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Despedida

Magdalena Arraes: conheça mais sobre a vida e a trajetória da "dama de Pernambuco"

Ao lado de Miguel Arraes, Magdalena presenciou de perto a história da política pernambucana e brasileira, em três governos diferentes

Magdalena Arraes foi primeira-dama de Pernambuco por três vezesMagdalena Arraes foi primeira-dama de Pernambuco por três vezes - Foto: Acervo Instituto Miguel Arraes/Cepe

Três vezes primeira-dama de Pernambuco, Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar foi a segunda esposa e viúva do ex-governador Miguel Arraes, falecido em agosto de 2005. Com ele, teve com dois filhos: Mariana e Pedro Arraes. 

Ana Arraes, uma das filhas, é ex-ministra do Tribunal de Contas da União e mãe do ex-governador Eduardo Campos (1965-2014), que considerava Magdalena como sua própria avó, assim como o filho dele, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), nutriam laços afetivos familiares com a ex-primeira-dama. 

“Quando Magdalena e Miguel casaram, ele já tinha oito filhos dos quais se tornou madrasta: Guel Arraes, Ana Arraes, Marcos de Alencar, José Almino, Carmem de Alencar, Luiz de Alencar, Maurício de Alencar e Carlos de Alencar. “Quando casou com Miguel Arraes, de fato criou todos os oito filhos dele como se fossem dela. Isso mostra quem era ela”, disse o prefeito João Campos, seu bisneto afetivo.

“Com muita serenidade, ela tinha o que se chama de força tranquila, ela nunca alterou a voz para ninguém, porque não precisava disso. Era a bondade que falava. Só tenho a agradecer a ela pelo que ela fez por nós. A saudade é muito grande”, disse Lula Arraes, filho do primeiro casamento de Miguel Arraes.

Elisa Arraes, neta de Magdalena, contou como foram os últimos dias com a avó. "Com isso de conviver, você vai se despedindo aos poucos da pessoa. Então, já faz um tempo que ela não falava enm andava mais, mas tinha uma presença muito forte. Na quarta-feira  - ela morreu da quarta para a quinta (11), ela já estava há alguns dias sem se comunicar mais da mesma forma. Mas na quarta-feira tivemos a opotunidade de passar o dia inteiro com ela. Eu tirei uma folga do trabalho e fiquei com ela. Teve um momento que ela acordou, me olhou no fundo dos olhos, levantou a sobrancelha e apertou a minha mão. Essa é a pultima lembrança que vou ter dela, mas a vida inteira é recheada de lembrança boa de vovó", relatou.

Vida pública e ação social
Ao lado de Miguel Arraes, Magdalena presenciou de perto a história da política pernambucana e brasileira, em três governos diferentes, atravessando o golpe de 1964, a Anistia de 1979 e a consolidação da Nova República, no começo da década de 1990.

Quando se tornou primeira-dama do estado, teve grande atuação nas Cruzadas de Ação Social, que prestava assistência nas áreas da agricultura familiar, dos trabalhadores e das cooperativas.

Em seu sermão durante o velório, o arcebispo de Olinda e Recife, Dom Paulo Jackson, destacou a atuação. “Este legado de compreensão das muitas coisas que estão acontecendo ao nosso redor. Companheira em todos os momento, no exílio e para além dele. Liderando o serviço aos pobres e processos e projetos sociais importantes ao longo dos anos. Que diante de Deus ela possa ser acolhida na infinita misericórdia do senhor”, falou.

“Magdalena Arraes, minha avó, deixa um legado para todas as mulheres. Ela sempre foi muito à frente do tempo dela. Com vinte e poucos anos, foi estudar na Europa, em uma época em que não passava isso pela cabeça das mulheres, estudar fora, morar fora do país”, destacou a deputada federal Marília Arraes.

Trajetória
Magdalena Arraes nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 14 de dezembro de 1928. Filha de João Baptista Menescal Fiúza e Luisa de Saboya Fiúza, sua família já tinha forte presença na política estadual e nacional. Quando Magdalena tinha oito anos, seu avô materno, João Thomé de Saboya e Silva, filho de um médico italiano, foi governador do Ceará e depois foi fixar-se no Rio de Janeiro, para exercer o mandato de Senador.

No Rio de Janeiro, Magdalena cursou letras na Universidade Católica Brasileira, com especialidade em grego, latim e português. Na capital fluminense, trabalhou como professora de latim. Foi numa viagem a Paris que conheceu Miguel Arraes, então prefeito do Recife. Magdalena foi a segunda esposa do ex-governador, que ficou viúvo de Célia de Souza Leão em 1961.

O protagonismo político e social de Magdalena Arraes foi retratado na biografia ‘Magdalena Arraes – A Dama da História’, escrita pelo jornalista Laílson de Holanda e pela historiadora Valda Colares. O livro, editado pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), detalha a vida de dona Magdalena durante os três governos e na vida política de Arraes, com destaque para o seu ativismo como militante estudantil e jovem independente.

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