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INCLUSÃO

Mães atípicas trazem programa internacional de educação inclusiva para escolas municipais do Recife

Além dos profissionais norte-americanos, projeto terá apoio do núcleo de fonoaudiologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Grupo vai trazer informações sobre Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA)Grupo vai trazer informações sobre Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) - FOTO: Melissa Fernandes // Folha de Pernambuco

O desejo de proporcionar uma melhora no desenvolvimento sociocognitivo dos filhos foi a força motriz para o grupo de mães da Instituição Comunicatea trazer o programa Nika Project até as escolas municipais do Recife.

A iniciativa norte-americana de pesquisa e treinamento docente é voltada para a difusão do conhecimento acerca da Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) para pessoas com Necessidades Complexas de Comunicação (NCC).

O projeto atuará diretamente em duas escolas - ainda não divulgadas - que atendem mais de 60 crianças com necessidade de suporte educacional, entre os dias 17 a 27 de junho.

Além disso, promoverá palestras para troca de experiências e capacitação de professores de educação especial da rede municipal de ensino e de alunos da graduação e pós-graduação do Departamento de Fonoaudiologia e Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

As técnicas de comunicação alternativa integram um conjunto de atividades direcionadas à população com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e visam tornar mais efetiva a interação daqueles que possuem dificuldade em se expressar por meio da fala.

Para isso, são utilizados sistemas de interlocução que não dependem do esforço verbal vocal. Dessa forma, a troca comunicativa acontece por meio de imagens, símbolos, textos e outras intervenções adaptadas para pessoas com NCC.

Missão

Juntas, Ana Cláudia Neiva, Patricia Coutinho, Cândida Andrade, Tatiana Bley, Camila Marta e Renata Diniz transformaram em missão de vida o trabalho com a difusão de informações sobre a CAA no Brasil. O objetivo é reduzir as lacunas entre o conhecimento atualizado e as boas práticas da modalidade.

Para Renata, que articulou o contato entre o projeto americano e o Departamento de onoaudiologia da UFPE, o propósito do Comunicatea é fazer o bom uso das informações disponíveis sobre o assunto e repassar o conhecimento para quem não tem acesso.

Segundo ela, grande parte dos dados mais concretos que envolvem a prática estão concentrados em pesquisas fora do país.

"Somos um grupo de mulheres com nível alto de escolaridade e que compreendem outros idiomas, usamos desse privilégio para espalhar a conscientização e a capacitação profissional", explica.

O desejo de avançar no desenvolvimento do filho foi o que fez Renata sair do Brasil com a família e, eventualmente, conhecer Dan Phillips, presidente do Nika Project. 

"Dan coordenava o Centro de Tecnologia Assistiva no distrito escolar em que meu filho estudava, na Califórnia. Quando ele comentou comigo que o Nika Project trabalhava com a inclusão da CAA nos países em desenvolvimento, sugeri o Brasil", explica Renata. 

Ao lado do Nika Project, Renata reuniu um edital e divulgou a proposta para diversas instituições e universidades brasileiras. Entre os interessados, o Laboratório de Estudos em Linguagem e Aprendizagem (LIAP) do Departamento de Fonoaudiologia da UFPE foi o escolhido para trabalhar ao lado da equipe do Nika Project nas escolas municipais do Recife.

Difusão do conhecimento

Junto dos especialistas estrangeiros estarão Ana Montenegro, Bianca Arruda e Rafaella Asfora. As três, dentro do LIAP, serão responsáveis pelo intercâmbio de conhecimentos entre as equipes e a solidificação e difusão, em outras instituições de ensino, do trabalho construído pelo Nika na capacitação feita nas escolas.

Ana Montenegro, vice-coordenadora do LIAP - UFPEAna Montenegro, vice-coordenadora do LIAP - UFPE. FOTO: Paullo Allmeida  // Folha de Pernambuco.

A vice-coordenadora do Laboratório, Ana Montenegro, destaca a importância da continuidade do trabalho em inclusão comunicacional dentro das instituições.

"As escolas, geralmente, não estão preparadas para receber crianças que precisam desse auxílio. Trazer a acessibilidade comunicacional é mudar a vida de uma criança que vai conseguir se expressar e, a partir disso, melhorar sua relação dentro da sala de aula".

Rafaella Asfora ressalta que a CAA é muito mais do que uma ferramenta prática e que sua utilização provoca, até mesmo, o desenvolvimento emocional das crianças.

Rafaella Asfora, membro da LIAP - UFPERafaella Asfora, membro da LIAP - UFPE. FOTO: Melissa Fernandes  // Folha de Pernambuco.

"Imagine a criança não conseguir dizer que está com fome ou com dor. Com a comunicação com imagens, ela consegue expressar tudo isso. Se não existir essa comunicação, ela não interage com colegas, não desenvolve, não participa de atividades".

Asfora ainda esclarece que a integração junto com os professores da rede municipal também será útil para desmentir os mitos que cercam a CAA.

"Muitas pessoas, até profissionais da área, pensam que o uso dos sistemas com imagens pode prejudicar o desenvolvimento da fala. Isso é um mito, a partir do momento que tem acesso ao significado da imagem, a criança internaliza e potencializa esse sentido, favorecendo a fala", detalha.
 

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