conflito

Mais de 270 mortos no Líbano após intensos bombardeios israelenses

Cerca de 5.000 pessoas ficaram feridas "em menos de uma semana" de ataques

 Fumaça sai de um local alvo de bombardeio israelense na vila de Zaita, no sul do Líbano Fumaça sai de um local alvo de bombardeio israelense na vila de Zaita, no sul do Líbano - Foto: Mahmoud Zayyat / AFP

Israel anunciou que atingiu nesta segunda-feira (23) mais de 300 alvos do movimento islamista Hezbollah no Líbano, bombardeios que deixaram 274 mortos, entre eles 21 crianças, apesar dos apelos da comunidade internacional à moderação.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, denunciou um "plano de destruição" lançado por Israel contra o seu país e apelou à ONU e aos "países influentes" para "dissuadirem" o governo israelense desta "agressão".

Os bombardeios israelenses deixaram "274 [mortos], incluindo 21 crianças e 39 mulheres - é o que sabemos até agora", disse o ministro da Saúde, Firass Abiad em uma entrevista coletiva, acrescentando que "milhares de famílias das áreas-alvo foram deslocadas".

Cerca de 5.000 pessoas ficaram feridas "em menos de uma semana" de ataques israelenses, disse ele, depois que pagers e walkie-talkies do Hezbollah explodiram e após um ataque israelense aos subúrbios ao sul de Beirute.

Em pânico, centenas de libaneses fugiram das áreas bombardeadas, disse uma autoridade local. Nos arredores de Sidon, uma grande cidade do sul do país, grandes engarrafamentos se formaram devido a centenas de carros cheios de famílias que tentavam deixar a área, observaram fotógrafos da AFP.

Segundo o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com os seus bombardeios, Israel inverte "a relação de forças" no norte do país, e explicou que a sua política "não é esperar pelas ameaças, mas antecipá-las".

Esta onda de ataques israelenses contra alvos do movimento pró-iraniano Hezbollah no sul e no leste do Líbano é a maior desde o início da guerra.

O Exército israelense indicou em comunicado que "desde a manhã" atingiu "aproximadamente 800 alvos do Hezbollah no sul do Líbano e na área de Beca".

A agência de notícias libanesa ANI relatou bombardeios na "cordilheira Antilíbano", uma cordilheira no Vale do Beca.

Horas antes, o Exército israelense havia pedido aos habitantes da área de Beca e do sul do país que se afastassem das posições do movimento islamista.

O Hezbollah anunciou que lançou "dezenas de foguetes" contra duas bases israelenses "em resposta aos ataques do inimigo israelense no sul e no [Vale de] Beca", depois de ter alvejado três outros alvos israelenses pela manhã.

"Vivendo sob bombardeios" 
"Vivemos sob bombardeios, vamos dormir e acordamos com eles", disse Wafaa Ismail, uma dona de casa de 60 anos, à AFP na aldeia de Zautar, no sul do Líbano.

Segundo a agência oficial ANI, "habitantes de Beirute e de várias regiões" receberam telefonemas de Israel pedindo-lhes que se retirassem.

As autoridades libanesas ordenaram o fechamento de escolas nas áreas atingidas pelos bombardeios na segunda e terça-feira.

O Hezbollah, um influente ator político e militar no Líbano, abriu uma frente de batalha na fronteira com Israel há quase um ano, após o início da guerra na Faixa de Gaza, em apoio a seu aliado islamista Hamas, que governa o território palestino.

Os ataques de artilharia aumentaram desde as explosões de pagers e walkie-talkies utilizados por membros do Hezbollah, atribuídas a Israel, na semana passada, que deixaram 39 mortos e quase três mil feridos em redutos da milícia no Líbano, segundo as autoridades.

O Irã, aliado do Hezbollah, alertou Israel nesta segunda-feira sobre "as consequências perigosas" que os seus ataques no Líbano terão, e o movimento islamista palestino Hamas denunciou uma "agressão selvagem".

"À beira da catástrofe" 
Diante do agravamento do cenário, o governo dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, recomendou que seus cidadãos abandonem o Líbano.

"Faremos todo o possível para impedir a explosão de uma guerra mais ampla", disse o presidente Joe Biden.

A China aconselhou seus cidadãos a deixarem Israel "o mais rápido possível".

"A região está à beira de uma catástrofe iminente", disse a coordenadora especial das Nações Unidas para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert.

A Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (Finul) alertou que "qualquer escalada desta situação perigosa poderia ter consequências devastadoras e de longo alcance".

O Egito afirmou que teme uma "guerra total" no Oriente Médio e alertou que a escalada entre Israel e Hezbollah pode minar os esforços para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, onde o Exército israelense prossegue com a ofensiva devastadora de represália.

A guerra na Faixa de Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque do movimento islamista Hamas em Israel, no qual morreram 1.205 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses.

Dos 251 sequestrados durante a incursão islamista, 97 ainda continuam em cativeiro em Gaza, embora 33 deles tenham sido declarados mortos pelo Exército israelense.

A ofensiva israelense matou pelo menos 41.455 palestinos, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, que a ONU considera confiáveis.

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