sem sucesso, decidiram matar Vitória. Segundo o suspeito, eles amarraram o pescoço dela com uma corda e puxaram durante 30 minutos. A ex-namorada observou a ação. Depois, com dúvidas se ela estava morta, abriram o olho da vítima e jogaram álcool.

Depois ela foi colocada numa mala e levada ao local em que seria queimada. Segundo Edson, a menor, ex-namorada de Vitória, observou tudo. Segundo Edson, ele próprio abriu um pouco a mala e despejou dois litros de gasolina dentro dela, ateando fogo logo depois. O suspeito contou ainda que ele, a irmã Paula Custódio Vasconcelos e a sobrinha e ex-namorada de Vitória, de 14 anos, só deixaram o local quando as chamas estavam altas.

Na manhã do dia 11, por volta das 7h15, a polícia foi acionada para uma ocorrência na Praça Damasco, em Senador Camará, na Zona Oeste. No chamado, já foi informado que se trataria de uma vítima carbonizada, até então sem identificação. O corpo foi encontrado pelas equipes por volta das 8h no local.

O laudo do Instituto Médico-Legal (IML) apontou que a professora ainda estava com vida quando teve seu corpo queimado. No exame foi apontada aspiração de fuligem. Ferragens e tecidos encontrados no local do crime levam a polícia a acreditar que a vítima estava numa mala quando os criminosos atearam fogo.

Sem saber da morte da filha, a mãe de Vitória foi à 35ª DP (Campo Grande) registrar o desaparecimento da professora.

Suspeitas presas
No mesmo dia, um vizinho da mãe da vítima auxiliava nas buscas pela professora em Senador Camará quando ouviu que duas moradoras foram expulsas por “sequestrar uma pessoa”. As informações foram contadas para agentes que participavam das buscas, quando passavam pelo local, por volta das 15h, em uma viatura. Mãe e filha foram encontradas às margens da Avenida Santa Cruz naquela tarde e levadas para a delegacia.

Lá, as duas prestaram depoimento e se tornaram as principais suspeitas pelos crimes de sequestro e assassinato. Paula — que já tinha um mandado em aberto por roubo qualificado — foi presa, e a filha dela, de 14 anos, apreendida. Dois dias depois, Paula teve a prisão em flagrante convertida em preventiva após audiência de custódia. À polícia, a adolescente disse não ter envolvimento com o crime.

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