Mãe e namorada são presas em flagrante por lesão corporal e morte de bebê de um ano
Criança foi levada para atendimento na UPA da Maré, na madrugada da última sexta-feira (12), e apresentava sinais no corpo anteriores às lesões de suposta queda
A Polícia Civil prendeu em flagrante, no último sábado (13), a mãe de uma bebê de 1 ano e a namorada dela por lesão corporal seguida de morte da criança. A menina chegou a ser levada para atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Maré, na Zona Norte do Rio, mas já estava morta.
Os médicos e a perícia identificaram diversas lesões, sendo parte delas incompatíveis com caso recente. Ainda durante o atendimento, a equipe suspeitou que o óbito teria acontecido por conta da queda da criança do sofá, versão relatada em depoimento por Daniele dos Santos Bernardes, que tomava conta da menina no momento e que mantem um relacionamento com Amanda Cristina Ferreira Santana, mãe da criança, há 11 meses.
Daniele e Amanda foram presas em flagrante no sábado e tiveram a prisão convertida em preventiva nesta segunda-feira (15). O caso foi registrado na 21ª DP (Bonsucesso), onde foram prestados os depoimentos das duas mulheres e de testemunhas.
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— A bebê estava sob os cuidados da companheira da mãe quando ela morreu. A madrasta tentando disfarçar, levou a criança para a UPA da Maré. Segundo ela contou aos médicos, a criança teria caído de um sofá. Entretanto os médicos acharam isso estranho, já que a criança estava há pelo menos uma hora morta. A mãe também deu essa versão que a criança estava no sofá. Pela idade dela, isso não seria fatídico, porque a criança não teria condições de subir com 1 ano no sofá — salienta a delegada assistente da 21ª DP Elaine Rosa,responsável pela prisão em flagrante.
Na sexta-feira (12), PMs foram até a comunidade Vila do João, no Complexo da Maré, devido à morte da criança, com suspeitas de ser por maus-tratos. Os policiais foram até a UPA da Maré, onde encontraram diversos moradores no local. Parentes de Daniele, segundo o documento da prisão em flagrante, "na tentativa de defendê-la, reclamavam do atendimento prestado pela equipe de saúde".
— Foi constatado pelos médicos da UPA e da perícia que a criança tinha sinais anteriores de espancamento. A mãe sabia que a criança era espancada, e ela era conveninte. Os moradores e pacientes da clínica ficaram indignados com a situação e chamaram a polícia. A facção criminosa permitiu que a polícia entrasse, sem haver troca de tiros. A família da companheira ainda tentou culpar a equipe por negligência médica, mas é mentira, pois ela já estava morta quando chegou — conta a delegada.
Segundo um dos médicos que fez o atendimento, a criança chegou à unidade em parada cardiorrespiratória, pupilas midriáticas e com a temperatura corporal bem fria, o que "indica que o óbito teria ocorrido em torno de uma hora antes da chegada da criança no hospital". Segundo os depoimentos, Daniele não teria buscado atendimento médico imediatamente para a bebê, "fazendo ela mesma manobras caseiras, o que foi determinante entre a vida e a morte da criança".
O laudo pericial atestou "hemorragia subaracnoide e subdural, contusão craniana e traumatismo encefálico por ação contundente e de cara incompatíveis com uma simples queda de um sofá de dois lugares, isto é, houve um algo a mais como uma possível chacoalhada que teria levado a criança a óbito".
Já Amanda, em depoimento, disse que não estava em casa e que a criança passava bem. No entanto, a perícia identificou lesões incompatíveis com a data da morte, o que aponta terem ocorrido anteriormente. Isso aponta que a mãe da criança foi "ao menos conivente com Daniele"
— Eu não sou mãe. Mas quando envolve uma situação com criança, ainda mais quando os pais estão envolvidos, é chocante. O estado precisa dar uma resposta. O estado precisa punir essas pessoas.