Chile

Mais de 100 intoxicados em área conhecida como "Chernobyl chilena"

As autoridades locais declararam emergência ambiental na região, suspenderam as aulas e proibiram atividades físicas e fontes de calefação

Imagem aérea de Puchuncaví, onde há quatro usinas termelétricas a carvão e refinarias de petróleo e cobreImagem aérea de Puchuncaví, onde há quatro usinas termelétricas a carvão e refinarias de petróleo e cobre - Foto: Pablo Cozzaglio / AFP

Ao menos 105 pessoas foram foram intoxicadas desde segunda-feira (6) pela contaminação industrial nas nas cidades chilenas de Quintero e Puchuncaví, uma região conhecida como "Chernobyl chilena" e que há décadas é afetada por uma crise ambiental provocada pela indústria pesada.

Em comunicado, a Superintendência do Ambiente (SMA) confirmou na quarta-feira (8) "um novo episódio que afeta a saúde da comunidade desta zona, com o registro de 105 pessoas atendidas no Hospital de Quintero, no Atendimento Primária de Saúde (APS) de Quintero e no APS de Puchuncaví".

Na segunda-feira, 75 pessoas, incluindo pelo menos 50 estudantes, foram intoxicadas por uma elevada concentração de dióxido de enxofre (SO2) de 1.327 ug/m3 registrada na Estação de Qualidade do Ar de Quintero, cinco vezes superior à norma.

Quintero e Puchuncaví, duas cidades costeiras que somam quase 50 mil habitantes, foram consideradas "zonas de sacrifício ambiental" desde que o governo chileno decidiu em 1958 relegar a pesca artesanal e a agricultura para converter a região em um polo industrial que hoje abriga quatro usinas termelétricas a carvão e refinarias de petróleo e cobre.

O Ministério Público de Quintero abriu uma investigação após uma denúncia que citou a intoxicação em larga escala de adultos e crianças.

"Uma ordem de investigação foi enviada à Bidema (Brigada de Investigação de Crimes Contra a Saúde Pública e o Meio Ambiente), com um prazo de 30 dias para um relatório", disse Luis Ventura, procurador-geral de Quintero.

As autoridades locais declararam emergência ambiental na região, suspenderam as aulas e proibiram atividades físicas e fontes de calefação. 

De acordo com os relatórios médicos, os pacientes apresentaram dor de cabeça, coceira nos olhos e na garganta, além de náuseas.

A organização ambientalista Greenpeace descreveu esta área como a "Chernobyl chilena" depois que em 2018, devido a um grave episódio de contaminação, quase 600 pessoas de Quinteros e Puchuncaví compareceram a centros médicos com um quadro clínico atípico, como vômitos de sangue, dores de cabeça, náuseas, paralisia dos membros, assim como ferimentos na pele das crianças.

O superintendente do Meio Ambiente, Emanuel Ibarra, ordenou na quarta-feira que seis empresas que operam no parque industrial da região adotem medidas "limitar sua atividade produtiva, sem prejudicar o abastecimento básico". 

"As novas medidas que estamos ordenando são baseadas na verificação de que os episódios de intoxicação de hoje estão relacionados com a emissão de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) no cinturão industrial de Quintero e Puchuncaví", explicou.

As empresas afetadas são a Usina Gasmar Quintero, o Terminal de Asfaltos e Combustíveis Enex, o Terminal Marítimo de Quintero da Copec - principal empresa de combustíveis do Chile -, o Terminal Marítimo da Empresa Nacional de Petróleo (ENAP), o Terminal Marítimo GNL Quintero e o Terminal Marítimo Oxiquim.

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