Mais de 150 feridos em distúrbios na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém
Um total de "153 palestinos feridos foram transferidos" para hospitais de Jerusalém e "dezenas" foram tratados no local
Mais de 150 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira (15) em confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, os primeiros distúrbios no início do mês do Ramadã, que levantam temores de um novo surto de violência nos Territórios Palestinos.
Um total de "153 palestinos feridos foram transferidos" para hospitais de Jerusalém e "dezenas" foram tratados no local, disse à AFP um funcionário do Crescente Vermelho palestino.
Por sua vez, a polícia israelense relatou três feridos entre suas tropas.
Segundo uma ONG de defesa dos prisioneiros palestinos, cerca de 400 pessoas foram presas.
Os distúrbios começaram nesta sexta-feira, quando vários palestinos atiraram pedras e as forças de segurança israelenses responderam com balas de borracha e bombas de efeito moral contra os manifestantes.
Por volta das 04h00 da manhã, "dezenas de jovens desordeiros encapuzados", alguns acenando com a bandeira do movimento islâmico palestino Hamas, "começaram uma procissão" pela Esplanada das Mesquitas e atiraram pedras contra o Muro das Lamentações, disse a polícia israelense.
Omar Al Kiswani, diretor da Mesquita Al Aqsa, localizada na Esplanada, relatou um segundo incidente pela manhã envolvendo uma intervenção da polícia israelense no próprio local de culto.
"A ocupação (o nome dado a Israel pelos palestinos) sabe que a mesquita de Al Aqsa é uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada", disse à AFP.
Esses confrontos na Esplanada são os primeiros a serem registrados este ano durante o mês do Ramadã, um período de jejum e oração em que os palestinos muçulmanos rezam na Mesquita de Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado para o Islã.
"Não há lugar para invasores e ocupantes em nossa sagrada Jerusalém", reagiu o chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, nesta sexta-feira.
O Hamas, que controla Gaza, viu suas capacidades militares reduzidas nos confrontos de 2021 e buscaria manter o conflito ativo na Cisjordânia e em Jerusalém, mas não na Faixa, estimam analistas.
"O confronto será mais difícil" para as forças israelenses "se não acabarem com a agressão contra nosso povo", disse a Jihad Islâmica, outro movimento palestino, em comunicado nesta sexta-feira.
A União Europeia, os Estados Unidos e a Liga Árabe também expressaram sua preocupação, e o mediador da ONU para o Leste, Tor Wennesland, pediu uma "diminuição imediata" para "evitar novas provocações dos radicais".
A França, por sua vez, pediu "máxima moderação", enquanto o Catar, que já foi mediador entre Israel e palestinos no passado, expressou sua "forte condenação" ao "ataque aos fiéis" muçulmanos.
"Não temos interesse em que o Monte do Templo se torne um centro de violência. Isso prejudicaria tanto os muçulmanos de lá quanto os judeus no Muro das Lamentações", disse o ministro da Segurança Pública israelense, Omer Bar-Lev, membro da coalizão mista do primeiro-ministro Naftali Bennet.
Bennett perdeu a maioria no Parlamento na semana passada após a saída surpresa de um parlamentar de direita.
Uma ação policial muito dura pode enfraquecer o apoio de deputados árabes à coalizão, enquanto atos de violência de palestinos ou árabes israelenses podem encorajar novas saídas de deputados de direita, segundo a imprensa local.
Esses confrontos no coração de Jerusalém, que coincidem este ano com o início da Páscoa católica e da Páscoa judaica, Pessach, ocorrem após semanas de tensão em Israel e na Cisjordânia, território ocupado desde 1967 por Israel.
Desde 22 de março, Israel sofreu quatro ataques que deixaram 14 mortos.