Mais de 14 mi estão com a segunda dose atrasada no Brasil, o dobro de setembro
O problema foi observado nas três vacinas para as quais são necessárias duas doses: CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer
Levantamento da Fiocruz Bahia publicado nesta quinta-feira mostra que mais de 14 milhões de pessoas estão com mais de 15 dias de atraso para a segunda dose da vacina contra Covid-19 no Brasil. O número é o dobro do observado em 15 de setembro, quando foram registrados cerca de 7 milhões de atrasados.
O aumento no número de pessoas com a segunda dose atrasada é preocupante, segundo os pesquisadores do segundo Boletim VigiVac, porque “a proteção efetiva ocorre apenas com a vacinação completa”.
“É fundamental adotar estratégias para aumentar a adesão ao esquema vacinal completo, uma vez que os estudos sobre efetividade de vacinação têm demonstrado que a proteção contra infecção, hospitalização e morte é significativamente maior no grupo com esquema vacinal completo quando comparado com o grupo com apenas uma dose da vacina. Também foi mostrado que a proteção contra as novas variantes do Sars-CoV-2 é mais efetiva somente após duas doses da vacina”, afirmam os cientistas.
O problema foi observado nas três vacinas para as quais são necessárias duas doses: CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer. Até 25 de outubro, para a AstraZeneca a quantidade de indivíduos em atraso era de 6,7milhões; Coronavac, 4,8 milhões; e na Pfizer, 2.5 milhões.
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Os pesquisadores observam que esse resultado pode ser justificado por alguns fatores: demora para registro e envio dos dados para a base do Ministério da Saúde, esgotamento e sobrecarga das equipes de gestão, vigilância e atenção à saúde, disseminação de notícias falsas sobre a imunização, falta de estoque de reserva de imunizantes e mortalidade, dentre outros.
“É necessária uma análise cuidadosa, por parte dos gestores locais de saúde, para identificar localmente as mais prováveis causas do atraso. Este diagnóstico será útil para orientar as ações de estímulo à população para completar o esquema vacinal”, alertam os cientistas.
Cerca de 50% dos atrasos são superiores a 30 dias e por volta de 14% são maiores que 90 dias da data prevista. Para as análises, foram levados em conta apenas os atrasos com mais de 15 dias após a data esperada, por considerar o tempo de entrada dos dados na Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS); pelo entendimento de que um tempo curto de atraso pode ocorrer por motivos de agendamento e disponibilidade das pessoas para se vacinarem; e pelo risco individual não ser elevado em um intervalo relativamente curto de atraso.