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Internacional

Mais de 300 mortos nas piores inundações na África do Sul em décadas

Fortes chuvas tomaram a cidade sul-africana de Durban nos últimos dias

Presidente Cyril Ramaphosa, em DurbanPresidente Cyril Ramaphosa, em Durban - Foto: Phill Magokoe / AFP

Os habitantes da cidade sul-africana de Durban começaram a procurar seus pertences nas casas destruídas e limpar as ruas cheias de escombros, após inundações históricas.

O balanço subiu para 306 mortos, anunciaram as autoridades locais nesta quarta-feira. 

"Nossos necrotérios estão sob pressão, mas estamos lidando com isso. Ontem à noite, recebemos 253 corpos em dois necrotérios separados" em Durban, a maior cidade de Kwazulu-Natal, disse em entrevista à televisão Nomagugu Simelane-Zulu, representante do departamento de saúde da província.

"Nosso povo está ferido. É uma catástrofe de proporções enormes", declarou o presidente Cyril Ramaphosa, em Durban.

As chuvas mais intensas em mais de 60 anos obrigaram o maior porto da África subsaariana a interromper suas operações, já que a principal estrada de acesso sofreu grandes danos.

Os contêineres foram transformados em montanhas de metal. 

A Igreja Metodista Unida no município de Clermont foi reduzida a escombros. Quatro crianças de uma família do bairro morreram quando um muro desabou sobre elas. 

Outras casas pendiam precariamente da encosta, milagrosamente intactas depois que grande parte do solo foi arrastada por deslizamentos de terra.

"Vemos como essas tragédias atingem outros países, como Moçambique ou Zimbábue, mas agora somos nós os afetados", disse Ramaphosa, que se encontrou com famílias perto das ruínas da igreja.

Os países vizinhos da África do Sul sofrem desastres naturais de tempestades tropicais quase todos os anos, mas este país está protegido das tempestades no oceano Índico. 

Essas chuvas não eram tropicais, foram causadas por um fenômeno meteorológico que trouxe chuva e frio para grande parte do país. Quando as tempestades atingiram o clima mais quente e úmido da província de KwaZulu-Natal (KZN), onde fica Durban, choveu ainda mais. 

450 mm em 48 horas
"Algumas partes do KZN receberam mais de 450 mm [de chuva] nas últimas 48 horas", disse Tawana Dipuo, do serviço meteorológico nacional, quase metade dos 1.009 mm de chuva anual de Durban.

"Hoje ainda está chovendo em algumas partes da província, mas à tarde vai clarear", disse Dipuo.

Durban mal começou a se recuperar dos distúrbios mortais de julho de 2021, que deixaram mais de 350 mortos.

Pelos menos 140 escolas foram afetadas pelas inundações, segundo autoridades locais. O restante voltou a abrir suas portas nesta quarta-feira, mas havia menos alunos. Um professor de uma escola de ensino fundamental no subúrbio de Inanda, em Durban, disse que apenas dois dos 48 estudantes foram à aula.

O governo provincial afirmou que a catástrofe "causou um caos incalculável e provocou grandes danos em vidas e infraestruturas".

A polícia nacional mobilizou 300 agentes adicionais na região, enquanto a força aérea enviava aviões para ajudar nas operações de resgate.

As chuvas torrenciais inundaram várias áreas, destruindo casas e destruindo infraestrutura em toda a cidade, enquanto deslizamentos de terra forçaram a suspensão dos serviços ferroviários. 

As chuvas alagaram as ruas, onde apenas o topo dos semáforos era visível. As torrentes também destruíram várias pontes, levaram carros e derrubaram casas. Além disso, um caminhão-tanque de combustível flutuava no mar após ser arrastado para fora da estrada. 

Mais de 2.000 casas e 4.000 moradias "informais", ou barracos, foram danificadas.

As regiões do sul da África do Sul, o país mais industrializado do continente, sofrem as consequências da mudança climática, com chuvas torrenciais e inundações recorrentes e cada vez mais intensas. Em abril de 2019, as enchentes deixaram cerca de 70 mortos.

"Sabemos que a mudança climática está piorando, passamos de tempestades extremas em 2017 para o que supostamente foram inundações recordes em 2019, mas 2022 claramente o superou", disse a professora de estudos de desenvolvimento da Universidade de Joanesburgo, Mary Galvin. 

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