Mais de 200 mil franceses participam da quarta semana de protestos contra medidas anticovid
As passeatas acontecem dois dias após a entrada em vigor de grande parte das restrições
Leia também
• Bolsonaro diz que só toma vacina aceita na Europa e nos EUA e exclui modelo 'lá de São Paulo'
• Europa e EUA registram forte avanço de casos de Covid-19
• Delta já é dominante na Europa e deve predominar no mundo, diz OMS
Pelo quarto fim de semana consecutivo, opositores das medidas de controle da covid-19 na França manifestaram-se em dezenas de cidades do país. Cerca de 240 mil manifestantes participaram das marchas convocadas em mais de 150 cidades, incluindo 17 mil em Paris, de acordo com a contagem do Ministério do Interior, um número que ultrapassa os 204 mil do sábado anterior e é significativamente alto para meados do verão. As passeatas acontecem dois dias após a entrada em vigor de grande parte das restrições e coincidem com uma nova mensagem do presidente Emmanuel Macron, incentivando a vacinação.
A partir de segunda-feira, será necessário apresentar certificado de vacinação, teste PCR negativo ou atestado de recuperação da doença para ter acesso a cafés e restaurantes, salas de espetáculo e feiras profissionais, ou para fazer uma viagem longa de avião, trem ou ônibus. O presidente propôs essas medidas visando acelerar a campanha de vacinação, que neste sábado alcançava 44 milhões de pessoas (quase 66% da população) com pelo menos uma dose.
Mas, embora a epidemia esteja voltando a se espalhar, muitos franceses veem essas medidas como um ataque às liberdades civis. “Macron, não quero teu passe” ou “Macron, não queremos nem te ver” foram alguns dos gritos ouvidos em Paris, onde o protesto contou com a presença de "coletes amarelos". “O problema do passe sanitário é que nos está sendo imposto”, lamentou Alexandre Fourez, um profissional de marketing de 34 anos.
Na região de Provença-Alpes-Costa Azul, na costa mediterrânea, pelo menos 37 mil pessoas se manifestaram em cidades como Toulon, Nice e Marselha. Nesta última, a educadora aposentada Geneviève Zamponi descreveu o passe como "humilhante e discriminatório", apesar de ser favorável à vacinação. A maioria das manifestações foi pacífica, mas em Lyon sete participantes foram detidos por lançarem projéteis. No total, o Ministério do Interior deu conta de 35 detidos e sete agentes feridos.
Em cidades da Itália houve protestos contra a introdução de um certificado de saúde semelhante ao francês. Mais de mil pessoas se concentraram na Piazza del Popolo de Roma e em Milão. O documento é obrigatório desde ontem para entrar em cinemas, museus e restaurantes. Funcionários de escolas e universidades, bem como os universitários, também terão que apresentar o certificado, que será necessário para embarcar em voos domésticos e trens de longa distância a partir do mês que vem.