Maior iceberg do mundo entra em rota de colisão com ilha remota britânica e ameaça pinguins e focas
Bloco de gelo duas vezes maior que São Paulo está a menos de 300 km de reduto da vida selvagem
Autoridades e cientistas do Reino Unido temem que a chegada do maior iceberg do mundo aos arredores de uma remota ilha britânica leve à morte dezenas de pinguins e focas. Com área duas vezes maior que São Paulo, o A23a avançou pelo Oceano Antártico nos últimos meses e, agora, entrou em rota de colisão com a Géorgia do Sul. Está a menos de 300 km desse reduto da vida selvagem.
Reportagem da BBC lembra que várias aves e focas morreram, no passado, na enseada de Geórgia do Sul porque enormes blocos de gelo se aproximaram e impediram que os animais se alimentassem. Foi o caso do A38, cujos fragmentos vedaram o acesso das espécies a áreas com comida, e vários filhotes morreram de inanição. O receio é que o A23a encalhe na região e se despedace, gerando um efeito semelhante.
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— Icebergs são inerentemente perigosos. Eu ficaria extraordinariamente feliz se ele simplesmente nos errasse [de localização] — disse à BBC o capitão do mar Simon Wallace, do navio Pharos, ligado ao governo da Geórgia do Sul.
Pesquisadores acompanham os movimentos do A23a via imagens de satélite. O bloco de gelo se desprendeu da Plataforma Filchner em agosto de 1986, mas ficou encalhado na costa. Devido à sua profundidade, a base ficou presa no fundo do Mar de Weddell, onde permaneceu imóvel, até recentemente.
Em 2020, começou a se deslocar para o norte, mas, desde a primavera deste ano, ficou girando no mesmo ponto ao ser capturado por um vórtice de água próximo às Ilhas Órcades do Sul. Em dezembro passado, porém, o British Antarctic Survey (BAS) informou que o iceberg passou a avançar em direção ao norte.
Rumo ao norte, o A23a tem encontrado águas mais quentes, que têm derretido parte de sua estrutura. O maior icerberg do mundo já mediu 3.900 km², mas, segundo a BBC, tem hoje cerca de 3.500 km², segundo as mais recentes imagens de satélite.
A possível chegada do bloco à ilha poderá perturbar os padrões de alimentação da vida selvagem, incluindo milhões de focas, pinguins e aves marinhas.
Por outro lado, os icebergs também desempenham um papel vital ao meio ambiente. À medida que eles derretem, liberam partículas minerais que servem de nutrientes para microrganismos oceânicos.