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Mais de 200 deputados franceses pedem veto ao acordo UE-Mercosul

As negociações com os países do Mercosul - Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia - foram retomadas nos últimos meses sob o impulso de países europeus

Bandeira do MercosulBandeira do Mercosul - Foto: Jane de Araújo / Câmara dos Deputados

Mais de 200 deputados franceses, de esquerda e de direita, pediram, nesta segunda-feira (4), ao governo que bloqueie a conclusão do esperado acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e os países do Mercosul, que consideram "trair" a ambição europeia.

"O acordo, negociado pela Comissão Europeia, trai duas vezes o que deve ser a União Europeia. Trai a ambição de elevar os padrões ambientais, sociais e de saúde. Também trai nosso compromisso com a soberania alimentar do nosso continente", escreveram 209 deputados de vários grupos do espectro político francês.

"Nós nos recusamos a abrir os mercados europeus para frango dopado com antibióticos, carne de bovino criada em um contexto de desmatamento, milho tratado com atrazina...", declararam, rejeitando "um acordo cujo conteúdo, negociado desde 1999, continua sem fornecer compromissos sólidos em termos ambientais, sociais e de saúde".

Para eles, "num momento em que a França perdeu 100.000 explorações agrícolas em dez anos, correndo o risco de perder o mesmo número na próxima década, e quando 75% do desmatamento no Brasil está ligado à pecuária bovina, este acordo equivaleria a sacrificar nossos valores profundos por interesses comerciais e geopolíticos de curto prazo, por uma corrida por influência e novos mercados".

"O presidente da República comprometeu-se com os agricultores e organizações ambientais, unidos nesta luta", enfatizaram. "Nós, deputados de todas as bancadas, pedimos ao governo que bloqueie a conclusão do acordo (...), e à Comissão Europeia que respeite este veto francês".

As negociações com os países do Mercosul - Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia - foram retomadas nos últimos meses sob o impulso de países europeus, entre eles Espanha e Alemanha.

A possibilidade de uma conclusão enfurece os sindicatos agrários franceses, que anunciam uma mobilização para meados de novembro.

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